O sémen é uma estação à beira cio onde o sexo o meu grande sonhador existe; um absciso animal que no escuro enche revolucionário o sentir sobre o execrado, ao detonar a caligrafia, narra pela página o órgão empunhado que emerge íngreme ao arreigado, e tanto pode ser másculo ou feminil, porque dentro às mãos tudo é andrógeno, em centenas de diálogos que guerreiam lado a lado a primitividade das palavras que ao respirar arrancam vertigens dos genitais.
Luísa Demétrio Raposo
*Egon Schiele
blog VERMELHO CANALHA
16 junho 2015
«Hoje não pinto nem mais um caralho!»
Pequena estatueta de uma mulher das Caldas da Rainha, no final de um dia de trabalho a pintar louça típica das Caldas, com o avental sujo de tinta e um caralho debaixo de um braço.
Autora: Milena Miguel (atelier S. Miguel).
Explicações da Milena Miguel quando lhe comprei a peça: "Nas Caldas da Rainha, os homens tradicionalmente fazem o enchimento das peças, nos moldes, sendo depois as mulheres que os pintam". "As mulheres das Caldas usam sapatinhos e não chinelos, muito menos andam descalças".
Mais um mimo da Milena Miguel para a minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
Autora: Milena Miguel (atelier S. Miguel).
Explicações da Milena Miguel quando lhe comprei a peça: "Nas Caldas da Rainha, os homens tradicionalmente fazem o enchimento das peças, nos moldes, sendo depois as mulheres que os pintam". "As mulheres das Caldas usam sapatinhos e não chinelos, muito menos andam descalças".
Mais um mimo da Milena Miguel para a minha colecção.
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15 junho 2015
«Foda quântica» - João
"Segura a minha mão e vamos misturar foda com física. Parece-te bem? E se for mecânica quântica? Mecânica quântica com foda? Excelente. Eu sei. Deixemos os gatos de lado, e em vez de um Schrödinger’s Cat pensemos num Schrödinger’s Fuck. Coloquemo-nos dentro de um quarto fechado. Connosco lá dentro, e até que alguém nos observe, podem acontecer duas coisas. Ou estamos a foder, ou não estamos a foder. Na perspectiva externa, estarmos ou não a foder é desconhecido até que abram a porta e nos vejam, e portanto as duas coisas podem estar a acontecer. De certo modo, sob certas interpretações da mecânica quântica, nós estaremos simultaneamente a foder e a não foder. Giro, não? Mas eis que alguém abre a porta do quarto e nos observa. A partir do momento em que nos observam, uma de duas coisas acontece. A existência de um observador leva ao colapso das realidades, e é nesse momento que efectivamente estamos a foder ou não estamos a foder. As duas realidades deixam de ser possíveis. O observador leva uma das realidades a impor-se.
Bom, se repetirmos a experiência vezes suficientes, a de nos fecharmos dentro de um quarto, e se deixarmos de lado a mania de foder e aceitarmos uma certa imponderabilidade na decisão de o fazer, à medida que tendemos para o infinito, metade das vezes estaremos a foder, e na outra metade, não. É a matemática a impor-se à foda. É terrível, bem sei. Mas dentro do quarto, da nossa perspectiva, não existe sobreposição. Ou nos fodemos, ou não nos fodemos. A incerteza que assola o observador externo, que aguarda espreitar, não existe para nós. Dentro do quarto fechado, nós só temos a realidade em que estamos. Ou fodemos, ou não fodemos, e assim ficamos ligados a essa realidade, a esse foder ou não foder, e quando o observador finalmente nos vê, tudo se liga, e apenas uma das coisas acontece.
Mas o que torna isto da foda realmente interessante, é que o observador também é como nós. Não na foda, é certo, mas também ele, se for observado de fora, poderá ver-nos a foder, ou não nos ver a foder, e até que alguém observe o observador, não só nós continuamos a poder estar simultaneamente num estado de foder e não foder, como o observador directo estará simultaneamente num estado em que nos vê foder e não vê foder, e só quando o segundo observador observa o primeiro é que se define se o primeiro observador nos viu ou não foder e consequentemente se fodemos ou não. Então, quem é que em última análise nos observa para se saber se estamos a foder ou não? Ou, melhor ainda, será que as duas hipóteses coexistem em realidades paralelas? Estaremos numa realidade a foder enquanto na outra não?"
João
Geografia das Curvas
Bom, se repetirmos a experiência vezes suficientes, a de nos fecharmos dentro de um quarto, e se deixarmos de lado a mania de foder e aceitarmos uma certa imponderabilidade na decisão de o fazer, à medida que tendemos para o infinito, metade das vezes estaremos a foder, e na outra metade, não. É a matemática a impor-se à foda. É terrível, bem sei. Mas dentro do quarto, da nossa perspectiva, não existe sobreposição. Ou nos fodemos, ou não nos fodemos. A incerteza que assola o observador externo, que aguarda espreitar, não existe para nós. Dentro do quarto fechado, nós só temos a realidade em que estamos. Ou fodemos, ou não fodemos, e assim ficamos ligados a essa realidade, a esse foder ou não foder, e quando o observador finalmente nos vê, tudo se liga, e apenas uma das coisas acontece.
Mas o que torna isto da foda realmente interessante, é que o observador também é como nós. Não na foda, é certo, mas também ele, se for observado de fora, poderá ver-nos a foder, ou não nos ver a foder, e até que alguém observe o observador, não só nós continuamos a poder estar simultaneamente num estado de foder e não foder, como o observador directo estará simultaneamente num estado em que nos vê foder e não vê foder, e só quando o segundo observador observa o primeiro é que se define se o primeiro observador nos viu ou não foder e consequentemente se fodemos ou não. Então, quem é que em última análise nos observa para se saber se estamos a foder ou não? Ou, melhor ainda, será que as duas hipóteses coexistem em realidades paralelas? Estaremos numa realidade a foder enquanto na outra não?"
João
Geografia das Curvas
Postalinho da afamada Rua Direita de Coimbra
"Finalmente um nicho de mercado que não era explorado: uma barbearia unissexo.
E... como será o corte francês?..."
Paulo M.
E... como será o corte francês?..."
Paulo M.
14 junho 2015
Luís Gaspar lê «Rosa com Espinhos» de Nuno Júdice
Abro a rosa com as pétalas viradas para dentro
de mim, sugando-me o ser com os seus lábios
de veludo. E quando estou dentro da rosa, ouvindo
a música que corre ao longo do caule, num êxtase
de seiva, troco em versos o que a rosa me diz,
sentindo que a rosa se fecha, em botão, para
que o meu ser não saia de dentro dela. Então,
sei que habito o próprio centro do efémero,
enquanto as pétalas vão caindo, uma a uma,
à medida que a rosa se abre, e o sol que entra
para dentro da rosa, empurrando o meu ser
para fora do seu centro, corre nas suas veias,
como seiva de fogo, até fazer com que outros
botões nasçam, para que me suguem o ser, até
entre mim e a rosa não haver senão a frágil
fronteira de um espinho, em que me pico,
sentindo que a gota de sangue do meu dedo
podia ser a seiva em que a rosa nasce do ser
que a deseja, no instante efémero do amor.
Nuno Júdice
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Folga do publicitário
Patife
@FF_Patife no Twitter
13 junho 2015
Postalinhos da Turquia - 11
"Chaminés de fada, na Capadócia. Cones de pedra macia («tufo») encimados por uma rocha de basalto."
Paulo M.
Detalhes:
Paulo M.
Detalhes:
«O primeiro beijo» - por Rui Felício
«O beijo» de José Vilhena, 1993 Colecção de arte erótica «a funda São» |
É um salto no desconhecido, é um receio, é um impulso quase irracional, é um doce sabor que perdura no tempo.Sucedeu no jardim da minha casa, já lá vão muitos anos, mas ainda o tenho presente como se tivesse sido hoje.
Foi ao fim do dia, com o sol a declinar por trás da casa em frente. Ela, ainda muito jovem, envolta por um finíssimo e aveludado vestido carmim que lhe delineava as formas perfeitas, abriu-se lentamente à aproximação da boca sedenta que a desejava, moveu o corpo insinuante, deixou-se acariciar e sentiu-se perdida na loucura do beijo que retribuiu com ardor e paixão.
Nunca mais foi a mesma. Insaciável, todos os dias ali ficava à espera da repetição daquele primeiro beijo.
Durante muito tempo, aquele zângão apaixonado aparecia diariamente para beijar a bela rosa púrpura do meu jardim, para saborear o seu néctar doce, para sentir a carícia das suas pétalas em volta do corpo…
Rui Felício
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