O grande amor da vida do Rodrigo aconteceu quando, há uns anos, conheceu inesperadamente a Catarina.
Contudo, não foi um amor à primeira vista, como é regra dos romances literários. Pelo contrário, nos primeiros tempos, a atracção que sentia por ela resultava mais da simpatia, do sorriso e da beleza que dela irradiava, do que de um sentimento inabalável e profundo.
Mas, aos poucos, o amor por ela foi-se aprofundando e solidificando, impulsionado por uma paixão que ao longo da sua vida nunca tinha sentido.
É verdade que o Rodrigo também não era indiferente à Catarina, embora o sentimento que ela nutria por ele jamais atingisse os píncaros que transformaram a paixão dele num verdadeiro amor.
Não se tendo nunca consumado uma relação estável, alguns anos se passaram e ambos se afastaram de forma natural. Sem acrimónias...
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«Théâtre les guignoles»
Teatro de marionetas malandras
P.Leroux, França,
da colecção de arte erótica «a funda São» |
Foi com espanto que. no intervalo do espectáculo a que há dias foi assistir no Teatro São Luís, o Rodrigo, acompanhado da Júlia, a quem convidara para ir naquela noite ao teatro, inusitadamente cruzou o olhar, umas filas mais atrás com o olhar da Catarina que, por coincidência também ali tinha ido.
Estacou, desconcertado, sem conseguir despegar os olhos do olhar da Catarina. Não trocaram uma única palavra mas só prosseguiu o seu caminho, com o coração descompassado, quando a Júlia, uns degraus acima se virou e lhe perguntou se ia ou não lá fora fumar um cigarro.
Se dúvidas ainda tivesse, o Rodrigo ficou com a certeza, naquela noite, que aquele tinha sido realmente o amor da sua vida.
Não correspondido, para seu mal.
Nessa noite, em vez de levar a Júlia consigo até sua casa, como tinham combinado, deixou-a na casa dela sem ser capaz de lhe dar uma explicação plausível para a alteração de planos.
Rui Felício
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