Incensário / queimador de incenso em barro, proveniente da ilha de Cuba, representando um homem e em que o suporte do pau de incenso é o pénis.
Viva Cuba libre!
Doação do amigo Rui Barreiros para a minha colecção.
Há uma altura em que deixamos de gostar do nosso aniversário. É a mesma altura em que quando dizemos a nossa idade a alguém que acabámos de conhecer, queremos sempre ouvir a banalidade de que parecemos mais novos. As banalidades são boas e vêm sempre acompanhadas do dia seguinte, que é o melhor de todos. O dia seguinte é aquele em que não fazemos anos e ainda falta um ano inteiro para os fazer de novo. O tempo torna-se uma expectativa tão grande e despreocupada como quando somos novos.
Aos quarenta, já aprendemos que o dia seguinte se torna sempre o mais importante. Até no Amor. Quando um homem se apaixona por uma mulher e a leva para a cama (digo isto tendo a consciência que é sempre ela que o leva para a cama a ele), não é esse o momento mais ansiado, mas sim o dia seguinte. O dia seguinte é aquele em que o sexo já está consumado e todas as conversas se libertaram do jogo do engate.
Quando a coisa corre muito bem, talvez ela até se levante antes dele e passeie nua pelo quarto como se a sua nudez fosse habitual. Só aí, um homem sorri por dentro sem sorrir por fora.
O dia seguinte é o verdadeiro dia das apresentações. Os corpos já se conhecem, por isso só falta o resto. E isto acontece mesmo quando ambos já saíam há anos, porque a nudez é sempre uma novidade.
Quando um Amor termina, o que acaba com ele não são as expectativas da primeira noite, mas sim a promessa criada no dia seguinte. Foi nesse dia que nos mostrámos tal como queremos ser o resto da vida: apaixonados. Cada grito, cada ofensa, cada mal estar ou zanga que surja no futuro vem desmentir tudo aquilo a que nos propusemos no dia seguinte.
A primeira noite é apenas um beijo. O dia seguinte é tudo. Às vezes nada.
«H&E Naturist» - August 2015 - revista naturista do Reino Unido com um artigo de fundo (e de capa) sobre o naturismo em Portugal (páginas 34 a 47).
Um documento importante para a minha colecção.
"Naquele chuveiro existia uma grande vidraça, fosca, por onde a luz da rua podia entrar e a tua sombra sair, vagueando pelo resto do espaço que ocupáramos, mas o teu corpo estava ali muito presente, e a água quente batia na tua pele e fazia pequenos rios que escorriam entre vales e valeiros, e o teu cabelo molhado era fonte de gotas pesadas que se avolumavam até juntar aos rios e cair aos teus pés. De costas para mim aproveitavas as chicotadas da água quente, e eu admirava-te, mergulhava o meu olhar em ti enquanto oscilavas muito lentamente o corpo, com as mãos afastadas, apoiadas na vidraça ao nível da tua cabeça. Sobrepus as minhas mãos às tuas, como que te dizendo que não te movesses, e empurrei suavemente o teu corpo, o meu caralho duro a enfiar-se entre as tuas pernas, e tu como que a ronronar, a repetir o meu nome, uma vez, várias vezes, porque me fazes isto, porquê?, e a água quente a cair sobre nós, o meu beijo no teu pescoço, os teus lábios com sede e o tempo a passar. Havíamos de chegar a horas, noutro dia qualquer."