"Vou fechar-te a porta na cara, vou empurrar-te para fora da minha vida, vou socar-te, pontapear-te com toda a minha força, vou afastar-te de mim com os meus braços, tudo isto ela lhe disse, vou querer que estejas morto e calado, longe de tudo o que é meu, vou querer que a tua face seja lama, o teu nome proscrito e as mãos uma lembrança fria. Tudo isto eu vou querer, disse-lhe ela, e fechou-lhe a porta à saída. No trinco."
João
Geografia das Curvas
13 julho 2015
12 julho 2015
Luís Gaspar lê «Luzia Sánchez» de João Soares Coelho
Luzia Sánchez, estais em grande falta
comigo, que nom fodo mais nada senão
uma vez; e, pois fodo, se Deus me valer
fique disso afrontado bem por três dias.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.
Vejo-vos deitar comigo muito defraudada,
Luzia Sánchez, porque não fodo nada;
mas se eu com isso vos satisfizesse,
pois eu foder não posso, peidar-vos-ia.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.
Deu-me o Demo esta pissuça cativa,
que já nem pode cuspir saíva
e, de certo, parece mais morta que viva,
e se lh’ardess’a casa, não s’ergueria.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.
Deitaram-vos comigo para mal dos meus pecados;
pensais de mi coisas tão desconcertadas,
cuidais dos colhões, que tragu’inchados,
porque o são com foder e é com doenças
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.
João Soares Coelho
O poema “Luzia Sanchez”, é um típico exemplo da Poesia Medieval Portuguesa e foi gravado para o livro eletrónico “Coletânia de Poesia Portuguesa – I Volume”, disponível aqui.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
Teresas e Afonsos aos molhos
Num tempo em que 45 anos eram a esperança média de vida que tudo a mais disso era bónus a Teresa foi despachada aos 13 pelo pai, para um gajo francês de meia idade, o Henrique, que tinha 24 e ainda recebeu de dote o Condado Portucalense, tudo por mor de uns serviços de espadeirada pela Galiza afora.
Quando aos 46 o gajo bateu a bota dedicou-se então Teresa aos encantos de um sensual galego, vinte anos mais novo, o Fernão Peres de Trave que era casado com Sancha Gonçales, coisa a que não se ligava nenhuma na época que sexo era sexo e contratos eram contratos e não tinha o cu a ver com as calças. Aliás, a mãe de Teresa também não era a esposa de Afonso seu pai. Certo é que a Teresa e o Fernão devem ter funcionado bem na cama porque tiveram duas mimosas filhas, a Sancha e a Teresa.
Afonso, o filho de Teresa e de Henrique é que a páginas tantas puxou o tapete à mãe, à espadeirada como era uso nessa época e, lá ficou ele a mandar no Condado.
A menina dos olhos de Afonso e que até lhe levantava mais qualquer coisa abaixo do umbigo era a Flâmula Gomes, que o fizera pai de Fernando Afonso e de Pedro Afonso, mas ser rei obrigava-o a casar com uma princesa e para esse efeito lá mandou vir do estrangeiro a Mafalda que cumpriu plenamente as funções que lhe foram confiadas e em 12 anos pariu 7 rebentos tendo mesmo morrido no parto do último.
E nem sequer fazem o meu género...
Patife
@FF_Patife no Twitter
11 julho 2015
«Amor e carapau frito» - bagaço amarelo
Sou português por mero acaso. Se tivesse nascido noutro sítio, era doutro sítio. Por acaso nasci aqui, neste país. Gosto, apesar de tudo o que não gosto. De qualquer forma, orgulho, orgulho mesmo, não posso dizer que tenha.
Ainda assim, sinto-me português de gema em muitas situações. Quando joga a selecção de futebol não sinto nada, mas quando como carapau frito com arroz de tomate, sim, sinto. Se houver algum motivo de orgulho neste país é esse. Acreditem que é um bom motivo.
Acontece-me mais ou menos o mesmo com vinho tinto, sardinha assada com pimento e alguma música, principalmente fado. Por falar em música, é uma área em que sou muito mais africano e brasileiro do que europeu.
Voltando a Portugal, e para além do carapau frito com arroz de tomate, acredito que tive a sorte de nascer num país bom para me apaixonar. A razão é simples: a única mulher do mundo inteiro por quem eu me poderia apaixonar é portuguesa. Foi uma sorte brutal que eu tive, porque isso me permitiu conhecê-la.
Espremo o mundo inteiro e é essa a razão de eu gostar deste país: poder apaixonar-me nele e conseguir acreditar na enorme mentira que me diz que nunca me apaixonaria noutro lugar.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Noite de núpcias» - por Rui Felício
«Amor, mulheres e casamento» Arthur Schopenhauer, 1980 Biblioteca da colecção de arte erótica «a funda São» |
Faz hoje anos que a Sandra se casou.
Deu por si, sentada no sofá a recordar a noite do casamento.
Uma noite única, especial, em que os maridos acedem a todos os pedidos das noivas, para lhes satisfazerem os mais escondidos desejos...
Mas, com ela, tinha sido diferente. Naquela noite, já nua, deitada na cama do hotel, a boca contraída, o olhar felino, estendia o braço para o João. Com a voz rouca de emoção, pedia-lhe, implorava-lhe, suplicava-lhe que a aliviasse daquela ânsia, que lhe relaxasse o aperto que ela sentia no corpo e no coração.
Mas o João não fez o que ela lhe pedia. Não matou aquela nojenta osga agarrada à parede...
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
O novo ministro das Finanças grego assinou assim o documento para a Europa
O documento completo é este e o... caralho está na página 7.
Afinal... assinou ou rubricou, caralho?
Afinal... assinou ou rubricou, caralho?
10 julho 2015
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