26 setembro 2014

«O fim do mundo» - João

"O mundo havia começado a acabar há alguns meses. O fim tinha começado com a perda do juízo das gentes, mas logo depois vieram as pragas, as epidemias, a falta do que comer e a revolta das águas. Pelo mundo fora, os vulcões dormentes tinham descoberto nova vida, a terra abanava-se e atirava tudo para toda a parte, abriam-se brechas no solo e as gentes viviam, quase todas pela primeira vez na vida, o mais absoluto pavor. O mundo havia começado a acabar quase sem aviso, e perdera-se muita gente de si mesma e dos outros, surgiram na pele os sinais da auto-preservação, cada um por si, poucos por todos, talvez nenhuns. As distâncias faziam-se imensas, já não se voava, dificilmente se fazia estrada, as mangueiras estavam ressequidas e os tolos que ainda tinham algum combustível procuravam vendê-lo por valores obscenos, como se houvesse ainda alguma coisa, como se lhes valesse ainda de algo, ter dinheiro no bolso. Como se não fossem morrer como todos os outros, na mesma data, ou quase. Quando o brilho no céu começou a ser evidente, o fim estava próximo, e ele abandonou a sua casa já muito danificada com uma mochila às costas, com alguma água e poucos víveres, e fez-se ao caminho. O que teriam sido poucos minutos num dia qualquer das suas vidas, agora eram horas e dias a caminhar, a fazer percursos longos, rendilhados, contornando bolsas de conflito, obstáculos intransponíveis, terras pestilentas. Seguia animado da sua memória, da sua face, da sua voz que lembrava bem, e apavorado, cheio de medo, que ao chegar lá, ela não existisse mais. Ou que tivesse partido para lugar incerto. Que se tivesse esquecido da face dele, da voz dele, das suas mãos. Pés doridos, pernas cansadas, o corpo a desfalecer, mas deu por si à porta dela. Era agora. O mundo havia começado a acabar há alguns meses, mas o mundo dele podia perfeitamente acabar logo ali, à distância de uma porta fechada.
Ouviu ranger no interior, e não precisou sequer bater-lhe. A porta abriu-se, devagarinho, e no meio de tanta morte a vida era a cara dela, que sorria e chorava ao mesmo tempo, pesadíssimas lágrimas tombando dos olhos ao vê-lo, e ele a cair-lhe aos pés, e ela a baixar-se, a ajoelhar-se ao lado dele, a tocar-lhe o rosto, a agarrá-lo, puxando-o para si, abraçando-se como quem se agarra à vida perante morte anunciada, e ele disse que tinham de ir embora, amor, que tinham de procurar refúgio, que o céu já brilhava, o fim vinha aí, estava próximo, que agarrasse as coisas dela, as que fossem essenciais, e que fossem os dois embora, depressa, que não sabia onde chegariam a pé, mas ali era perigoso ficar. E ela finalmente calma, de rosto tranquilo, e ele a insistir, “tens tudo o que precisas querida?”. Segurando-lhe o rosto entre as mãos, respondeu-lhe, “nunca ninguém tem tudo, meu amor, mas tenho-te a ti”."

João
Geografia das Curvas

Edu, você não se cansa?



Dançando sem César

25 setembro 2014

Queer Lisboa 18 - ainda a tempo...

Queer Lisboa 18 - Festival Internacional de Cinema Queer

19 a 27 Set. 2014

«O ninho 2» - Bernard Perroud



Bernard Perroud

Lote de 19 selos

Selos do Rwanda, Checoslováquia, S. Tomé e Príncipe, Roménia, Costa de Marfim, França, Dinamarca, República de San Marino,…
Juntam-se, a partir de agora, aos outros selos que já faziam parte da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)







Postalinho da Mealhada

"Quem passa pela Mealhada vindo da estrada do Luso, depara-se com um objecto muito interessante que se destaca imponente na linha do horizonte...


... e, visto de perto, é ainda mais imponente!"
Paulo M.


24 setembro 2014

Doentes com cancro imitam o video musical «Call on me» de Eric Prydz

Acabadinha de receber. Verdadeiro serviço público, ou púbico, ou assim...

Sexo Com Cultura É Outra Coisa...

Você sabia, que antigamente, na Inglaterra, as pessoas que não fossem da família real tinham que pedir autorização ao Rei para terem relações sexuais?
Por exemplo: quando as pessoas queriam ter filhos, tinham que pedir consentimento ao Rei, que, então, ao permitir o coito, mandava entregar-lhes uma placa que deveria ser pendurada na porta de casa com a frase ' Fornication Under Consent of the king'
(fornicação sob consentimento do rei)
= sigla F.U.C.K., daí a origem da palavra chula FUCK.

Já em Portugal, devido à baixa taxa de natalidade, as pessoas eram obrigadas a ter relações:
«Fornicação Obrigatória por Despacho Administrativo»
= sigla F.O.D.A., daí a origem da palavra FODA..

Por sua vez, quem fosse solteiro ou viúvo, tinha que ter na porta a frase:
«Processo Unilateral de Normalização Hormonal por Estimulação Temporária Auto-induzida»
 = sigla P.U.N.H.E.T.A.

Vivendo e aprendendo... A malta pode até dizer palavrões, mas com conhecimento e cultura é outra coisa! 

«conversa 2105» - bagaço amarelo

Ela - Tu assumes demasiado facilmente que tens uma namorada.
Eu - Demasiado facilmente?!
Ela - Sim. Eu perguntei-te se tinhas namorada e disseste logo que sim.
Eu - Querias que eu dissesse o quê?!
Ela - Não queria que dissesses nada, mas a maior parte dos homens, quando diz que tem, diz também que está numa fase má e que a coisa deve estar para acabar.
Eu - Eu não estou para acabar...
Ela - Mas se o disseres sempre abres a porta a um caso extraconjugal.
Eu - Ah! Por um lado não quero abrir essa porta, por outro não acredito que as mulheres sejam parvas ao ponto de irem nessa conversa da relação que está muito mal e prestes a acabar.
Ela - É claro que não são parvas a esse ponto, mas às vezes fingem que sim...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Eva portuguesa - «Já te disse?...»

Um dia decido e obrigo-te à minha presença.... Talvez assim consigas entender que por mais que o sol brilhe, sem ti nada tem brilho. Já te disse que na sombra da tua presença encontrei o mais belo dos sóis?
Ontem passei à porta daquele sítio onde nos conhecemos - sabes de qual falo, não sabes? Aquele em que esperava por ti à porta, ansiosa, semi-vestida? Só mesmo um ser superior me poderia deixar assim, rendida à beleza deste sentimento... Nada é assim tão forte nem tão belo se não tiver ajuda divina. Tão intenso que deve ser pecado... Esperei-te nesse mesmo sítio durante semanas mas tu não voltaste... E agora tudo está diferente... O bar lá por baixo parece vazio, abandonado.O jardim foi tomado pela vegetação que cresce sem regras nem cuidado. Assim como eu... Tenho cá para mim que essas ervas altas tapam as lágrimas que lá deitei por ti... Já te disse que cada lágrima solta secou um pouco o meu coração?
Hoje fui tomar café àquela esplanada onde partilhámos tantos segredos,onde trocámos risos e promessas, onde vimos o pôr do sol. Aquele sol que costumava brilhar no profundo dos teus olhos; grande, imenso; ofuscando a força das palavras, tornando-as supérfluas, pequeninas...
Já te disse que cada mentira que disseste matou um pouco a verdade em mim? E que com essas falsas verdades levaste também a minha crença, o meu sonho, a minha esperança. Já te disse?
Olho agora para a lua que me parece tímida, quando nem os nossos gritos de prazer e entrega a conseguiram envergonhar... Já te disse que até a lua está diferente desde que partiste?


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Quase sempre com natas...