02 maio 2015
«Reprodução» - por Rui Felício
O Coronel Ramires, pai de Vasco Ramires que ganhou uma medalha no Concurso de Saltos Equestres dos Jogos Olímpicos de Munique em 1972,tinha uma quinta no Tramagal onde fazia criação de cavalos de raça lusitana e puros-sangue ingleses cruzados com árabes.
José Cid, cantor de todos conhecido e que possuía uma herdade na Chamusca, terra ribatejana, perto do Tramagal, comprou-lhe vários cavalos.
Por razões que não vêm agora ao caso, honro-me de ter merecido a amizade do Cor. Ramires e do seu filho.
Um fim de semana fui convidado, entre outras pessoas, a ir visitar a sua bela Quinta do Tramagal. O Cor. Ramires orgulhava-se dos seus cavalos e queria mostrar-nos a forma como os criava e os ensinava. Dizia-me ele, que era sempre com mágoa que via sair algum dos seus animais, depois de os ter visto nascer e de durante 3 ou 4 anos ter assistido ao seu crescimento e à evolução das suas qualidades como cavalos treinados para provas desportivas equestres. Mas tinha que os vender para rentabilizar a exploração.
Naquele dia, íamos assistir a um fenómeno natural mas a que os homens da cidade, não estão habituados. Uma égua, que andava “saída”, ia ser montada por um cavalo garanhão.
Num terreiro vedado, assistimos aos jogos de sedução da égua e do crescente entusiasmo do cavalo, perfeitamente visível aos olhos de todos quantos observavam.
A Helena, jovem e bonita mulher criada na quinta desde criança, ali vivia e acompanhava a vida dos cavalos nos mais pequenos pormenores. Por isso, tinha sido nomeada pelo Cor. Ramires como “Tratadora Principal”, cargo complexo que ele não lhe atribuiria se ela não fosse realmente, como era, uma competente especialista na matéria.
Perto de mim, e percebendo a minha crescente concentração na patente excitação daqueles dois animais, disse-me, com uma pequena gargalhada:
- Parece que também se está a excitar!...
- Para falar a verdade, você não se engana, Helena... – respondi eu, meio a sério, meio a brincar.
A Helena atiçou-me ainda mais, dizendo-me, desta vez em voz baixa para que os outros convidados não ouvissem:
- Só depende da sua vontade ! Uma palavra sua e far-lhe-ei a vontade com todo o prazer.
Um turbilhão de pensamentos revolteava-me a cabeça. Reuni toda a coragem e disse-lhe:
- Oh Helena, não me provoque! Você já percebeu qual é a minha vontade. Diga-me quando e onde!
Responde-me a Helena:
- “Onde”? Bem, o sitio é este mesmo que é o mais adequado.
- Quanto ao "Quando", pode ser já! A égua, que está cheia de cio, é toda sua...!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
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NB: Conto dedicado ao amigo Carlos Domingos, homem que passou grande parte da sua vida no meio equestre de Mafra e que mantém um amor à equitação e aos cavalos que não esconde.
Mulher semi-nua com a morte a agarrá-la por trás
Estatueta em resina da minha colecção.
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01 maio 2015
Somente mais uma vez
Fizeste-me teu sem licença
Cativaste-me com o teu olhar
Anseio pelo teu potente tocar
Eclipsaste a indiferença
Já não mais me toco sem te tocar
Rogo-te mais tempo num abraço
Sinto-me apertado num laço
Donde não consigo desembaraçar
Devolvo-te o sorriso que pregaste
Na minha cara embevecida pela tua
Quando da vida banal me salvaste
Salvas-te a ti mesma com amor
Espero-te ver em breve na Lua
Esqueço-me de um final com dor
Cativaste-me com o teu olhar
Anseio pelo teu potente tocar
Eclipsaste a indiferença
Já não mais me toco sem te tocar
Rogo-te mais tempo num abraço
Sinto-me apertado num laço
Donde não consigo desembaraçar
Devolvo-te o sorriso que pregaste
Na minha cara embevecida pela tua
Quando da vida banal me salvaste
Salvas-te a ti mesma com amor
Espero-te ver em breve na Lua
Esqueço-me de um final com dor
«Aninhada em mim» - João
"Deixa-me ficar só assim, vamos ficar só assim, e o teu corpo ajeitava-se naquele espaço, encostado ao meu, sabíamos que existia mundo lá fora mas não queríamos saber dele, e na verdade, alheio a nós, girava como sempre. E porque não? O nosso sofá tinha rodas, levava-nos para todos os sítios, e eu acho que tu só querias carinho, naquele momento só querias as minhas mãos a dizer-te que tudo estaria bem. Sabias que eu falava muito com as mãos, pelos desenhos que elas faziam em ti. Deixa-me ficar só assim, aninhada em ti, e às vezes conseguias, outras não. Às vezes era só uma intenção, mas cedo se cedia ao desejo, que não se guarda muito tempo uma fechadura que tem chave certeira. E se isto faz parte de nós, se nos é próprio, resiste, aguenta a passagem do tempo, da água, do vento, de todas as coisas que nos orbitam."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
30 abril 2015
«pensamentos catatónicos (318)» - bagaço amarelo
No Amor, os homens são um bocadinho estúpidos. Eu incluído, claro. Passam a vida a aprender aquilo com que a mulher já nasce ensinada: a Amar. Depois a vida torna-se um teste de resistência delas com eles. É ver quanto tempo uma mulher aguenta as estupidezes dum homem. Eu cá gabo-lhes a paciência.
A maior estupidez é passar do zero aos cem em menos de dois segundos. Quando um homem está sozinho acha-se um falhado, quando não está passa a ser o maior do planeta. Absurdamente, passa até a ser melhor do que a própria mulher que o Ama. É por isso que um homem nunca acredita que pode ser deixado. Tão verdade que às vezes já o foi e continua a não acreditar.
Com a vida, quando namoram (adoro este verbo), o principal objectivo dos homens que conseguem aprender alguma coisa com a vida é fazer o menor número possível de asneiras. Controlar os ciúmes competitivos, acalmar o excesso de confiança que só uma mulher dá, fazer mais em casa do que jogar jogos parvos e, por fim, tapar sempre a sanita depois de a usar. É o que eu faço, apesar da dificuldade de género.
Ainda hoje saí para tomar café. Na mesa ao lado da minha estava um casal ainda jovem (já não adoro assim tanto dizer isto). Ele explicava-lhe em alta voz como é que se estaciona um automóvel de marcha atrás enquanto ela suspirava e olhava para o infinito. Só mesmo um homem para ter orgulho em conseguir estacionar um carro. Os níveis de paciência dela baixaram mais um pouco, claro. Boa sorte, pá!
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
Príapo luminoso
Lucerna em barro vermelho, réplica de uma lucerna do império romano.
Veio da Turquia para a minha colecção.
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29 abril 2015
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