15 julho 2015

«respostas a perguntas inexistentes (305)» - bagaço amarelo

O tamanho do mundo

O tamanho do mundo altera-se com o Amor. É mais pequeno quando vivemos um e maior, muito maior, quando não vivemos. Reparei nisso uma vez quando fui tomar café ao bar do outro lado da rua, aquele que se vê da varanda do meu segundo andar. Nunca mais lá chegava e, quando cheguei, senti-me como se tivesse acabado de atravessar um deserto. Ainda por cima, ainda tinha que fazer o mesmo na direcção oposta.
É o tempo do Não Amor que torna o mundo maior, porque esse é o tempo em que se espera todos os segundos que aconteça alguma coisa boa. Uma paixão, por exemplo. Mas nunca acontece nada e cada segundo transforma-se numa hora. Atravessar uma rua passa a ser uma viagem de dias.
Quando nos apaixonamos, o mundo encolhe subitamente. Está tudo à nossa mão porque também o está a mão do nosso Amor. Quando entramos no bar e pedimos café, já nem nos lembramos do carro que nos apitou por atravessarmos a rua tão depressa.
É assim que se vê o tamanho de um Amor. É sempre inverso ao tamanho do mundo. Até porque existindo, é ele o nosso mundo.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Charada gráfica

O Lourenço M. criou esta charada e autorizou-nos a publicá-la aqui. E deixa duas pistas:
"É uma quadra a rimar.
Não há duas iguais (com o mesmo significado)..."


Cadeia de produção



14 julho 2015

Eric Prydz - «Call on me» (chama-me)


Eric Prydz - Call On Me (18+) from MaxI on Vimeo.

Como aquele que não sabia se o médico disse que a mulher sofria dos ovários ou que fodia com vários


"A minha pila não pode enervar-se, disse-me o médico."
"Atão porquê?"
"Diz que é por ser hiperextensa."


Sharkinho
@sharkinho no Twitter

Postalinho de Tomar

"Na Festa dos Tabuleiros de Tomar, descobri que a beselga, nome dado em alguns locais à... fiarresga... à passarinha... à amêijoa... à... etc. lá é uma freguesia."
Paulo M.


D. Quixote não fica sem chupança

Quadro em madeira com figuras em alto relevo de Sancho Pança a jurar fidelidade a D. Quixote, da forma mais apaixonada possível.
Da sexão «O que não é suposto ser erótico», da minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)



13 julho 2015

Neato Robotics - «Uma noite por um fio... de cabelo»

«Proscrito» - João

"Vou fechar-te a porta na cara, vou empurrar-te para fora da minha vida, vou socar-te, pontapear-te com toda a minha força, vou afastar-te de mim com os meus braços, tudo isto ela lhe disse, vou querer que estejas morto e calado, longe de tudo o que é meu, vou querer que a tua face seja lama, o teu nome proscrito e as mãos uma lembrança fria. Tudo isto eu vou querer, disse-lhe ela, e fechou-lhe a porta à saída. No trinco."

João
Geografia das Curvas

Norman Lindsay - «Summer reverie», 1938


Via mon ami Bernard Perroud

É mais ou menos assim mesmo



Capinaremos.com

12 julho 2015

«Transgressões»


TRANSGRESSIONS (Rated R) film and music by Peter Coukis from Peters Murphy Coukis on Vimeo.

Luís Gaspar lê «Luzia Sánchez» de João Soares Coelho


Luzia Sánchez, estais em grande falta
comigo, que nom fodo mais nada senão
uma vez; e, pois fodo, se Deus me valer
fique disso afrontado bem por três dias.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.

Vejo-vos deitar comigo muito defraudada,
Luzia Sánchez, porque não fodo nada;
mas se eu com isso vos satisfizesse,
pois eu foder não posso, peidar-vos-ia.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.

Deu-me o Demo esta pissuça cativa,
que já nem pode cuspir saíva
e, de certo, parece mais morta que viva,
e se lh’ardess’a casa, não s’ergueria.
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.

Deitaram-vos comigo para mal dos meus pecados;
pensais de mi coisas tão desconcertadas,
cuidais dos colhões, que tragu’inchados,
porque o são com foder e é com doenças
Por Deus, Luzia Sánchez, Dona Luzia,
se eu vos pudesse foder, foder-vos-ia.

João Soares Coelho
João Soares Coelho (1200-1278) foi um Rico-homem e cavaleiro medieval do Reino de Portugal e do conselho real do rei D. Afonso III.
Foi senhor do senhorio da vila de Souto de Riba-Homem por doação régia datada de 1254. Foi como Rico Homem e cavaleiro que acompanhou o Rei D. Afonso III de Portugal nas guerras que este monarca travou para a conquista do Algarve, particularmente em 1249. Foi por esses serviços que o rei lhe fez couto da Quinta do Souto em 1254.
O poema “Luzia Sanchez”, é um típico exemplo da Poesia Medieval Portuguesa e foi gravado para o livro eletrónico “Coletânia de Poesia Portuguesa – I Volume”, disponível aqui.


Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa