30 novembro 2014

Camiliano



Àquela hora da manhã não sei que raio de impulso de nossa senhora dos aflitos me deu para largar a bica e me levantar a interpor-me entre o murro certeiro do grandalhão e a cara dele. Talvez a quase certeza de que os homens não batem numa mulher a não ser no recato doméstico sem audiências, mas adiante.

Ele agradeceu-me polidamente com um novo café e fiz das tripas coração para não lhe berrar que a mim gajo nenhum paga coisa alguma. E ele lá foi abrindo as suas asas de deputado desterrado para a capital e circundado de gente por todos os lados, com propostas de acção, de negócio e de troca de favores a abarrotar-lhe os dias. Nem lhe faltava sexo mesmo, para depois lhe pedirem um emprego melhor, para si ou alguém da família, ou um jeitinho para despachar uma licença na câmara junto daquele gajo que ele até conhecia. E tanto mais que choviam gajas a colarem-se com o corpinho todo pelo prazer de depois passearem o seu estatuto pelo braço. Às vezes até gastava umas notas valentes com meninas de preço tabelado só para escolher  o que pagava, à sua maneira.

Recolhi os instintos de o despir e de lhe apaziguar as mágoas com muita transpiração numa confusão de sexos na boca e mãos cravadas em nádegas e, até da magia de fazer crescer uma pila dentro de mim em toques sincronizados e espasmódicos de vagina porque ele não precisava de uma foda mas de um par de orelhas meigas e amorosas que lhe espantasse a solidão dos dias.



Postalinho «a do meu vizinho é que hera»



28 novembro 2014

Postalinho doce

"Encontrei este biscoito peculiar que gostava de partilhar com vocês.
Foi numa pastelaria em Bragança."
João Moreno Pinto

Se o Rafael soubesse...

Haviam de ver a gaja que passou agora por mim. O meu bordalo já estava maior que um pinheiro.

Patife
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«Música em mim» - João

"Há sons altos, porventura muito altos mas menos que os sons nos nossos olhares, e há luzes, são brilhantes, pulsam, e ainda assim pulsam menos que os corações e os nossos corpos. Tu tens um copo na mão e eu também, a custo, e estamos os dois colados numa pista de dança apinhada, tão apinhada que nos parece vazia porque só ajuda, só empurra, só nos cola mais, aproxima a um mesmo espaço, comprimidos, tu e eu, e a tua boca já se cola ao meu ouvido e diz-me “vamos sair daqui”, e as minhas mãos seguram-te, e os nossos corpos estão quentes, estão suados, e eu mordo-te ligeiramente a orelha e só pergunto que queres fazer comigo, que queres fazer comigo doutora? E o som continua alto, e toda a gente se mexe, e há mãos no ar, há vibrações no ar, gente a dançar em cima de colunas, luzes coloridas, e tu na confusão a meter a mão nas minhas calças, e o meu caralho a dançar contigo, e o teu rabo nas minhas mãos, e tu a insistir, que vamos sair daqui, vamos sair daqui que te fodo e não quero que te venhas no meio desta gente toda, porque te quero só para mim, só quero que te venhas sozinho comigo, não te partilho, não te entrego, não deixo ninguém entrar nas nossas cabeças, vamos sair daqui, que quero o teu caralho a entrar fundo na minha cona, e estou tão molhada João, estou a escorrer João, tira-me este copo da mão e agarra-me depressa, puxa-me pela mão e leva-me daqui para fora, para onde me possas encostar a uma parede qualquer, que eu já nem quero saber, e estamos os dois tão surdos e com tanta tesão, abram alas, e as gentes que se apinham na pista separam-se como as águas, e nós a fugir a pé seco, a largar as bebidas sem olhar a onde, e a correr dali, ora eu à frente, ora tu, um a puxar o outro pela mão, tu quase a tropeçar nos saltos altos e eu que te amparo e apalpo com gosto e ainda te digo que vais gostar, porque te vou foder, porque me vais foder bem, e os sons altos ficam mais longe e nós enfiamo-nos no escuro do carro e não dá mais, e tu saltas para cima de mim e dizes-me foda-se, que bom que isto é, João, que bom que isto é, e os vidros perdem a pouco e pouco a nitidez, até começarem a escorrer, como nós, até nos atirarmos de rastos encostados às portas, a ofegar, a dizer que isto não pode ser assim, foda-se pá, foda-se, não arranques ainda, vem cá, vem cá que ainda tenho música em mim…"
João
Geografia das Curvas

«Olha... byte!...»- Shut up, Cláudia!




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27 novembro 2014

A FODA COMO ELA É - Pugnette La Redoute

(Andei perdido uns meses pela América do Sul, estando agora de regresso ao Portugal, como dizem os emigrantes. Se estais curiosos, eis tudo o que precisais de saber: a América do Sul é um continente governado por uma chusma de déspotas infantilóides, reinando sobre hordas de labregos alienados e flatulentos - excesso de milho e feijão na dieta - cujo carácter oscila entre a bovinidade e extrema violência; tudo enquadrado por uma vertigem de beleza natural e excesso de fruta tropical. Não existe uma alheira num raio de 8000km. Não vão lá)

-"Oh, sim, brinca com as bolas, brinca" - nheca nheca nheca nheca nheca
Toda a homenagem costuma ser póstuma. Já se sabe que raras vezes se faz o elogio formal do homenageado em vida e plena actividade. Este caso não foge à regra e muito me entristece que haja caído nas abissais gretas da nossa lembrança e gratidão. Foda-se! - antes tarde que nunca. E quantos de uma inteira geração não devem boa parte da sua educação sexual às últimas páginas dessa bênção por correspondência, que foi a revista La Redoute? Quanta sarapitola e pasmo com os factos da vida à pala daquelas moças sem curvas nem sal, mas em cuecas e, como tal, fonte acessível de carne explícita para olhos ávidos de jovens punheteiros, imersos no impenetrável mistério da foda juvenil?... Milhões de punhos adolescentes se agitaram, em colectiva auto-descoberta peristáltica alimentada pela mesma fonte bibliográfica que nos trazia as malhas pelo Natal. Muito do que é hoje o Portugal sexual foi erigido lendo nos entrefolhos das últimas páginas da La Redoute. Como tal, pondo-me em hirta homenagem e batendo-lhe... continência, fica o panegírico esgalhado à sua saúde.

Postalinho do Nepal (5)

"Templo Pashupatinath em Bahktapur.
Património Mundial da Humanidade."
Daisy Moreirinhas





Lote de 7 notas e 6 moedas com motivos eróticos

A arte erótica também toca por vezes na pornografia. Nestes casos, na pornografia do dinheiro... humanizando-o... dentro do possível.


Um grande amigo meu, o Betes, visitou um dia a colecção e disse-me que tinha uma "nota" de um dólar que encontraram escondida na mesa de cabeceira do falecido avô. E ofereceu-ma. Aqui está:



Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)