"Há sol a incidir nas mãos dele. Nos joelhos. Nas pernas. Há gente a passear frente a ele, outra deitada na relva, há criançada barulhenta em baloiços, a aproveitar um dia que podia ser de Verão, não fossem as noites ainda muito frias. Aquele pano de verde desce quase até ao rio, antes de se interromper por pedaços de cinzento e outras cores pintadas em cima do cinzento, e estradas com carros apressados e gente nervosa lá dentro, a querer chegar algures antes mesmo da razão de precisar chegar lá, e depois a água, a água a correr ao sabor da maré. Cruza a perna por um momento, ajeita-se no banco onde está sentado, braço esticado, o conforto do calor que aquece o rosto e o telefone pousado ao seu lado. Ele a olhar o telefone e o telefone a olhar para ele. A dizer-lhe “pega-me”, “usa-me”. A mão desobedece à conveniência do momento e pega no telefone, usa-o, abusa-o, e ao primeiro som da voz que atende só tem uma pergunta para fazer: Como está a tua agenda? Quero marcar uma coisa contigo para sempre."
João
Geografia das Curvas
22 junho 2015
Postalinho da vulva na montra
"Que coisa é esta numa montra do centro comercial Dolce Vita, em Coimbra?!...
... Ah! É um búzio!"
Paulo M.
... Ah! É um búzio!"
Paulo M.
21 junho 2015
Luís Gaspar lê «A Margem» de Octavio Paz
Tudo o que brilha na noite,
colares, olhos, astros,
serpentinas de fogos de cores,
brilha em teus braços de rio que se curva,
em teu pescoço de dia que desperta.
A fogueira que acendem na floresta,
o farol de pescoço de girafa,
O olho, girassol da insónia,
cansaram-se de esperar e perscrutar.
Apaga-te,
para brilhar não há como os olhos que nos vêem:
contempla-te em mim que te contemplo.
Dorme,
veludo de bosque,
musgo onde reclino a cabeça.
A noite com ondas azuis vai apagando estas palavras,
escritas com mão volúvel na palma do sonho.
(Tradução de Luís Pignatelli)
Octavio Paz
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Paralelas assimétricas
Patife
@FF_Patife no Twitter
20 junho 2015
«conversa 2120» - bagaço amarelo
Eu - É novo?
Ela - Sim.
Eu - Gosto, é bonito.
Ela - Mas não gostas assim tanto...
Eu - Gosto, gosto.
Ela - Pelo teu tom de voz, não sei se gostas.
Eu - Qual tom de voz?! Se eu disse que gosto é porque gosto. Se não gostasse, dizia que não gostava.
Ela - E se só gostasses mais ou menos?
Eu - Dizia que gostava mais ou menos.
Ela - Os homens são mesmo incompreensíveis.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Sexto sentido» - por Rui Felício
Vaporizador de Perfume «Narcissus» Colecção de arte erótica «a funda São» |
O brilho dos teus olhos que ofusca
A luz do teu sorriso que ilumina
Apagam a escuridão que me rodeia.
Sorvo o teu beijo que incendeia
Saboreio a tua pele e o teu gosto
Escuto o teu sussurro, o teu gemido.
Arrepanho ansioso o lençol alvo
Desvendo as curvas dos teus seios
Das ancas, das coxas e do ventre...
Paira no ar o teu perfume...
Algo me diz que és tu, só tu!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
19 junho 2015
Clitóris, a grande nau o prepúcio lambe aos destroços e a boca queima em direções paralelas à fuselagem.
Estrangula ou degola a escuridão, a sombra dum arco altissonante e labiríntico que esculpe do largar a medida de entre duras arestas que desmata cego, provocando em tudo o órfico a soma de dois orifícios num único arquipélago.
Luísa Demétrio Raposo
Estrangula ou degola a escuridão, a sombra dum arco altissonante e labiríntico que esculpe do largar a medida de entre duras arestas que desmata cego, provocando em tudo o órfico a soma de dois orifícios num único arquipélago.
Luísa Demétrio Raposo
Subscrever:
Mensagens (Atom)