"Num dia cinzento os carros param um ao lado do outro, em sentidos contrários, como em faixas contrárias do trânsito, como se fossem para destinos opostos, embora isso fosse, em rigor, impossível. E de janelas alinhadas, ela lança “sabes do que preciso?”, e claro que sabia, “precisas que te foda, já, como se não existisse amanhã nem nenhum dia a seguir”, e pareceu surgir no seu olhar um brilho que não se via há muito, “e mais?”, e mais duas ou três coisas que havia de dizer-lhe. A seguir."
João
Geografia das Curvas
21 setembro 2015
20 setembro 2015
«coisas que fascinam (177)» - bagaço amarelo
Nunca tinha tido um Amor como este, capaz de se alimentar de pequenas fracções de tempo. De um segundo, por exemplo. Chamo-lhe o Amor Colibri, desde que soube que o colibri bate as asas setenta vezes por segundo quando se alimenta duma flor qualquer. É a dedicação inteira a apenas um momento.
Uma pequena fracção de tempo não significa uma pequena fracção de Amor. Muito pelo contrário. Num segundo apenas, por exemplo, um terramoto pode destruir uma cidade e levar tudo com ele. É o que me acontece no segundo em que ela me dá a mão. Vou todo com ela.
Já tinha experimentado o Amor do tempo inteiro, aquele em que a mão se dá mesmo quando está cansada de se dar. É o Amor do tempo todo que o tempo tem. Não sei se é melhor ou pior. Sei que um dia cheguei a casa e ele, o Amor, tinha partido e eu só dei por ela muito tempo depois.
O truque do Amor Colibri é que das pequenas fracções de tempo também se faz o tempo todo. Os colibris alimentam-se de quinze em quinze minutos e ingerem diariamente trinta vezes o seu peso. Impressionante, para quem já passou dias inteiros a comer sem comer nada.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
19 setembro 2015
Coração despido
"nakedHEART (Coração Despido) é o projecto artístico do fotógrafo alemão Gerrit Starczewski, onde centenas de pessoas nuas se reúnem num festival para serem fotografadas por Gerrit, com a intenção de encorajar uma experiência intuitiva e colaborativa do corpo, da arte e da música."
Blog Sweetlicious
nakedHEART // MELT 2015 // Aftermovie from Gerrit Starczewski on Vimeo.
Blog Sweetlicious
nakedHEART // MELT 2015 // Aftermovie from Gerrit Starczewski on Vimeo.
O fim do mundo em cuecas
Patife
@FF_Patife no Twitter
«Amor na areia» - por Rui Felício
É recorrente...
Todos os anos, nesta data, recordo a Anne Marie, um amor que me marcou para sempre.
Ao fim da tarde, terminada a instrução militar no quartel instalado no Convento de Mafra, corríamos às casernas, limpávamos a poeira debaixo do duche, fardávamo-nos e apressadamente integrávamos a formatura de saída, sujeitando-nos a uma rigorosa inspecção prévia sobre o nosso atavio.
Destroçávamos, logo a seguir à porta de armas e, como formigas, cada um se dirigia aos mais variados locais. Uns iam ao Frederico para se amesendarem para um belo bife com batatas fritas. Outros, iam jogar bilhar, outros ainda, a maioria, aceleravam os carros em direcção à Ericeira para petiscarem no Caniço, comer uma mariscada no Pinta, ou dançar nos bailes do Parque de Santa Marta. Tudo tinha que ser feito a mata cavalos porque, depois da uma da manhã, o quartel encerrava as suas portas e quem não se apresentasse até essa hora seria severamente punido.
O Rui Alvarez e eu embarcámos no seu velho DKW e enfileirámos atrás de muitos outros a caminho da Ericeira. Na Toca do Caboz, já nos esperavam para jantar, as nossas duas namoradas francesas que ali passavam férias e que há quinze dias conhecêramos na discoteca do Ouriço.
Naquele dia, em vez de irmos para a discoteca como era costume, decidimos, depois de jantar, ir passear para o areal da Foz do Lisandro, já noite fechada.
O Rui Alvarez e a sua namorada ficaram dentro do carro. A Anne Marie e eu, caminhámos de mãos dadas na orla das ondas que desmaiavam na praia.
Primeiro uns beijos, umas caricias. Depois já com os corpos grudados num abraço, caímos no areal molhado. Rebolámos, jurámos amor eterno. Os sussurros e os gemidos abafados pelo barulho da rebentação das ondas, e pelo testemunho secreto e o conluio do mar.
Era quase meia noite e meia. Fomos até ao carro e eu disse ao Rui Alvarez que ainda tínhamos que as levar ao hotel e regressar a Mafra antes do quartel encerrar as portas. Tínhamos que nos despachar...
O percurso até Mafra foi feito em louca aceleração. Uma nuvem de poeira pairou no ar à nossa chegada. Era uma em ponto!
Coloquei-me na fila de cadetes formada à entrada do quartel.
Quando chegou a minha vez, perfilei-me em sentido face a face com o Oficial de Dia para lhe entregar o documento de dispensa e, depois da continência, debitei a lenga lenga do costume:
- Apresenta-se o cadete numero mecanográfico 01236565, que pede permissão para entrar.
O Oficial de Dia mirou-me de alto a baixo e sentenciou em voz brusca:
- Não posso permitir a sua entrada, mal ataviado como está. Saia, sacuda-se e depois volte.
Foi cá fora que me apercebi. Com a ajuda do sentinela, limpei as enormes pastas de areia molhada que permaneciam coladas nas costas do meu blusão e no colarinho da camisa...
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Todos os anos, nesta data, recordo a Anne Marie, um amor que me marcou para sempre.
Ao fim da tarde, terminada a instrução militar no quartel instalado no Convento de Mafra, corríamos às casernas, limpávamos a poeira debaixo do duche, fardávamo-nos e apressadamente integrávamos a formatura de saída, sujeitando-nos a uma rigorosa inspecção prévia sobre o nosso atavio.
Destroçávamos, logo a seguir à porta de armas e, como formigas, cada um se dirigia aos mais variados locais. Uns iam ao Frederico para se amesendarem para um belo bife com batatas fritas. Outros, iam jogar bilhar, outros ainda, a maioria, aceleravam os carros em direcção à Ericeira para petiscarem no Caniço, comer uma mariscada no Pinta, ou dançar nos bailes do Parque de Santa Marta. Tudo tinha que ser feito a mata cavalos porque, depois da uma da manhã, o quartel encerrava as suas portas e quem não se apresentasse até essa hora seria severamente punido.
O Rui Alvarez e eu embarcámos no seu velho DKW e enfileirámos atrás de muitos outros a caminho da Ericeira. Na Toca do Caboz, já nos esperavam para jantar, as nossas duas namoradas francesas que ali passavam férias e que há quinze dias conhecêramos na discoteca do Ouriço.
Naquele dia, em vez de irmos para a discoteca como era costume, decidimos, depois de jantar, ir passear para o areal da Foz do Lisandro, já noite fechada.
O Rui Alvarez e a sua namorada ficaram dentro do carro. A Anne Marie e eu, caminhámos de mãos dadas na orla das ondas que desmaiavam na praia.
Primeiro uns beijos, umas caricias. Depois já com os corpos grudados num abraço, caímos no areal molhado. Rebolámos, jurámos amor eterno. Os sussurros e os gemidos abafados pelo barulho da rebentação das ondas, e pelo testemunho secreto e o conluio do mar.
Era quase meia noite e meia. Fomos até ao carro e eu disse ao Rui Alvarez que ainda tínhamos que as levar ao hotel e regressar a Mafra antes do quartel encerrar as portas. Tínhamos que nos despachar...
O percurso até Mafra foi feito em louca aceleração. Uma nuvem de poeira pairou no ar à nossa chegada. Era uma em ponto!
Coloquei-me na fila de cadetes formada à entrada do quartel.
«Amar e amar, há ir e voltar» Placa em cartão, dos anos 70, da colecção de arte erótica «a funda São» |
- Apresenta-se o cadete numero mecanográfico 01236565, que pede permissão para entrar.
O Oficial de Dia mirou-me de alto a baixo e sentenciou em voz brusca:
- Não posso permitir a sua entrada, mal ataviado como está. Saia, sacuda-se e depois volte.
Foi cá fora que me apercebi. Com a ajuda do sentinela, limpei as enormes pastas de areia molhada que permaneciam coladas nas costas do meu blusão e no colarinho da camisa...
Rui Felicio
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
18 setembro 2015
Eva portuguesa - «Dedicatória»
Há pessoas (poucas, muito poucas) que, mais que ver alguém, conseguem sentir-nos. Que são tão livres que não se prendem a rótulos. Que ao verem os nossos defeitos ainda nos sentem mais belos. Há pessoas (raras) que sabem ver com o coração...
Deixo aqui a dedicatória que uma pessoa assim me enviou sob a forma de mensagem. É a minha modesta forma de homenagear e agradecer ela pertencer a esse grupo tão único, especial e restrito.
A ti,o meu muito obrigado!
"Hoje tive a certeza que não previa, Não acreditei que pudesse acontecer , O amor mais uma vez floresceu...
Senti a tua falta! Desejo sentir o toque das tuas mãos percorrendo o meu corpo, Sentir o calor dos teus beijos. Sentir-me vivo...
Sentir o calor do teu corpo colado ao meu. Viver as melhores emoções contigo ao meu lado!
Sentir-te...
Amar, sentindo esta loucura de ti, as minhas mãos à procura das tuas,
Desejando...
Neste momento, sentir o teu amor! Alimentar-me deste amor...
A minha vida está em tuas mãos. Sinto-me tão frágil e tão feliz! Sinto medo... mas o amor que sinto por ti é maior que os meus medos e não quero importar-me...
Quero somente amar-te e sentir-te..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
Deixo aqui a dedicatória que uma pessoa assim me enviou sob a forma de mensagem. É a minha modesta forma de homenagear e agradecer ela pertencer a esse grupo tão único, especial e restrito.
A ti,o meu muito obrigado!
"Hoje tive a certeza que não previa, Não acreditei que pudesse acontecer , O amor mais uma vez floresceu...
Senti a tua falta! Desejo sentir o toque das tuas mãos percorrendo o meu corpo, Sentir o calor dos teus beijos. Sentir-me vivo...
Sentir o calor do teu corpo colado ao meu. Viver as melhores emoções contigo ao meu lado!
Sentir-te...
Amar, sentindo esta loucura de ti, as minhas mãos à procura das tuas,
Desejando...
Neste momento, sentir o teu amor! Alimentar-me deste amor...
A minha vida está em tuas mãos. Sinto-me tão frágil e tão feliz! Sinto medo... mas o amor que sinto por ti é maior que os meus medos e não quero importar-me...
Quero somente amar-te e sentir-te..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado
«conversa 2125» - bagaço amarelo
Eu - Então?
Ela - Estou cansada de discutir. Preciso de paz e de sossego.
Eu - Compreendo... mas não acho muito bem.
Ela - Porquê?
Eu - Porque assim perdes a capacidade de intervir. É como se não existisses em muitos aspectos.
Ela - Não existo, o tanas é que não existo.
Eu - Se não discutes, não existes. É o princípio da dialéctica. Tornas-te inútil.
Ela - Sabes onde é que podes meter a dialéctica? No teu cuzinho.
Eu - Tem calma. Só estava a...
Ela - Estavas a dizer que eu sou uma inútil.
Eu - Pensei que estavas numa fase da vida em que não discutias...
Ela - Contigo abro uma excepção.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
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