23 janeiro 2016

Luís Gaspar lê «Visão» de Caetano da Costa Alegre

(Pintura de Norberto Geraldes)

Vi-te passar, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante;
Ias de luto, doce toutinegra,
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra;
Depois, cativa de invisível laço,
(O teu encanto, a que ninguém resiste)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante.

Caetano da Costa Alegre
Caetano da Costa Alegre (26 de Abril de 1864 - 18 de Abril de 1890) foi um poeta de nacionalidade portuguesa, nascido no seio de uma família crioula cabo-verdiana, na então colónia portuguesa de São Tomé.
 Em 1882 mudou-se para a Metrópole e frequentou as aulas de uma escola de medicina em Lisboa, para formar-se como médico naval. Morreu de tuberculose antes de poder cumprir tal objetivo, com apenas 25 anos.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«Dia de temporal» - por Rui Felício

Mulher de cabelos ao vento e peito nu
Frasco em barro vermelho
Portugal, 1985
Colecção de arte erótica «a funda São»
Que ventania!
A Carla ouvia-o assobiar, num frémito medonho. Olhava pela janela e via as árvores dobrarem-se como vimes. O ramo de uma partiu-se e voou pela estrada fora. As chapas de zinco de um telheiro do quintal abanavam, batiam, ameaçavam soltar-se.

O marido era um paz de alma. Sentado a ver televisão, ficava indiferente ao temporal.
Aliás, há já uns anos que tudo parecia ter acabado para ele.
Vinte anos mais velho que a Carla perdera o fulgor da vida enquanto ela estava longe ainda de se acomodar, de arrefecer o calor que lhe queimava o corpo e os sentidos. Mas o Pedro, agora com 65 anos, há muito que deixara de a procurar, de lhe saciar o desejo, de a amar...
Ela bem tentava despertar-lhe a libido, com caricias, com beijos, com sussurros eróticos.
Mas nada! O Pedro tinha-se transformado numa pedra inerte.

Um estrondo contra a parede do quintal assustou-a. Uma das chapas de zinco soltou-se e batia fragorosamente contra a parede.
A Carla foi lá fora para tentar prender a chapa.
O vento uivando, levantou-lhe a saia até à cabeça.
Aquele vendaval levantava tudo!, pensou ela de si para si.
Foi então que lhe ocorreu uma ideia luminosa.
Gritou para dentro de casa:
- Pedro! Anda cá fora apanhar este ventinho.
Nem imaginas! Olha que levanta tudo!

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Acumular pontos


Ah... bela pinada que acabei de dar. A julgar pela lassidão daquelas bordas certamente que lhe carimbei o cartão de fodilhona frequente.

Patife
@FF_Patife no Twitter

22 janeiro 2016

A pornografia 3D está aí



Aqui, um video sem censura.

«conversa 2145» - bagaço amarelo

Ela - A minha filha adormeceu...
Eu - Pois...
Ela - Agora estamos por nossa conta. Vou abrir uma garrafa de vinho...
Eu - Okay!
Ela - Preferes Alentejo ou Bairrada?
Eu - Qualquer coisa...
Ela - Este é o momento em que bebemos um copo e, se tu não fosses tu, eu tentava levar-te para a cama.
Eu - Tentavas levar-me para a cama se eu não fosse eu?
Ela - Sim. Ando mesmo a precisar disso.
Eu - Qual é o problema de eu ser eu?
Ela - És meu amigo há vários anos...
Eu - Ah!
Ela - Já passou o prazo, percebes?!
Eu - Mais ou menos. Diz-me uma coisa: e se eu deixar de ser teu amigo, há alguma hipótese?
Ela - Não. Tarde demais.
Eu - Pronto! Era só para saber...
Ela - Não te preocupes, tenho aí mais vinho...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Hortelãs» - Ruim

Então quer dizer que eu posso levar murros e murrinhos "a brincar"...
Posso levar mordidas e mordidelas "a brincar"...
Chapadas e chapadinhas, caldos e caldinhos e mais demonstrações de "afecto"...
A la la la que é tudo a brincar!
Mas quando um gajo puxa da culatra atrás e responde na mesma moeda seja com um encosto amoroso no braço ou uma dentada, ai que me aleijaste e és maluco e não sabes a força que tens socorro liguem para a APAV!
Estranho, nunca me queixei de beijinhos a não ser da minha avó que me lambia a cara toda com aquela boca velha de chupar limões.
Tenham juízo mais as vossas brincadeiras de merda. Nós não temos culpa de vocês serem feitas de hortelã.

Ruim
no facebook

«Eh, touro liiiindo!» - Shut up, Cláudia!





no Facebook

20 janeiro 2016

GMILLS - «Dam Baby»


GMILLS - Dam Baby from Daniel Nolan on Vimeo.

«os amigos e os outros» - bagaço amarelo

Tenho saudades dum amigo meu que, quando estava comigo, me matava as saudades que eu tinha dos outros. Os melhores amigos são assim, começam por não querer as nossas saudades só para eles. É por isso que é fácil ser amigo deles.
Nos dias como o de hoje, eu telefonava-lhe e falava do tempo, de futebol e dos lábios da Scarlet Johansson. Depois marcávamos um copo num café qualquer para falarmos de nós. Ele conheceu todas as mulheres por quem me apaixonei, mesmo aquelas que eu próprio não cheguei a conhecer muito bem. Eu, diz-me a presunção, terei com certeza conhecido as dele.
No dia a seguir a ter conhecido a minha actual companheira liguei-lhe. Estava a chover torrencialmente, o Porto estava à frente da liga nacional de futebol e a Scarlet Johanson tinha contracenado com os lábios da Rebecca Hall em Vicky Cristina Barcelona. Depois marcámos no Convívio às dez da noite.
Eu cheguei primeiro. Quando ele entrou, levantei-me e demos um abraço.

- Então, estás bem?
- Estou fodido! - respondi.
- O que é que se passa?
- Acho que estou apaixonado...

Ele riu-se. Virou-se para o empregado, nosso velho conhecido, e pediu dois uísques.

- Sem gelo, que este homem precisa de esquecer a vida... - brincou.

Brindámos.

- Como é que isso aconteceu?

Abanei os ombros.

- Acho que ia na vida, como se vai na rua às vezes, tropecei nela e caí. Quando me levantei já não era o mesmo. É sempre assim que nos apaixonamos, não é? A cair e a levantar.

Há sempre um amigo para saber mais da nossa vida do que sabem os outros. Sendo tecnicamente o mesmo, a um amigo dizemos que estamos apaixonados. A um outro dizemos, quando muito, que começámos uma relação. É por isso que um amigo nos mata as saudades que temos dos outros.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»