05 outubro 2014

Luís Gaspar lê «Insisto…» de Maria da Graça Varella Cid


Insisto em confirmar serenamente que
Não deves incluir-me já no teu percurso,
Nem na redonda noite imensa aberta ao meio,
Nos bancos de coral onde o teu sangue nasce,
Nem nos flancos de sal ou no interior dos músculos.

Insisto em te avisar que meus segredos múltiplos
Te expurgaram de vez de todos os circuitos
Em seu lugar deixando um vácuo que se expande
Desde o meu raciocínio à margem do crepúsculo.

Confesso no entanto que o teu eco duplo
Me persegue voraz logo que a lua chega.

E não obstante tu não mudas de silêncio,
Não voltas para trás onde as minhas mãos nuas
Em metal te esculpiam como a um deus nocturno

Maria da Graça Varella Cid
Poetisa portuguesa nascida em 1933 e falecida em 1995. Publicou Tríptico de Sábado (1964), Perfeito do Indicativo (1982) e Demonstração a Giz (1984). Na sua poesia assiste-se ao confronto com a realidade africana, assente numa experiência da vida em Angola, com uma especial sensibilidade a diversos aspetos da negritude.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Da arte de bem cavalgar



Eu cá sou mais bolos e por isso digo que ele é uma queca de comer e chorar por mais que só de falar nisto até já me estou a babar. É que aquilo era logo ali hirto desde o primeiro instante dos beijinhos e coiso e tal de roçar os sexos um no outro como se fosse uma kizomba mesmo sem tirar a roupa até experimentar todas as posições do chão à cama sem esquecer a mesa de cozinha que até se me acaba o fôlego. Ai!...

Diga-se que como primogénito era um mestre de bem cavalgar toda a sela como el-rei D. Duarte. Mulheres, entenda-se. Que nem o seu pai lhe permitiria outra coisa sob pena de lhe encher a cara de chapadas ainda hoje que uma coisa é mostrar algum polimento a tolerar maricas e outra como bom macho tuga é fazer que eles que vão para longe que não há cá pão para malucos.

Só que a acompanhar esta dieta calórica e rica em proteínas naturais vinha a melhor tradição clássica do benfiquista bom chefe de família não me tratar pelo nome próprio mas por substitutos fofinhos como menina, linda, querida, fosse na hora de montar como se não houvesse amanhã fosse no dia a dia e o Senhor Doutor sabe que isso é que me deixa completamente fodida.

Instituto Maria da Penha - «o silêncio»





03 outubro 2014

«Madison Naked Bike Ride 2014»

Madison Naked Bike Ride 2014 from Luke Haruki on Vimeo.

«Filipinos» - João

"Comparar o corpo de uma mulher a um pacote de bolachas não será coisa que uma mulher aprecie a não ser que saiba muito bem o que estou a querer transmitir. Eu gosto muito de Filipinos – ou equivalentes. Gosto de bolachas, ponto. Mas os rigores da genética e alguma selectividade levam-me a não as consumir em barda, preferencialmente a não as comprar sequer, mas o facto é que gosto muito de Filipinos. E tenho um problema com esse tipo de bolacha: um pacote aberto é um pacote comido, na íntegra, se nada mo impedir, ou se a consciência fraquejar, pese embora um terrível sentimento de culpa logo a seguir. Ora, bem se vê, há corpos que são como um pacote de Filipinos. Quando se começa, não dá para parar. Apetece continuar, ir trincando, ir derretendo na boca, ir chupando, lambendo. Assim, bem se vê, comparar o corpo de uma mulher a um pacote de Filipinos não é insulto nem tão pouco sugestão de robustez. É uma manifestação apaixonada do quanto se gosta desse corpo, do prazer que dá descobri-lo, sentir-lhe a pele e o sabor. E com isto, aposto, da próxima vez que se pensar em bolachas, só pode haver um sorriso no rosto. Malandro, como convém." 
João
Geografia das Curvas

O mundo é machista



Capinaremos.com

02 outubro 2014

«Cus, mamas e armas - a censura no cinema»

Eva portuguesa - «Venda-me»

Venda-me
para que te possa ver com os olhos da alma e os sentidos de corpo.
Venda-me
para que te veja através do teu cheiro, essa mistura explosiva de macho e perfume de marca.
Venda-me
para que te conheça através do teu sabor, quando me enches a boca com a tua virilidade.
Para que te reconheça na maneira doce mas firme como me tocas, na textura dos teus lábios nos meus.
Venda-me
para que possa sentir a tua língua explorar-me, o teu sexo a possuir-me. Para que o calor do teu corpo acenda o meu.
Venda-me
para que, não te olhando, te consiga ver como nunca o fiz antes. Para que te receba e aceite sem ses nem mas.
Venda-me 

para tudo o que não sejas tu e eu. Para que mais não possa enxergar a não ser o nosso próprio prazer...

Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Desenhos humorísticos de René Caillé

Duas taças em plástico com imagens humorísticas, provenientes de França para a minha colecção.

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