24 janeiro 2016
«respostas a perguntas inexistentes (322)» - bagaço amarelo
Não abandono as mulheres por quem me apaixonei um dia. Aqui e ali, quando estou sozinho, ainda lhes dou a mão, as abraço ou beijo prolongadamente. É tudo exactamente como já foi um dia. A única diferença é que elas já não estão lá.
É inútil tentar esquecer um Amor. Os Amores não ficam registados apenas no cérebro, mas sim em todo o corpo. Alguns até se gravam na paisagem que nunca vimos, num cheiro, numa cor ou numa música. Quando estamos sozinhos eles observam-nos. É por isso que nunca me sinto só.
A M não sabe, mas ainda hoje fez uma viagem comigo de carro. Nada de especial, foram apenas os trinta e cinco quilómetros que separam o meu trabalho da minha casa. Conversámos o caminho todo e quando estacionei ela pediu para encostar a cabeça ao meu ombro. Ficámos ali um bocado, em silêncio, a ver o Sol nascer por trás do esqueleto dum edifício que morreu prematuramente. Nunca ninguém chegou a habitá-lo.
- Se estivéssemos os dois juntos, achas que ainda gostavas de mim?
- Gosto de ti, mesmo sem estarmos juntos... - respondi.
O nosso Amor foi como o prédio à nossa frente. Começámos a construção mas nunca o chegámos a habitar. Foi o que eu lhe disse e ela riu-se. Chamou-me docemente palerma e eu apertei o abraço, como se a quisesse segurar para sempre.
Sempre que uma mulher me chama docemente palerma, considero-o um elogio. Aos palermas a sério, as mulheres nem sequer chamam nada. E a M, que foi um Amor que não o chegou a ser, chamou-mo tantas vezes que perdi a conta. O Amor com ela foi uma tentativa, vá. E do que me lembro é dela a tentar.
E eu, palerma, sem o perceber. O que lhe devo foi o que aprendi.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
É inútil tentar esquecer um Amor. Os Amores não ficam registados apenas no cérebro, mas sim em todo o corpo. Alguns até se gravam na paisagem que nunca vimos, num cheiro, numa cor ou numa música. Quando estamos sozinhos eles observam-nos. É por isso que nunca me sinto só.
A M não sabe, mas ainda hoje fez uma viagem comigo de carro. Nada de especial, foram apenas os trinta e cinco quilómetros que separam o meu trabalho da minha casa. Conversámos o caminho todo e quando estacionei ela pediu para encostar a cabeça ao meu ombro. Ficámos ali um bocado, em silêncio, a ver o Sol nascer por trás do esqueleto dum edifício que morreu prematuramente. Nunca ninguém chegou a habitá-lo.
- Se estivéssemos os dois juntos, achas que ainda gostavas de mim?
- Gosto de ti, mesmo sem estarmos juntos... - respondi.
O nosso Amor foi como o prédio à nossa frente. Começámos a construção mas nunca o chegámos a habitar. Foi o que eu lhe disse e ela riu-se. Chamou-me docemente palerma e eu apertei o abraço, como se a quisesse segurar para sempre.
Sempre que uma mulher me chama docemente palerma, considero-o um elogio. Aos palermas a sério, as mulheres nem sequer chamam nada. E a M, que foi um Amor que não o chegou a ser, chamou-mo tantas vezes que perdi a conta. O Amor com ela foi uma tentativa, vá. E do que me lembro é dela a tentar.
E eu, palerma, sem o perceber. O que lhe devo foi o que aprendi.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
23 janeiro 2016
Luís Gaspar lê «Visão» de Caetano da Costa Alegre
(Pintura de Norberto Geraldes) |
Vi-te passar, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante;
Ias de luto, doce toutinegra,
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra;
Depois, cativa de invisível laço,
(O teu encanto, a que ninguém resiste)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante.
Caetano da Costa Alegre
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa
«Dia de temporal» - por Rui Felício
Mulher de cabelos ao vento e peito nu Frasco em barro vermelho Portugal, 1985 Colecção de arte erótica «a funda São» |
A Carla ouvia-o assobiar, num frémito medonho. Olhava pela janela e via as árvores dobrarem-se como vimes. O ramo de uma partiu-se e voou pela estrada fora. As chapas de zinco de um telheiro do quintal abanavam, batiam, ameaçavam soltar-se.
O marido era um paz de alma. Sentado a ver televisão, ficava indiferente ao temporal.
Aliás, há já uns anos que tudo parecia ter acabado para ele.
Vinte anos mais velho que a Carla perdera o fulgor da vida enquanto ela estava longe ainda de se acomodar, de arrefecer o calor que lhe queimava o corpo e os sentidos. Mas o Pedro, agora com 65 anos, há muito que deixara de a procurar, de lhe saciar o desejo, de a amar...
Ela bem tentava despertar-lhe a libido, com caricias, com beijos, com sussurros eróticos.
Mas nada! O Pedro tinha-se transformado numa pedra inerte.
Um estrondo contra a parede do quintal assustou-a. Uma das chapas de zinco soltou-se e batia fragorosamente contra a parede.
A Carla foi lá fora para tentar prender a chapa.
O vento uivando, levantou-lhe a saia até à cabeça.
Aquele vendaval levantava tudo!, pensou ela de si para si.
Foi então que lhe ocorreu uma ideia luminosa.
Gritou para dentro de casa:
- Pedro! Anda cá fora apanhar este ventinho.
Nem imaginas! Olha que levanta tudo!
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Acumular pontos
Ah... bela pinada que acabei de dar. A julgar pela lassidão daquelas bordas certamente que lhe carimbei o cartão de fodilhona frequente.
Patife
@FF_Patife no Twitter
22 janeiro 2016
«conversa 2145» - bagaço amarelo
Eu - Pois...
Ela - Agora estamos por nossa conta. Vou abrir uma garrafa de vinho...
Eu - Okay!
Ela - Preferes Alentejo ou Bairrada?
Eu - Qualquer coisa...
Ela - Este é o momento em que bebemos um copo e, se tu não fosses tu, eu tentava levar-te para a cama.
Eu - Tentavas levar-me para a cama se eu não fosse eu?
Ela - Sim. Ando mesmo a precisar disso.
Eu - Qual é o problema de eu ser eu?
Ela - És meu amigo há vários anos...
Eu - Ah!
Ela - Já passou o prazo, percebes?!
Eu - Mais ou menos. Diz-me uma coisa: e se eu deixar de ser teu amigo, há alguma hipótese?
Ela - Não. Tarde demais.
Eu - Pronto! Era só para saber...
Ela - Não te preocupes, tenho aí mais vinho...
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
«Hortelãs» - Ruim
Então quer dizer que eu posso levar murros e murrinhos "a brincar"...
Posso levar mordidas e mordidelas "a brincar"...
Chapadas e chapadinhas, caldos e caldinhos e mais demonstrações de "afecto"...
A la la la que é tudo a brincar!
Mas quando um gajo puxa da culatra atrás e responde na mesma moeda seja com um encosto amoroso no braço ou uma dentada, ai que me aleijaste e és maluco e não sabes a força que tens socorro liguem para a APAV!
Estranho, nunca me queixei de beijinhos a não ser da minha avó que me lambia a cara toda com aquela boca velha de chupar limões.
Tenham juízo mais as vossas brincadeiras de merda. Nós não temos culpa de vocês serem feitas de hortelã.
Ruim
no facebook
Posso levar mordidas e mordidelas "a brincar"...
Chapadas e chapadinhas, caldos e caldinhos e mais demonstrações de "afecto"...
A la la la que é tudo a brincar!
Mas quando um gajo puxa da culatra atrás e responde na mesma moeda seja com um encosto amoroso no braço ou uma dentada, ai que me aleijaste e és maluco e não sabes a força que tens socorro liguem para a APAV!
Estranho, nunca me queixei de beijinhos a não ser da minha avó que me lambia a cara toda com aquela boca velha de chupar limões.
Tenham juízo mais as vossas brincadeiras de merda. Nós não temos culpa de vocês serem feitas de hortelã.
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21 janeiro 2016
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