07 junho 2015

Contornos do calor


Lá íamos nós a chinelar da praia para o apartamento, tchec tchec tchec naquele passo amolecido que o sol e a água da praia provocam. É como se o esforço de exalar calor por cada poro da pele durante horas me fizesse desfalecer. E no entanto este aumento da temperatura corporal ao distribuir facilmente o sangue por cada canto de mim também me aumenta a energia como se acabadinha de sair de um aparelho de ginásio mesmo que naquele dia só lá estivessem barrigudos para lavar as vistas. É assim a modos como encher o peito de ar e, as mamas estivessem de dedinho no ar a gritar eu quero, eu quero uma massagem com o refresco da saliva que nestas ocasiões faz muito bem as vezes de um cubinho de gelo.

Ele continuava calado como se o peso da toalhita lhe retirasse o fôlego e avancei que talvez fosse bom lancharmos para ele arrebitar e porque o mar abre sempre o apetite. Ele concordou, pediu-me as chaves para abrir a porta e perguntou-me o que é me estava a apetecer. Dei-lhe as chaves na mão enquanto o pressionava contra a porta e fazia descair a minha mão direita que não sou canhota para o seu centro de gravidade, abrindo bem os dedos para abarcar todo o volume das massas em causa e lhe dizer que desde que proibiram as bolas de Berlim na praia mais vontade tenho delas com um niquito de leite fresco.

Certo!


Mulheres que me dizem que gostam de trabalhar no duro é assim como que um apelo explícito a saltarem-me ao pincel, certo?

Patife
@FF_Patife no Twitter

06 junho 2015

Postalinho de sinalética rodoviária

"Os espanhóis são um povo irmão... pelo menos quando brincam com as palavras."
Paulo M.


«Nua e teimosa» - por Rui Felício

Depois de tomar banho, espelha a maior felicidade.
Gosta de ficar esparramada no sofá a ver TV, completamente nua, deliciada com o cheiro do banho acabado de tomar.
Já lhe disse várias vezes que ao menos podia vestir aquela saia curta, levezinha, que lhe comprei há tempos. Embora estivesse na intimidade do lar, escusava de ficar assim nua, descomposta , húmida e sujeita a apanhar uma constipação...
Ontem, mais uma vez, insisti que vestisse a roupa que lhe comprei.
Reagiu, agressiva, abocanhou a saia que eu lhe tentava enfiar, rasgou-a, e saiu para o quintal esbaforida a ladrar.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

«Antologia de poesia latina erótica e satírica»

Antologia com poesia da Carmina Priapea, de Catulo, Tíbulo e Sulpícia, Propércio, Horácio, Ovídio, Marcial, Juvenal e Reposiano, com textos introdutórios de vários docentes da faculdade de Letras de Lisboa - Custódio Magueijo, J. Lourenço de Carvalho e José António Campos. Prefácio de José Martins Garcia. Ilustrações de Eduardo Batarda, José Lopez-Werner, Edgar Perdigão e Olga Pianola.

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Um sábado qualquer... - «Aprendendo com os erros dos outros»



Um sábado qualquer...

05 junho 2015

The Kooks - «Around Town»

Postalinhos da Turquia - 8

"Que raio de enchidos se encontram expostos nas montras de Istambul..."
Paulo M.


«Vidro» - João

"Sentaram-se lado a lado, de corpos exteriormente relaxados face a um Sol mais generoso, e disse-lhe, conta-me lá, o que é que achas que foi? Suponho, disse ele, que ela é como vidro para mim. Transparente. O olhar fixo no olhar é uma conveniência, e mais que isso, é um prazer. Um genuíno prazer, fala-se muito por aí, mas nem seria preciso. Ela é vidro. É transparente, vejo através dela, consigo lê-la melhor que ninguém. Ou talvez seja espelho, respondeu, talvez tu digas que é vidro mas na verdade seja espelho, e tu vejas o teu reflexo, ou do que és, ou do que podes ser, pensaste nisso? E claro que pensara, não uma, sequer duas, inúmeras vezes. Na capacidade de elevar, de puxar, de fazer as pessoas em pessoas diferentes. Mas fosse vidro ou espelho, o essencial estava ainda assim naquelas ideias simples. Deixando passar a leitura ou devolvendo palavras, o mistério era esse, como duas coisas opostas se complementavam e resultavam naturais, como se sempre assim tivessem sido, como resultavam unas. Acredito, prosseguiu ele, que isso lhe causasse algum desconforto, sabes? Não deve ser fácil ser-se trespassado assim, sentirmos que alguém nos consegue ler por dentro quando passamos tanto do nosso tempo a tentar precisamente evitá-lo, que ninguém nos leia, e que existam espaços de reserva.

E roubavas tu essa reserva? Devolveu. Não, não creio que roubasse, disse-lhe. Mas podia ver se quisesse, podia entender. E isso é paradoxal, porque quem parece encerrar em si uma certa frustração de não haver quem a leia, fecha-se e assusta-se perante quem a lê. São anos e anos de uma concha fechada, de uma dura cerviz, e a água não entalha a pedra de um dia para o outro, leva muito tempo, e as rochas humanas, mesmo que apenas por fora, são assim também. Demoram a confiar, a abrir. A mostrar o néctar como as flores que se abrem aos insectos. E isso, bem vês, deixa-me siderado, porque conseguir ver a luz através da solidez do corpo de alguém é experiência rara, e algum desígnio precisa encerrar, mesmo que se esconda quando se procura, mesmo que fuja ao entendimento como as mãos de um ilusionista experiente. E dentro dessa rocha que tu dizes que há, encontraste alguma coisa? Claro, retorquiu. Encontrei o tal néctar como o das flores. E é doce."


João
Geografia das Curvas

«Foguetinho» - Shut up, Cláudia!




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04 junho 2015

Recriação a lápis do quadro «A bacante» de Goustave Courbet


Re-Creating Gustav Courbet's "Bacchante" in Pencil from TheGreatNude.tv on Vimeo.

«respostas a perguntas inexistentes (301)» - bagaço amarelo

Existem os homens que sabem fazer declarações de Amor e existem os outros, os bêbedos da meia-noite. Eu pertenço à segunda categoria, àqueles que nunca fizeram uma única declaração de Amor decente. São esses que a partir da meia-noite bebem um pouco mais, porque o álcool está para um homem incapaz de fazer declarações de Amor assim como um cão está para o Homem em geral: é o seu melhor amigo.
O mais bonito nos homens que não sabem fazer declarações é que nunca desistem de tentar. Passam a vida a esbarrar na incompreensão feminina, que ora reage com desprezo total, ora com um sorriso igual ao de quem parte em viagem, isto é, de quem vai embora porque está farto de ali estar.
As mulheres deviam ter mais atenção aos homens que bebem. Acredito que não há um único bêbado neste mundo que não o seja por causa delas. Delas e, claro, da sua incompetência natural para fazer declarações de Amor.
Lembro-me do dia em que percebi que não sabia fazer declarações de Amor. Foi num dia como o de hoje. A espuma da minha cerveja descia pelo vidro num lento suicídio em direcção ao fundo do copo e ela, que ainda só tinha dado dois goles, sugeriu-me que pedisse outra.

- És bonita! - disse eu.

Os olhos dela continuaram a olhar para o meu copo, como se estivessem a admirar uma obra de arte qualquer, indiferentes ao que eu acabara de dizer. Para meu espanto, o mundo continuava a funcionar à minha volta como se nada fosse. Menos mal. Os clientes continuavam a entrar e sair daquela esplanada e o empregado de mesa, demasiado calmo para o número de clientes que esperavam por ele, empilhava copos vazios numa bandeja que me parecia demasiado pequena para o efeito.

- Outra cerveja, por favor! - pedi-lhe assim que passou perto de mim.

É claro que ela ficou indiferente. A minha declaração não chegava a ser de Amor. Era apenas uma tremida constatação da sua beleza, pela qual ela nem sequer tinha responsabilidade nenhuma. Acabei a minha segunda cerveja no mesmo momento em que ela acabou a primeira. Vi-a levantar-se, pagar e afastar-se enquanto me dizia adeus com a mão esquerda. Aquela era uma despedida que me despedia a mim, definitivamente, de candidato a poder Amá-la.

- Paguei as três... - disse ela. Depois desapareceu.

Fiquei eu e o bar.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Mosca com segredo

Peça única em bronze de uma mosca com asas articuladas, mostrando um pénis no interior.
Mais uma peça única de P. Leroux a juntar-se a várias outras na minha colecção.

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