Não há melhor molho que o apetite.
Não há mulher sem graça, nem festa sem cachaça.
Não há nada como o preto no branco.
Não há nada como um dia depois do outro.
Não há obra-prima sem suor.
Não há prisões lindas, nem amores feios.
Não há puta sem alcoviteira.
Não há que espantar: Há tudo no mundo.
Não há sapo sem sua sapa.
Não há sogra que se lembre que já foi nora.
Não há uma sem duas, nem duas sem três.
Não há louves até que proves.
Não há rosa sem espinho.
Não há rosa sem espinhos.
Não há rosa sem espinhos, nem formosa sem senão.
Não há rosa sem espinhos, nem mel sem abelha.
Não há rosa sem espinhos, nem mel sem abelhão.
Não há rosa sem espinhos, nem mel sem abelhas.
Não há rosa sem espinhos, nem amores sem ciúmes.
Não há rosa sem espinhos, nem formosa sem senão.
Não há rosas sem espinhos.
Dizem que o princípio e o fim são naturais. Quanto ao princípio não sei, mas se o fim é natural, então a Natureza não é natural. Eu não gosto de fins, embora os tenha na minha vida de forma regular. Hoje mesmo, assim como quem não quer a coisa, um amigo perguntou-me há quanto tempo estou com a Raquel (usou mesmo o verbo "estar") e eu contei pelos dedos para lhe responder.
- Quase sete! - disse.
- Tens que contar pelos dedos?!
Claro que tenho que contar pelos dedos. Nunca conto o tempo que passa quando Amo alguém. Por um lado, não gosto que o tempo passe; por outro, não tenho dedos que cheguem para o infinito. O infinito é o meu tempo com a Raquel. É essa a minha Natureza, seja ela natural ou não.
O melhor Amor não é aquele que começa, é aquele que não acaba. A Natureza está cheia de merdas que não me são naturais. O fim do Amor é uma delas, talvez a mais grave. Por favor, não me perguntem pelo passado do Amor. Perguntem-me pelo futuro, aquele que eu não posso contar pelos dedos.
Arrotos e Soluços from oruminante on Vimeo. Uma casa, quatro comodistas, quatro pessoas: um apático, um revoltado, um submisso e um faminto. Personagens que, ao mesmo tempo, somos todos nós. Entre arrotos e soluços, entre a vontade de comer e a gana saciada, uma galinha. E a certeza de que a fome cria monstros. Um filme cujo único valor é levar o WC para a mesa do jantar.
O sémen é uma estação à beira cio onde o sexo o meu grande sonhador existe; um absciso animal que no escuro enche revolucionário o sentir sobre o execrado, ao detonar a caligrafia, narra pela página o órgão empunhado que emerge íngreme ao arreigado, e tanto pode ser másculo ou feminil, porque dentro às mãos tudo é andrógeno, em centenas de diálogos que guerreiam lado a lado a primitividade das palavras que ao respirar arrancam vertigens dos genitais.