30 novembro 2015

Doritos - «À pesca»

«Número» - João

"Para eles és um número, uma pessoa que passa, mais uma, mais um, menos, tanto se lhes dá, diriam que é igual ao litro. Para eles és corpo dado às balas, és esqueleto a quem tirar o tapete, tirar chão, face sem expressão, corpo sem rosto, uma coisa. Uma coisa que hoje está aqui, amanhã ali, e a memória é vaga, não reconhecem valores, não sabem o que fizeste, se fizeste, se ficou por fazer. Para eles és um número entre muitos. Para mim és a pele que me veste, os cabelos que me fazem cócegas, és as pernas que se lançam sobre mim para me segurar no colchão, no sofá, no chão, és as mãos que me apertam em abraços quentes. Para mim és a boca que me beija, os olhos que brilham ao som do meu nome, mulher que faz o mundo acontecer. Tu sabes que também és a cona que recebe o meu caralho, os dedos que mo seguram e encaminham se no calor do momento nos desencontrarmos, és o meu par de uma dança primitiva, o outro lado do espelho. Para eles és um nada. Para mim, mal tive tempo de começar, e não teria linhas suficientes para terminar. É por isso que eles são apenas eles, e eu sou eu. É por isso que eles nunca te viram e eu sempre te vejo. É por isso que eles estão perto, e eu não."
João
Geografia das Curvas

Postalinho das Alturas (serra do Barroso)

"A volta de hoje foi pelos recantos da Serra do Barroso.
Fomos procurar a dona Luísa, procurar alheiras. Não tínhamos esperança, porque os enchidos são feitos no Inverno ou por encomenda, não fumados.
Estava a alimentar os porcos. Fugira-lhe uma porca para o monte e apareceu prenha de um javali.
Era ver os filhotes, bem diferentes dos bísaros, de focinho arredondado e grandes orelhas sobre os olhos!…
Fugiu outra há pouco tempo. «Ela volta…»"
Alfredo e Daisy

A porca...


... e os filhos:

Liberte os mamilos polémicos



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