Parte-se-me o coração de o ver ali estatelado no sofá cansado do trabalho que já não pode com uma gata pelo rabo com uns olhos meiguinhos a fazer vaivém entre o seu zézinho e a minha face que uma mulher não é de ferro.
E fui buscar a caixa dos kleenex macios mesmo perante o seu olhar de reprovação e pousei-a à beirinha do sofá. Com os joelhos flectidos sentei-me sobre as suas ancas e atirei com a t-shirt de alcinhas para rapidamente alternar os meus mamilos na sua boquinha em busca da sua linguita molhada e do seu sugador instinto primário. Desapertei-lhe a camisa e espreguicei os meus braços no seu peito enquanto andava para trás como o caranguejo para fazer o bonitinho de meter os dentes na fivela do cinto que dá sempre o ar de animal selvagem a querer devorar a presa mesmo que depois tenha sido à mão que o desapertei e lhe abri a braguilha para com ambas as mãos lhe pegar o músculo ainda amolecido e o lamber de cima abaixo e às voltas enquanto ora esticava os dedos pelo meio das suas bolinhas esponjosas ora as amassava até a consistência permitir degluti-lo centímetro a centímetro de forma cada vez mais enérgica.
Partiu-se-lhe o coração de eu ter terminado a limpar afincadamente a boca mas estou tão satisfeita comigo porque nesta época crítica de dietas não posso engolir nem mais um grama para não estragar a figura a exibir na praia e assim como nos anúncios de iogurte empenho-me nas calorias pelo zero, o sabor por inteiro.
As mulheres deviam ser proibidas de pedir a um homem que lhes abra um frasco de azeitonas. Ao contrário do que parece, nunca é um pedido inocente. Pelo contrário, é tortura psicológica e humilhação gratuita.
Há três coisas que elas sabem quando fazem tal pedido: que ele não vai recusar, que ele não vai conseguir e, finalmente, que ele se vai sentir envergonhado. É por isso que o fazem. Por isso, e porque assim o reduzem a um mero instrumento doméstico: "Olha, preciso de abrir este frasco e lembrei-me de ti". Acontece-lhes o mesmo com o secador de cabelo, do qual só se lembram depois do banho.
O grande problema de um homem que não consegue abrir um frasco de azeitonas passa, naquele exacto momento, a ser o mesmo de um secador de cabelo avariado. Não serve para nada. No desespero, a humilhação aumenta quando ele se se põe a secar as mãos num pano de cozinha enquanto vai dizendo que as tem húmidas. Ao mesmo tempo, entre risos fininhos, elas vão assumindo uma condescendência cruel, do género "deixa lá, eu vou pedir ao vizinho!"
Homens de todo o mundo, quero dizer com orgulho que ontem recusei o pedido duma mulher para abrir um frasco de azeitonas. Não foi fácil, mas alguém tinha que ser o primeiro. A partir de agora também o podem fazer sem terem que ouvir que os outros nunca se recusam a tal coisa. Libertei-vos para sempre do Síndrome do Frasco.
Deu por si, sentada no sofá a recordar a noite do casamento.
Uma noite única, especial, em que os maridos acedem a todos os pedidos das noivas, para lhes satisfazerem os mais escondidos desejos...
Mas, com ela, tinha sido diferente. Naquela noite, já nua, deitada na cama do hotel, a boca contraída, o olhar felino, estendia o braço para o João. Com a voz rouca de emoção, pedia-lhe, implorava-lhe, suplicava-lhe que a aliviasse daquela ânsia, que lhe relaxasse o aperto que ela sentia no corpo e no coração.
Mas o João não fez o que ela lhe pedia. Não matou aquela nojenta osga agarrada à parede...
Clara era uma bonita mulher. O seu corpo esbelto amadurecido pelos anos tinha ganho a firmeza das formas que a tornavam ainda mais atraente do que quando tinha casado há 15 anos atrás.
O Pedro, seu marido, porém, fosse por receio dos olhares que os outros homens poderiam dardejar à sua mulher, ou fosse pelo inato conservadorismo machista de que padecia, ou ainda pela insegurança que o caracterizava, obrigava a Clara a vestir-se de forma apagada, cinzenta, incaracteristica, a usar os cabelos soltos e mal tratados, a não se maquilhar nem perfumar.
Até o sorriso ela tinha que dominar, obrigando-a a afivelar uma máscara triste, sombria.
No domingo passado, ficou estupefacto quando ela saiu do quarto para ir com ele à missa, como era hábito todas as semanas.
«Os tomates do padre Inácio»,
barro vermelho vidrado,
Júlia Ramalho,
Barcelos, 2007
Peça feita especialmente para a colecção
de arte erótica «a funda São»
A Clara tinha pintado os lábios com um baton escarlate que lhe realçava a brancura dos dentes, vestira-se com um vestido de seda azul marinho um tanto transparente, debaixo do qual se adivinhavam os contornos do seu corpo apetitoso, elegantissima em cima de uns sapatos de salto pontiagudo.
O Pedro nem queria crer em tal desaforo. Criticou-a pelo exibicionismo pouco adequado a uma senhora casada e respeitável. Chamou-lhe desavergonhada e pecadora, desrespeitando os mandamentos de Deus. Duramente, intimou-a.a mudar de roupa e a limpar o pecaminoso baton. Não iriam assim para a missa.
A Clara nem quis explicar-lhe que aquele era o dia de aniversário do seu casamento que ela queria comemorar de forma especial. Data de que ele nem sequer se lembrava!
Obedeceu-lhe, naturalmente contrariada.
Mas á tarde foi ao confessionário da igreja de Santo Isidoro e contou tudo ao padre, perguntando-lhe se ele a achava uma pecadora.
O jovem padre, docemente, do outro lado da rede do confessionário, sussurrou-lhe:
- Minha filha, volte para casa, pinte-se como entender, vista-se como achar melhor e volte cá.
Fico à sua espera...
«Suíte do Quelemeu», de Tavinho Moura, Antônio Rodrigues e Uakti. Esta canção fez parte da banda sonora do filme «Cabaret Mineiro», de 1980, cantada por Nelson Dantas.
Vamo dançá tudo nu, tudo nu,
Tudo cum dedo no cu, menos eu
Tudo cá bunda de fora, é agora,
Você disse qui dava e num deu.
Ispora no pé tá tinino, tá tinino,
Pica no cu tá sumino, tá sumino,
Larga teu marido, muié e vem fudê mais êu.
Teu marido é bão, muié,
Mai num fode cuma iêu.
A foda é boa, é de madrugada
De minhã cedo num vale nada
A pica tá dura qui tá danada
Ela entra inxuta ela sai moiada.
Mas a muié de cumpade Mané Pêdro
Tem cabelo no cu qui faz medo.
Ela chorava, ela gimia,
Era os cabelo do cu que doía
Ela chorava, ela gimia,
Era os cabelo do cu que doía.
Pilei o mio no pilão de sapucaia
Qui o bicho qui mata hôme
Mora dibaixo da saia
Adonde a pica trabáia.
Ocê disse qui dava e num deu,
Manda pra cá esse cu quelemeu!
Do pentelho raramente se venera a cor e no entanto é-me a mais inteira. Pigmento d`alma onde se debruça um assomar e mais se escancara a esfolha porque quando o aroma poisa, a tinta desaparece. Sérios pensamentos são forças tão vazes como a desperta de um desvaneio percetível na ira do pénis quando a meio da robusta nádega, sangra.
Saco em tecido com reprodução de ilustração de Ale Kalko.
Um acessório da Bebel Books baseado nos livros «Suruba para colorir» e que fica muito bem na minha colecção.