26 maio 2015

Postalinhos da Turquia - 6

"Caixas de enxoval, baús tradicionalmente usados na Turquia rural para as noivas levarem o seu enxoval. Os materiais e decorações utilizados variavam muito... e alguns dos baús revelavam desejos (sub)conscientes das noivas..."
Paulo M.




Fauno e rapariga com cacho de uvas

Conjunto de duas peças em bronze colorido, permitindo a colocação em diversas posições.
Uma brincadeira deliciosa, na minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)






25 maio 2015

Coitados dos utentes do PornHub...


Alcázar Gynecology Institute - Porn can save lives from DDB Bolivia on Vimeo.

«Fica» - João

"Adormece denso o nevoeiro na rua, caindo sobre as pessoas e as coisas, demorando-se no ar a espalhar humidade, uma humidade diferente da nossa, molhados um do outro deitados naquela cama, a tua perna sobre mim, os nossos corpos cansados e as minhas mãos a sentir-te a pele, essa pele, e eu dei sinais que precisava levantar-me, que era hora de desaparecer a coberto do nevoeiro denso, e as tuas pernas fecharam-se no meu corpo e os braços apertaram-me, as tuas mãos em mim e a dizeres-me que não vá, não vás, mas tenho de ir, não quero mas tenho de ir, e não vás, repetes, que não fosse. Que nunca mais fosse, que ficasse ali contigo, e voltas-te na cama ficando sobre mim, o teu corpo sobre o meu, os teus cabelos no meu rosto enquanto me beijavas e depois no meu ouvido o amo-te, o sou tua, fica aqui comigo e não entres no nevoeiro, não troques a minha humidade pela da rua, não te diluas lá fora para longe do meu olhar, do meu calor, da nossa cama, deixa-te ficar, que te quero aqui, e rodamos, estamos deitados lado a lado, a olhar-nos na penumbra de uma madrugada que chega ao fim, a acariciar-nos na pele quente, com os nossos pés juntos, as nossas mãos a encontrar-se, e o nevoeiro lá fora a cair sobre as pessoas e as coisas, mas não sobre nós."

João
Geografia das Curvas

Postalinhos da Turquia - 5

"Chaminés de fada, na Capadócia. Cones de pedra macia («tufo») encimados por uma rocha de basalto."
Paulo M.



Desenho ao vivo de porno


Life drawing from porn, Philippa Warr

Via mon ami Bernard Perroud

24 maio 2015

Postalinho todo moído

"Ela chama-lhe moagem..."
São P.



Pintura no Blog «Pratos Y Panelas»

Luís Gaspar lê «Suavíssima» de Cecília Meireles


Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
No céu de outono, anda um langor final de pluma
Que se desfaz por entre os dedos, vagamente…

Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Tudo se apaga, e se evapora, e perde, e esfuma…

Fica-se longe, quase morta, como ausente…
Sem ter certeza de ninguém… de coisa alguma…
Tem-se a impressão de estar bem doente, muito doente,

De um mal sem dor, que se não saiba nem resuma…
E os galos cantam, no crepúsculo dormente…

Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
A alma das flores, suave e tácita, perfuma
A solitude nebulosa e irreal do ambiente…

Os galos cantam, no crepúsculo dormente…
Tão para lá!… No fim da tarde… além da bruma…

E silenciosos, como alguém que se acostuma
A caminhar sobre penumbras, mansamente,
Meus sonhos surgem, frágeis, leves como espuma…

Põem-se a tecer frases de amor, uma por uma…
E os galos cantam, no crepúsculo dormente…

Cecília Meireles
Cecília Benevides de Carvalho Meireles (Rio de Janeiro, 7 de novembro de 1901 — Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1964) foi uma poetisa, pintora, professora e jornalista brasileira. É considerada uma das vozes líricas mais importantes das literaturas de língua portuguesa.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Sim, aceito!



HenriCartoon

Maldita partícula!


Essas tuas pupilas a gotejarem sensualidade como se os espermatozóides te subissem dos capilares até à menina-do-olho feita glande deixam-me excitada logo pela manhã. O teu cabelo espetado de gatinho a aninhar-se entre as minhas coxas, mesmo à mercê das minhas mãos, como num close-up, para me mimosear com uma balada de sons guturais entre lambidelas percorre-me o corpo numa urgência de acção para te beijar na boca e rapidamente descer em linha recta para a guloseima e, num grande plano, agarrá-la com ambas as mãos na ânsia de a sugar toda enquanto os meus dedos pardalitam pelo meio das tuas pernas a tocar um quero, quero-te, quero-te todinho. As tuas mãos, em avaliações sucessivas da copa dos meus seios, puxam-me para te entronizares canoísta das minhas zonas húmidas, em tentativas sucessivas de canal abaixo canal acima como se fosses um gondoleiro a entoar vem, vem, vem comigo, até o meu indicador nos lábios entreabertos te dar a indicação para alapares as mãos nos meus quadris, com as nádegas como vista, e após a palpação prévia subires uns centímetros o barco para vogar no estreito e completar a trilogia clássica da boca, cona e cu.

Mas saciados que estamos do fascínio mútuo do nosso argumento convirás que uma mulher não é de ferro e, em vez da dopamina do skype matinal faz-me falta noitadas ao vivo e a três dimensões.

Meretriz do sim

Estava eu entretido a treinar aqui o Pacheco para desapertar sozinho soutiens, quando recebo um convite para escrever coisas no Desblogue d´Elite. É que tenho estado mais distraído a pinar e a rabiscar coisinhas pequeninas no Twitter do Patife, que para coisas grandes já tenho aqui o meu nabo. O problema é que o Patife não sabe dizer que não a uma mulher. Sou uma puta do sim. Uma meretriz do vai com todas. Ainda pensei trocar o sim por um inocente apalpar das mamocas da Filipa que me endereçou o convite, mas o sim escapou-me da boca com a mesma astúcia com que o Pacheco me escapa para a boca das flausinas que me caem do céu e que acabam ao léu.

Apesar do afoito e impensado "sim", não fiquei arrependido porque tenho a certeza que será uma boa forma de atrair mais mafarricas aqui para o meu pincel, ele que já devia ser canonizado por ter metido mais gajas de joelhos que qualquer peregrinação a Fátima.

E assim começam as crónicas no Desblogue d´Elite.

Encontramo-nos lá? (Ou na minha cama, é como preferirem. De preferência na minha cama).


Patife
@FF_Patife no Twitter

23 maio 2015

«Me! Me! Me! »


ME!ME!ME! Animated Music Video 日本アニメ(ーター)見本市「ftDao from Alen Marcells on Vimeo.

«São insondáveis os desígnios da Justiça» - por Rui Felício

O Carlos era um bom homem. Respeitador da lei e das obrigações sociais e conjugais. Mas a sua ingenuidade e credulidade eram muitas vezes motivo de chacota por parte de quem o conhecia bem...
Por isso interrogava-se, e da mesma forma o faziam os seus amigos, por que razão um dia a Fernanda, sua mulher, sem mais nem menos, o acusou de adultério exigindo-lhe o divórcio. A ele, que nunca conhecera sexualmente nenhuma outra mulher para além da Fernanda!
Estarrecido, e desta vez incrédulo, assistiu no tribunal ao modo como o Juiz permitiu, magnânimo, ao advogado da sua mulher interrogar, alegar, argumentar, ao mesmo tempo que, com ar intimidatório, lá do alto da sua cátedra, impedia o inexperiente e jovem advogado oficioso que tinha sido nomeado para o defender, de desempenhar o seu papel, interrompendo-o a cada palavra sua, desfazendo-lhe todas as tentativas de promover a sua defesa.
A Fernanda enunciou, perante o ar benevolente do Juiz, com inteira liberdade, uma por uma, as acusações de adultério que lhe fizera e quando ele procurou negá-las o Juiz mandou-o calar, dizendo-lhe que já estava suficientemente esclarecido...
O Juiz decretou o divórcio! E por efeito dele, a divisão dos bens do casal, como é de lei. Ainda por cima, todos esses bens tinham sido adquiridos com o seu exclusivo trabalho...
Felizmente não havia filhos, o que evitou a discussão sobre a quem caberia a sua guarda...
Passado algum tempo, o Carlos descobriu que o Juiz que o condenara era, desde há muito, amante da Fernanda e entendeu então a razão da sua rápida condenação sem provas, sem direito a defesa, a partilha dos bens...
Revoltado, congeminou a vingança e certa noite invadiu a casa do Juiz e matou-os aos dois enquanto dormiam. Entregou-se à polícia, confessou o duplo homicídio e voltou a ser julgado no mesmo Tribunal onde antes tinha sido injustiçado, dizendo para os seus botões: - Ao menos agora serei condenado com justiça!
O ingénuo Carlos enganou-se de novo. O Tribunal absolveu-o por considerar que o que ele fez foi para lavar a sua honra. Uma espécie de legítima defesa e, como tal, sem responsabilidade criminal.
Vá-se lá entender a Justiça!

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido