15 fevereiro 2015

Luís Gaspar lê «Floriram por engano as rosas bravas» de Camilo Pessanha


Oiça, vizinha: o melhor
É combinarmos o modo
De acabar com este amor
Que me toma o tempo todo.

Passo os meus dias a vê-la
Bordar ao pé da sacada.
Não me tiro da janela,
Não leio, não faço nada…

0 seu trabalho é mais brando,
Não lhe prende o pensamento,
Vai conversando, bordando,
E acirrando o meu tormento…

0 meu não: abro um artigo
De lei, mas nunca o acabo,
Pois dou de cara consigo
E mando as leis ao diabo.

Ao diabo mando as leis
Com excepção dum artigo:
0 mil e cinquenta e seis…
Quer conhecê-lo? Eu lhe digo:

«Casamento é um contrato
Perpétuo». Este adjectivo
Transmuda o mais lindo pacto
No assunto mais repulsivo.

«Perpétuo». Repare bem
Que artigo cheio de puas.
Ainda se não fosse além
Duma semana, ou de duas…

Olhe: tivesse eu mandato
De legislar e poria:
Casamento é um contrato
Duma hora – até um dia…

Mas não tenho. É pois melhor
Combinarmos algum modo
De acabar com este amor
Que me toma o tempo todo.

Camilo Pessanha
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

PI da leitura labial


Má vizinhança


Diverte-me estar a pinar e o meu vizinho gay começar a dizer da janela para parar com o barulho. É um literal momento de: Diz o roto ao nu.

Patife
@FF_Patife no Twitter

14 fevereiro 2015

«Crítica» - Porta dos Fundos

«A máscara» - por Rui Felício

Quanto mais alguém fala de si próprio, menos diz de si mesmo.
Mas por trás de uma máscara, diz tudo de si.
É assim o actor, é assim o poeta, é assim o escritor, é assim o fotógrafo de arte, é assim o pintor.
Mais do que todos, é assim o amante...

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Rapazes contentes

Par de cabides em plástico com ventosa.
Oferta de Lourenço M. para a «sexão» da minha colecção do que supostamente não seria erótico…

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)


Em Moçambique não se foge ao fisco


Bom aluno, mau aluno



HenriCartoon

13 fevereiro 2015

O que perdem as pessoas que não vêem o Desafio Final 3 na TVI

O que é que a Cristiana estava a comer no programa que foi para o ar agorinha mesmo?
Será que é mesmo o que eu penso que estou a ler?!...


E é! É mesmo o que eu penso que estou a ler!

Sexta-feira 13 - esta noite é noite de Broxedo


JMSN - «The One»

Enviado por Agostinho R. na minha página no Facebook (que atingiu hoje os 2.500 gostos"):

"Aqui fica mais um belo vídeo. O músico de Detroit, JMSN com a faixa «the one».
o vídeo é um delírio visual com imagens sufocantes e fortes contrastes que trazem vida à música, com um tom decididamente sexual, correspondente à sensação de escutar a música de JMSN."

Vem...


Oferece-te aos sentidos, mantém os olhos vendados pelas pálpebras que te beijo a caminho do desejo que arde em ti.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«Uma manhã como nenhuma outra» - João

"Aquele espaço estava apinhado de gente, mesmo para um dia como aquele. Vinhas com fome, não sei se apenas a fome no teu corpo ou também a fome do meu, das minhas palavras, do calor que estava em mim. Sabes que se misturam um pouco as minhas imagens daquele local. Sempre corrido, sempre cheio de gente, e tu ali por obrigação e nunca por gosto, a pequena ladeira onde te apoiavas no meu braço para não escorregar, o pedido sempre igual para começar o dia de estômago preenchido, os corredores, eu sentado ao teu lado, a segurar coisas tuas enquanto te afastavas de mim. Dias de chuva, atalhos que só tu conhecias e era quase romântico naquele contexto, o beijo trocado a um canto, um livro, um telefone que tocava, apreensão tua, apreensão minha, e uma rua tão conhecida, nós a conversar no passeio, a manhã fria como o Inverno que ainda não era, eu de pés na estrada, tu no passeio, a trocarmos palavras, a dizeres-me coisas que quando entravam em mim abriam em estilhaço, e eu que te tinha estado a animar pouco antes, sentado a teu lado, carícias no cabelo, a tua perna, a tua mão, carinho a fluir, e aquilo parecia-me tão irreal, aquela luz era tão estranha, e eu não sabia, a sério que não sabia. Talvez tu soubesses. Talvez já tivesses planeado aquilo, talvez já tivesses pensado nisso, talvez soubesses que depois daquilo, viria a travessia, que te farias ao mar, talvez já soubesses que pouco depois me atirarias artilharia pesada, que estarias contrariada, acredito que a sofrer com isso, a dizer-me coisas que sabias que fariam doer tanto e tão fundo. Talvez soubesses, também, que ainda assim e apesar disso eu estaria sempre ali, para me sentar ao teu lado, para segurar as tuas coisas enquanto tu não podias, para te amparar na ladeira escorregadia. Talvez soubesses tudo isso, mas eu não."
João
Geografia das Curvas