Pequena estatueta de uma mulher das Caldas da Rainha, no final de um dia de trabalho a pintar louça típica das Caldas, com o avental sujo de tinta e um caralho debaixo de um braço.
Autora: Milena Miguel (atelier S. Miguel).
Explicações da Milena Miguel quando lhe comprei a peça: "Nas Caldas da Rainha, os homens tradicionalmente fazem o enchimento das peças, nos moldes, sendo depois as mulheres que os pintam". "As mulheres das Caldas usam sapatinhos e não chinelos, muito menos andam descalças".
Mais um mimo da Milena Miguel para a minha colecção.
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
16 junho 2015
15 junho 2015
«Foda quântica» - João
"Segura a minha mão e vamos misturar foda com física. Parece-te bem? E se for mecânica quântica? Mecânica quântica com foda? Excelente. Eu sei. Deixemos os gatos de lado, e em vez de um Schrödinger’s Cat pensemos num Schrödinger’s Fuck. Coloquemo-nos dentro de um quarto fechado. Connosco lá dentro, e até que alguém nos observe, podem acontecer duas coisas. Ou estamos a foder, ou não estamos a foder. Na perspectiva externa, estarmos ou não a foder é desconhecido até que abram a porta e nos vejam, e portanto as duas coisas podem estar a acontecer. De certo modo, sob certas interpretações da mecânica quântica, nós estaremos simultaneamente a foder e a não foder. Giro, não? Mas eis que alguém abre a porta do quarto e nos observa. A partir do momento em que nos observam, uma de duas coisas acontece. A existência de um observador leva ao colapso das realidades, e é nesse momento que efectivamente estamos a foder ou não estamos a foder. As duas realidades deixam de ser possíveis. O observador leva uma das realidades a impor-se.
Bom, se repetirmos a experiência vezes suficientes, a de nos fecharmos dentro de um quarto, e se deixarmos de lado a mania de foder e aceitarmos uma certa imponderabilidade na decisão de o fazer, à medida que tendemos para o infinito, metade das vezes estaremos a foder, e na outra metade, não. É a matemática a impor-se à foda. É terrível, bem sei. Mas dentro do quarto, da nossa perspectiva, não existe sobreposição. Ou nos fodemos, ou não nos fodemos. A incerteza que assola o observador externo, que aguarda espreitar, não existe para nós. Dentro do quarto fechado, nós só temos a realidade em que estamos. Ou fodemos, ou não fodemos, e assim ficamos ligados a essa realidade, a esse foder ou não foder, e quando o observador finalmente nos vê, tudo se liga, e apenas uma das coisas acontece.
Mas o que torna isto da foda realmente interessante, é que o observador também é como nós. Não na foda, é certo, mas também ele, se for observado de fora, poderá ver-nos a foder, ou não nos ver a foder, e até que alguém observe o observador, não só nós continuamos a poder estar simultaneamente num estado de foder e não foder, como o observador directo estará simultaneamente num estado em que nos vê foder e não vê foder, e só quando o segundo observador observa o primeiro é que se define se o primeiro observador nos viu ou não foder e consequentemente se fodemos ou não. Então, quem é que em última análise nos observa para se saber se estamos a foder ou não? Ou, melhor ainda, será que as duas hipóteses coexistem em realidades paralelas? Estaremos numa realidade a foder enquanto na outra não?"
João
Geografia das Curvas
Bom, se repetirmos a experiência vezes suficientes, a de nos fecharmos dentro de um quarto, e se deixarmos de lado a mania de foder e aceitarmos uma certa imponderabilidade na decisão de o fazer, à medida que tendemos para o infinito, metade das vezes estaremos a foder, e na outra metade, não. É a matemática a impor-se à foda. É terrível, bem sei. Mas dentro do quarto, da nossa perspectiva, não existe sobreposição. Ou nos fodemos, ou não nos fodemos. A incerteza que assola o observador externo, que aguarda espreitar, não existe para nós. Dentro do quarto fechado, nós só temos a realidade em que estamos. Ou fodemos, ou não fodemos, e assim ficamos ligados a essa realidade, a esse foder ou não foder, e quando o observador finalmente nos vê, tudo se liga, e apenas uma das coisas acontece.
Mas o que torna isto da foda realmente interessante, é que o observador também é como nós. Não na foda, é certo, mas também ele, se for observado de fora, poderá ver-nos a foder, ou não nos ver a foder, e até que alguém observe o observador, não só nós continuamos a poder estar simultaneamente num estado de foder e não foder, como o observador directo estará simultaneamente num estado em que nos vê foder e não vê foder, e só quando o segundo observador observa o primeiro é que se define se o primeiro observador nos viu ou não foder e consequentemente se fodemos ou não. Então, quem é que em última análise nos observa para se saber se estamos a foder ou não? Ou, melhor ainda, será que as duas hipóteses coexistem em realidades paralelas? Estaremos numa realidade a foder enquanto na outra não?"
João
Geografia das Curvas
Postalinho da afamada Rua Direita de Coimbra
"Finalmente um nicho de mercado que não era explorado: uma barbearia unissexo.
E... como será o corte francês?..."
Paulo M.
E... como será o corte francês?..."
Paulo M.
14 junho 2015
Luís Gaspar lê «Rosa com Espinhos» de Nuno Júdice
Abro a rosa com as pétalas viradas para dentro
de mim, sugando-me o ser com os seus lábios
de veludo. E quando estou dentro da rosa, ouvindo
a música que corre ao longo do caule, num êxtase
de seiva, troco em versos o que a rosa me diz,
sentindo que a rosa se fecha, em botão, para
que o meu ser não saia de dentro dela. Então,
sei que habito o próprio centro do efémero,
enquanto as pétalas vão caindo, uma a uma,
à medida que a rosa se abre, e o sol que entra
para dentro da rosa, empurrando o meu ser
para fora do seu centro, corre nas suas veias,
como seiva de fogo, até fazer com que outros
botões nasçam, para que me suguem o ser, até
entre mim e a rosa não haver senão a frágil
fronteira de um espinho, em que me pico,
sentindo que a gota de sangue do meu dedo
podia ser a seiva em que a rosa nasce do ser
que a deseja, no instante efémero do amor.
Nuno Júdice
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Folga do publicitário
Patife
@FF_Patife no Twitter
13 junho 2015
Postalinhos da Turquia - 11
"Chaminés de fada, na Capadócia. Cones de pedra macia («tufo») encimados por uma rocha de basalto."
Paulo M.
Detalhes:
Paulo M.
Detalhes:
«O primeiro beijo» - por Rui Felício
«O beijo» de José Vilhena, 1993 Colecção de arte erótica «a funda São» |
É um salto no desconhecido, é um receio, é um impulso quase irracional, é um doce sabor que perdura no tempo.Sucedeu no jardim da minha casa, já lá vão muitos anos, mas ainda o tenho presente como se tivesse sido hoje.
Foi ao fim do dia, com o sol a declinar por trás da casa em frente. Ela, ainda muito jovem, envolta por um finíssimo e aveludado vestido carmim que lhe delineava as formas perfeitas, abriu-se lentamente à aproximação da boca sedenta que a desejava, moveu o corpo insinuante, deixou-se acariciar e sentiu-se perdida na loucura do beijo que retribuiu com ardor e paixão.
Nunca mais foi a mesma. Insaciável, todos os dias ali ficava à espera da repetição daquele primeiro beijo.
Durante muito tempo, aquele zângão apaixonado aparecia diariamente para beijar a bela rosa púrpura do meu jardim, para saborear o seu néctar doce, para sentir a carícia das suas pétalas em volta do corpo…
Rui Felício
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