23 setembro 2015

«respostas a perguntas inexistentes (314)» - bagaço amarelo

Lembro-me frequentemente da mulher que Amei mais tempo nesta vida. Depois de um Amor chegar ao fim, as lágrimas vão-se dissipando como uma tempestade que se afasta para lá da linha do horizonte e ficam apenas as lembranças boas. Às vezes, por exemplo, um simples abraço.
Sei que nos tornamos em algo diferente daquilo que nascemos. Uma quantidade quase infinita de acontecimentos vai-nos moldando a vida durante a vida, como um oleiro faz uma peça de barro, e no fim é isso que nós somos: uma peça de barro que nunca está terminada.
Os Amores que vivi contribuíram todos, definitivamente, para essa peça tortuosa que vou sendo. Esse Amor de que me lembro tantas vezes, sei eu a importância que teve. Muita, como todos os Amores têm. É essa a maior herança de qualquer história de Amor, a forma como nos esculpe.
É por isso que não há histórias de Amor pouco importantes. Quando Amamos alguém, em tudo o que fazemos, mas tudo mesmo, devemos ter a noção de que estamos a tornar definitivamente uma pessoa melhor... ou pior.
Os Amores que acabaram nunca são apenas passado. Metamorfosearam-se também naquilo que somos e tornaram-se, por isso, presente.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Postalinho de Berlim

Com aquele clima que parece castigo divino, os alemães têm que aquecer as mãos de alguma maneira...
Gentilmente surripiado ao casalinho que convida «Travel with us»



Depois admiram-se que as páginas colem...




21 setembro 2015

Agent Provocateur - «All About The Woman»

«A seguir» - João

"Num dia cinzento os carros param um ao lado do outro, em sentidos contrários, como em faixas contrárias do trânsito, como se fossem para destinos opostos, embora isso fosse, em rigor, impossível. E de janelas alinhadas, ela lança “sabes do que preciso?”, e claro que sabia, “precisas que te foda, já, como se não existisse amanhã nem nenhum dia a seguir”, e pareceu surgir no seu olhar um brilho que não se via há muito, “e mais?”, e mais duas ou três coisas que havia de dizer-lhe. A seguir."

João
Geografia das Curvas

Que ricos tomates!

Enquanto isso, no quarto da sua namoradinha virtual…



Capinaremos.com

20 setembro 2015

Tributo à sedução feminina no cinema

«coisas que fascinam (177)» - bagaço amarelo

O Amor Colibri

Nunca tinha tido um Amor como este, capaz de se alimentar de pequenas fracções de tempo. De um segundo, por exemplo. Chamo-lhe o Amor Colibri, desde que soube que o colibri bate as asas setenta vezes por segundo quando se alimenta duma flor qualquer. É a dedicação inteira a apenas um momento.
Uma pequena fracção de tempo não significa uma pequena fracção de Amor. Muito pelo contrário. Num segundo apenas, por exemplo, um terramoto pode destruir uma cidade e levar tudo com ele. É o que me acontece no segundo em que ela me dá a mão. Vou todo com ela.
Já tinha experimentado o Amor do tempo inteiro, aquele em que a mão se dá mesmo quando está cansada de se dar. É o Amor do tempo todo que o tempo tem. Não sei se é melhor ou pior. Sei que um dia cheguei a casa e ele, o Amor, tinha partido e eu só dei por ela muito tempo depois.
O truque do Amor Colibri é que das pequenas fracções de tempo também se faz o tempo todo. Os colibris alimentam-se de quinze em quinze minutos e ingerem diariamente trinta vezes o seu peso. Impressionante, para quem já passou dias inteiros a comer sem comer nada.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»