"nakedHEART (Coração Despido) é o projecto artístico do fotógrafo alemão Gerrit Starczewski, onde centenas de pessoas nuas se reúnem num festival para serem fotografadas por Gerrit, com a intenção de encorajar uma experiência intuitiva e colaborativa do corpo, da arte e da música."
Blog Sweetlicious
nakedHEART // MELT 2015 // Aftermovie from Gerrit Starczewski on Vimeo.
19 setembro 2015
O fim do mundo em cuecas
Patife
@FF_Patife no Twitter
«Amor na areia» - por Rui Felício
É recorrente...
Todos os anos, nesta data, recordo a Anne Marie, um amor que me marcou para sempre.
Ao fim da tarde, terminada a instrução militar no quartel instalado no Convento de Mafra, corríamos às casernas, limpávamos a poeira debaixo do duche, fardávamo-nos e apressadamente integrávamos a formatura de saída, sujeitando-nos a uma rigorosa inspecção prévia sobre o nosso atavio.
Destroçávamos, logo a seguir à porta de armas e, como formigas, cada um se dirigia aos mais variados locais. Uns iam ao Frederico para se amesendarem para um belo bife com batatas fritas. Outros, iam jogar bilhar, outros ainda, a maioria, aceleravam os carros em direcção à Ericeira para petiscarem no Caniço, comer uma mariscada no Pinta, ou dançar nos bailes do Parque de Santa Marta. Tudo tinha que ser feito a mata cavalos porque, depois da uma da manhã, o quartel encerrava as suas portas e quem não se apresentasse até essa hora seria severamente punido.
O Rui Alvarez e eu embarcámos no seu velho DKW e enfileirámos atrás de muitos outros a caminho da Ericeira. Na Toca do Caboz, já nos esperavam para jantar, as nossas duas namoradas francesas que ali passavam férias e que há quinze dias conhecêramos na discoteca do Ouriço.
Naquele dia, em vez de irmos para a discoteca como era costume, decidimos, depois de jantar, ir passear para o areal da Foz do Lisandro, já noite fechada.
O Rui Alvarez e a sua namorada ficaram dentro do carro. A Anne Marie e eu, caminhámos de mãos dadas na orla das ondas que desmaiavam na praia.
Primeiro uns beijos, umas caricias. Depois já com os corpos grudados num abraço, caímos no areal molhado. Rebolámos, jurámos amor eterno. Os sussurros e os gemidos abafados pelo barulho da rebentação das ondas, e pelo testemunho secreto e o conluio do mar.
Era quase meia noite e meia. Fomos até ao carro e eu disse ao Rui Alvarez que ainda tínhamos que as levar ao hotel e regressar a Mafra antes do quartel encerrar as portas. Tínhamos que nos despachar...
O percurso até Mafra foi feito em louca aceleração. Uma nuvem de poeira pairou no ar à nossa chegada. Era uma em ponto!
Coloquei-me na fila de cadetes formada à entrada do quartel.
Quando chegou a minha vez, perfilei-me em sentido face a face com o Oficial de Dia para lhe entregar o documento de dispensa e, depois da continência, debitei a lenga lenga do costume:
- Apresenta-se o cadete numero mecanográfico 01236565, que pede permissão para entrar.
O Oficial de Dia mirou-me de alto a baixo e sentenciou em voz brusca:
- Não posso permitir a sua entrada, mal ataviado como está. Saia, sacuda-se e depois volte.
Foi cá fora que me apercebi. Com a ajuda do sentinela, limpei as enormes pastas de areia molhada que permaneciam coladas nas costas do meu blusão e no colarinho da camisa...
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Todos os anos, nesta data, recordo a Anne Marie, um amor que me marcou para sempre.
Ao fim da tarde, terminada a instrução militar no quartel instalado no Convento de Mafra, corríamos às casernas, limpávamos a poeira debaixo do duche, fardávamo-nos e apressadamente integrávamos a formatura de saída, sujeitando-nos a uma rigorosa inspecção prévia sobre o nosso atavio.
Destroçávamos, logo a seguir à porta de armas e, como formigas, cada um se dirigia aos mais variados locais. Uns iam ao Frederico para se amesendarem para um belo bife com batatas fritas. Outros, iam jogar bilhar, outros ainda, a maioria, aceleravam os carros em direcção à Ericeira para petiscarem no Caniço, comer uma mariscada no Pinta, ou dançar nos bailes do Parque de Santa Marta. Tudo tinha que ser feito a mata cavalos porque, depois da uma da manhã, o quartel encerrava as suas portas e quem não se apresentasse até essa hora seria severamente punido.
O Rui Alvarez e eu embarcámos no seu velho DKW e enfileirámos atrás de muitos outros a caminho da Ericeira. Na Toca do Caboz, já nos esperavam para jantar, as nossas duas namoradas francesas que ali passavam férias e que há quinze dias conhecêramos na discoteca do Ouriço.
Naquele dia, em vez de irmos para a discoteca como era costume, decidimos, depois de jantar, ir passear para o areal da Foz do Lisandro, já noite fechada.
O Rui Alvarez e a sua namorada ficaram dentro do carro. A Anne Marie e eu, caminhámos de mãos dadas na orla das ondas que desmaiavam na praia.
Primeiro uns beijos, umas caricias. Depois já com os corpos grudados num abraço, caímos no areal molhado. Rebolámos, jurámos amor eterno. Os sussurros e os gemidos abafados pelo barulho da rebentação das ondas, e pelo testemunho secreto e o conluio do mar.
Era quase meia noite e meia. Fomos até ao carro e eu disse ao Rui Alvarez que ainda tínhamos que as levar ao hotel e regressar a Mafra antes do quartel encerrar as portas. Tínhamos que nos despachar...
O percurso até Mafra foi feito em louca aceleração. Uma nuvem de poeira pairou no ar à nossa chegada. Era uma em ponto!
Coloquei-me na fila de cadetes formada à entrada do quartel.
«Amar e amar, há ir e voltar» Placa em cartão, dos anos 70, da colecção de arte erótica «a funda São» |
- Apresenta-se o cadete numero mecanográfico 01236565, que pede permissão para entrar.
O Oficial de Dia mirou-me de alto a baixo e sentenciou em voz brusca:
- Não posso permitir a sua entrada, mal ataviado como está. Saia, sacuda-se e depois volte.
Foi cá fora que me apercebi. Com a ajuda do sentinela, limpei as enormes pastas de areia molhada que permaneciam coladas nas costas do meu blusão e no colarinho da camisa...
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
18 setembro 2015
Eva portuguesa - «Dedicatória»
Há pessoas (poucas, muito poucas) que, mais que ver alguém, conseguem sentir-nos. Que são tão livres que não se prendem a rótulos. Que ao verem os nossos defeitos ainda nos sentem mais belos. Há pessoas (raras) que sabem ver com o coração...
Deixo aqui a dedicatória que uma pessoa assim me enviou sob a forma de mensagem. É a minha modesta forma de homenagear e agradecer ela pertencer a esse grupo tão único, especial e restrito.
A ti,o meu muito obrigado!
"Hoje tive a certeza que não previa, Não acreditei que pudesse acontecer , O amor mais uma vez floresceu...
Senti a tua falta! Desejo sentir o toque das tuas mãos percorrendo o meu corpo, Sentir o calor dos teus beijos. Sentir-me vivo...
Sentir o calor do teu corpo colado ao meu. Viver as melhores emoções contigo ao meu lado!
Sentir-te...
Amar, sentindo esta loucura de ti, as minhas mãos à procura das tuas,
Desejando...
Neste momento, sentir o teu amor! Alimentar-me deste amor...
A minha vida está em tuas mãos. Sinto-me tão frágil e tão feliz! Sinto medo... mas o amor que sinto por ti é maior que os meus medos e não quero importar-me...
Quero somente amar-te e sentir-te..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Deixo aqui a dedicatória que uma pessoa assim me enviou sob a forma de mensagem. É a minha modesta forma de homenagear e agradecer ela pertencer a esse grupo tão único, especial e restrito.
A ti,o meu muito obrigado!
"Hoje tive a certeza que não previa, Não acreditei que pudesse acontecer , O amor mais uma vez floresceu...
Senti a tua falta! Desejo sentir o toque das tuas mãos percorrendo o meu corpo, Sentir o calor dos teus beijos. Sentir-me vivo...
Sentir o calor do teu corpo colado ao meu. Viver as melhores emoções contigo ao meu lado!
Sentir-te...
Amar, sentindo esta loucura de ti, as minhas mãos à procura das tuas,
Desejando...
Neste momento, sentir o teu amor! Alimentar-me deste amor...
A minha vida está em tuas mãos. Sinto-me tão frágil e tão feliz! Sinto medo... mas o amor que sinto por ti é maior que os meus medos e não quero importar-me...
Quero somente amar-te e sentir-te..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«conversa 2125» - bagaço amarelo
Eu - Então?
Ela - Estou cansada de discutir. Preciso de paz e de sossego.
Eu - Compreendo... mas não acho muito bem.
Ela - Porquê?
Eu - Porque assim perdes a capacidade de intervir. É como se não existisses em muitos aspectos.
Ela - Não existo, o tanas é que não existo.
Eu - Se não discutes, não existes. É o princípio da dialéctica. Tornas-te inútil.
Ela - Sabes onde é que podes meter a dialéctica? No teu cuzinho.
Eu - Tem calma. Só estava a...
Ela - Estavas a dizer que eu sou uma inútil.
Eu - Pensei que estavas numa fase da vida em que não discutias...
Ela - Contigo abro uma excepção.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Onde é que está o amor e onde é que o posso encontrar?» - Ruim
Quando me perguntam “onde é que está o amor e onde é que o posso encontrar?” eu respondo sempre à minha namorada que de certeza não é naqueles antros noturnos onde ela e a manada das amigas vão e que saia da frente da TV.
Aqui em Alhos Vedros não há muito onde ir: temos o parque do jardim central para ler um bom livro numa tarde de primavera ou fazer as palavras cruzadas do Correio da Manhã, o café Central onde o grupo de chinquilho se junta todas as noites para uma partida de dominó e uma casa de putas disfarçada de vivenda abandonada da qual a madame é a Dona Máxima “Peixeira” que pelos vistos à noite dedica-se a vender bacalhau às sardas.
Por isso muitas vezes me desloco para zonas vizinhas no meu Renault Clio de 91 com o CD “Kadoc The Night Sessions” a rodar no meu auto-rádio (é um clássico, vão-se foder!). E o que mais gosto de fazer nestas aventuras a sós é simplesmente adotar a postura de farol humano e observar o que se passa ao meu redor pois estes sítios sempre me trouxeram dissabores. E cedo percebi que a mãe dos meus filhos não vai estar de minissaia, a fazer das pessoas varões de strip, de Martini Bianco na mão ou que merda de bebida amaricada essas gajas bebem e que se eu lhe passasse uma luz negra do CSI pela cara diria que a moça era arraçada de dálmata. Cedo entendi isto. Pelos vistos a maioria ainda não entendeu que, em nenhuma altura, um casal feliz se conheceu assim e no entanto continuo a ver hordas de pessoas e pessoínhas convencidas que vão encontrar a Rainha Cândida na noite mas só voltam com a Princesa Candidíase pela manhã. Não estou com isto a dizer que se deve ir para a porta do Museu Nacional de Arte Antiga conhecer pessoas ou montar uma banca de venda de lenços para a cabeça em frente ao IPO pois nem muito ao mar nem muito à terra. E a primeira pista que devem atentar é porque a transação comercial de uma casa de putas não difere muito de a de uma discoteca. Disse-me um amigo meu (vamos chamá-lo de Tinoco), disse-me o Tinoco que, numa casa de putas é habitué que a rapariga se sente junto a ele e lhe diga isto:
- “Olá Tinoco, tudo bem desde ontem? Pagas-me uma bebida?”
- “Sim, gaja de meia-idade escafiada por lenhadores e mecânicos da Autoeuropa que finge estar atraída por mim para me sugar até ao tutano”
- “Ok, são 40€”
E a coisa desenrola por si só sem muito mais conversa. Porque é que minigarrafas de champagne custam tanto? Não sei. Suspeito que é por serem anões mágicos da Terra Média a engarrafá-las mas não vamos divagar sobre isso.
Na discoteca o diálogo é este:
- “Olá Jéssica, tudo bem desde ontem? Queres que eu te pague uma bebida?”
- “Sim, melhor amigo do meu namorado”
- “Ok, são 40 bicos”
Só não vê quem não quer. Em ambas as situações podemos pedir fatura da bebida em causa, o que é giro pois causa um paradoxo fiscal: o tipo é que fica com a fatura mas elas é que são as consumidoras finais (trocadilho extremamente javardo que me orgulho).
O amor não está nos strobes de uma discoteca. E se não está ali então está onde? – perguntas tu que estás a ler isto sozinha a uma sexta-feira a fazer festinhas ao teu gato Rodolfo enquanto o bacalhau à brás aquece no micro-ondas. Pois, não sei. O amor não se procura, o amor acontece. E não se pode fazer acontecer. Quando ambos estiverem numa fila de supermercado e repararem que os dois compraram a mesma embalagem de quinoa ou quando duas mãos se toquem porque ambos se dirigiram ao mesmo livro do Oscar Wilde na FNAC, quando esse momento chegar vais entender porque vais sentir um sopro quente vindo não se sabe de onde, tremer por um segundo na voz e trocar um olhar que diz mil palavras que nem o maior dos trovadores teria palavras para descrever. Até lá podemos apenas sonhar que há um alguém por aí e por isso eu e o Tinoco hoje vamos sair… para efeitos de pesquisa.
Ruim
no facebook
Aqui em Alhos Vedros não há muito onde ir: temos o parque do jardim central para ler um bom livro numa tarde de primavera ou fazer as palavras cruzadas do Correio da Manhã, o café Central onde o grupo de chinquilho se junta todas as noites para uma partida de dominó e uma casa de putas disfarçada de vivenda abandonada da qual a madame é a Dona Máxima “Peixeira” que pelos vistos à noite dedica-se a vender bacalhau às sardas.
Por isso muitas vezes me desloco para zonas vizinhas no meu Renault Clio de 91 com o CD “Kadoc The Night Sessions” a rodar no meu auto-rádio (é um clássico, vão-se foder!). E o que mais gosto de fazer nestas aventuras a sós é simplesmente adotar a postura de farol humano e observar o que se passa ao meu redor pois estes sítios sempre me trouxeram dissabores. E cedo percebi que a mãe dos meus filhos não vai estar de minissaia, a fazer das pessoas varões de strip, de Martini Bianco na mão ou que merda de bebida amaricada essas gajas bebem e que se eu lhe passasse uma luz negra do CSI pela cara diria que a moça era arraçada de dálmata. Cedo entendi isto. Pelos vistos a maioria ainda não entendeu que, em nenhuma altura, um casal feliz se conheceu assim e no entanto continuo a ver hordas de pessoas e pessoínhas convencidas que vão encontrar a Rainha Cândida na noite mas só voltam com a Princesa Candidíase pela manhã. Não estou com isto a dizer que se deve ir para a porta do Museu Nacional de Arte Antiga conhecer pessoas ou montar uma banca de venda de lenços para a cabeça em frente ao IPO pois nem muito ao mar nem muito à terra. E a primeira pista que devem atentar é porque a transação comercial de uma casa de putas não difere muito de a de uma discoteca. Disse-me um amigo meu (vamos chamá-lo de Tinoco), disse-me o Tinoco que, numa casa de putas é habitué que a rapariga se sente junto a ele e lhe diga isto:
- “Olá Tinoco, tudo bem desde ontem? Pagas-me uma bebida?”
- “Sim, gaja de meia-idade escafiada por lenhadores e mecânicos da Autoeuropa que finge estar atraída por mim para me sugar até ao tutano”
- “Ok, são 40€”
E a coisa desenrola por si só sem muito mais conversa. Porque é que minigarrafas de champagne custam tanto? Não sei. Suspeito que é por serem anões mágicos da Terra Média a engarrafá-las mas não vamos divagar sobre isso.
Na discoteca o diálogo é este:
- “Olá Jéssica, tudo bem desde ontem? Queres que eu te pague uma bebida?”
- “Sim, melhor amigo do meu namorado”
- “Ok, são 40 bicos”
Só não vê quem não quer. Em ambas as situações podemos pedir fatura da bebida em causa, o que é giro pois causa um paradoxo fiscal: o tipo é que fica com a fatura mas elas é que são as consumidoras finais (trocadilho extremamente javardo que me orgulho).
O amor não está nos strobes de uma discoteca. E se não está ali então está onde? – perguntas tu que estás a ler isto sozinha a uma sexta-feira a fazer festinhas ao teu gato Rodolfo enquanto o bacalhau à brás aquece no micro-ondas. Pois, não sei. O amor não se procura, o amor acontece. E não se pode fazer acontecer. Quando ambos estiverem numa fila de supermercado e repararem que os dois compraram a mesma embalagem de quinoa ou quando duas mãos se toquem porque ambos se dirigiram ao mesmo livro do Oscar Wilde na FNAC, quando esse momento chegar vais entender porque vais sentir um sopro quente vindo não se sabe de onde, tremer por um segundo na voz e trocar um olhar que diz mil palavras que nem o maior dos trovadores teria palavras para descrever. Até lá podemos apenas sonhar que há um alguém por aí e por isso eu e o Tinoco hoje vamos sair… para efeitos de pesquisa.
Ruim
no facebook
17 setembro 2015
Postalinho nada claustrofóbico
"São Rosas,
Lembrei-me logo de ti, quando vi estes batentes!
Sabes onde é?
...
...
...
...
...
Claustros da Igreja de Santa Cruz,em Coimbra!"
Daisy Moreirinhas
Podem bater logo à porta do sétimo céu...
Lembrei-me logo de ti, quando vi estes batentes!
Sabes onde é?
...
...
...
...
...
Claustros da Igreja de Santa Cruz,em Coimbra!"
Daisy Moreirinhas
Podem bater logo à porta do sétimo céu...
"a tua cintura moldou-a o meu braço como um rio"
Medalha em bronze com dois versos do poema «Bela», de Pablo Neruda, em Português.
De autor e origem que desconheço... mas está muito bem na minha colecção.
Aqui fica o poema completo:
Bela
Bela,
como na pedra fresca
da fonte, a água
abre um vasto relâmpago de espuma,
assim é o sorriso do teu rosto,
bela.
Bela,
de finas mãos e delicados pés
como um cavalinho de prata,
caminhando, flor do mundo,
assim te vejo,
bela.
Bela,
com um ninho de cobre enrolado
na cabeça, um ninho
da cor do mel sombrio
onde o meu coração arde e repousa,
bela.
Bela,
não te cabem os olhos na cara,
não te cabem os olhos na terra.
Há países, há rios
nos teus olhos,
a minha pátria está nos teus olhos,
eu caminho por eles,
eles dão luz ao mundo
por onde quer que eu vá,
bela.
Bela,
os teus seios são como dois pães feitos
de terra cereal e lua de ouro,
bela.
Bela,
a tua cintura
moldou-a o meu braço como um rio quando
passou mil anos por teu doce corpo,
bela.
Bela,
não há nada como as tuas coxas,
talvez a terra guarde
em algum lugar oculto
a curva e o aroma do teu corpo,
talvez em algum lugar,
bela.
Bela, minha bela,
a tua voz, a tua pele, as tuas unhas,
bela, minha bela,
o teu ser, a tua luz, a tua sombra,
bela,
tudo isso é meu, bela,
tudo isso é meu, minha,
quando caminhas ou repousas,
quando cantas ou dormes,
quando sofres ou sonhas,
sempre,
quando estás perto ou longe,
sempre,
és minha, minha bela,
sempre.
Pablo Neruda, in "Os Versos do Capitão"
Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)
De autor e origem que desconheço... mas está muito bem na minha colecção.
Aqui fica o poema completo:
Bela
Bela,
como na pedra fresca
da fonte, a água
abre um vasto relâmpago de espuma,
assim é o sorriso do teu rosto,
bela.
Bela,
de finas mãos e delicados pés
como um cavalinho de prata,
caminhando, flor do mundo,
assim te vejo,
bela.
Bela,
com um ninho de cobre enrolado
na cabeça, um ninho
da cor do mel sombrio
onde o meu coração arde e repousa,
bela.
Bela,
não te cabem os olhos na cara,
não te cabem os olhos na terra.
Há países, há rios
nos teus olhos,
a minha pátria está nos teus olhos,
eu caminho por eles,
eles dão luz ao mundo
por onde quer que eu vá,
bela.
Bela,
os teus seios são como dois pães feitos
de terra cereal e lua de ouro,
bela.
Bela,
a tua cintura
moldou-a o meu braço como um rio quando
passou mil anos por teu doce corpo,
bela.
Bela,
não há nada como as tuas coxas,
talvez a terra guarde
em algum lugar oculto
a curva e o aroma do teu corpo,
talvez em algum lugar,
bela.
Bela, minha bela,
a tua voz, a tua pele, as tuas unhas,
bela, minha bela,
o teu ser, a tua luz, a tua sombra,
bela,
tudo isso é meu, bela,
tudo isso é meu, minha,
quando caminhas ou repousas,
quando cantas ou dormes,
quando sofres ou sonhas,
sempre,
quando estás perto ou longe,
sempre,
és minha, minha bela,
sempre.
Pablo Neruda, in "Os Versos do Capitão"
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