15 fevereiro 2016
«Não penses mais nisso» - João
"Aquilo rebentou-lhe nos ouvidos como salvas de metralhadora. Sou uma puta, disse. Pensa que sou uma puta. Sei o que quero, sei ao que vou. Não a puta do prazer que apetece ter, não a puta saborosa que apetece dizer ao ouvido no vaivém molhado dos músculos, muito longe da puta dos orgasmos violentos de cravar unhas no corpo. Nada da puta doce que aquece. A puta pragmática. A puta com um plano. Faz de conta que sou uma puta e não penses mais nisso. Aquilo rebentou-lhe nos ouvidos e numa dor no corpo, num desespero, uma agonia lenta, a imagem daquilo como fita estragada que se repete, a invasão, destruição, mas não penses mais nisso, disse-lhe. Tenho um plano. E esse plano vai bem mais para lá do agora. E esse plano um dia devolve-me à puta doce que aquece. E então sim, podes voltar a pensar na violência que crava unhas na carne."
João
Geografia das Curvas
João
Geografia das Curvas
Postalinho do monte belo
"Reclamo de bar entesante... sim, sim, eu disse interessante, à beirinha do IC2 em Santa Luzia, entre Coimbra e a Mealhada".
Paulo M.
Paulo M.
14 fevereiro 2016
«respostas a perguntas inexistentes (326)» - bagaço amarelo
Acabámos por perder os dois.
A melhor forma de nos lembrarmos de alguém é não saber porquê. São essas as pessoas mais importantes na nossa vida, de quem nos lembramos só porque sim. Quando não sabemos por que motivo nos lembramos de alguém, então é porque gostamos desse alguém desinteressadamente.
Tenho uma amiga de quem me lembro só porque sim, apesar de a ver muito pouco. Lembro-me dela quando estou a trabalhar, quando estou na praia ou a comprar a pão. Lembro-me dela nas mais variadas e improváveis ocasiões, porque ela própria é uma mulher improvável. Ainda bem. Gosto dela e hoje pude dizer-lho.
Quando se sentirem sós, procurem as pessoas que não têm que ir chamar no fundo da vossa memória, a propósito de um facto qualquer da vida, mas sim aquelas que surgem na primeira esquina duma lembrança qualquer, a sorrir e com vontade de vos abraçar.
Digo eu, sei lá.
bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»
13 fevereiro 2016
Trauliteiro
Patife
@FF_Patife no Twitter
«Férias em Nice» - por Rui Felício
Entraram ambos, um a seguir ao outro, na mesma fila para fazer o check-in no aeroporto da Portela.
Passo a passo, lentamente, foram avançando, empurrando as malas com o pé, à medida que a fila ia progredindo, ziguezagueante, por entre as baias que a balizavam.
Enquanto esperavam, trocaram sorrisos e frases de circunstância.
O segurança fez sinal quando chegou a vez dele e logo de seguida a dela, para os dois balcões contíguos do voo Lisboa-Nice.
Colocaram cada um a sua mala no tapete, entregaram os bilhetes e identificações e receberam os respectivos cartões de embarque.
Curioso, pensou o Pedro, ela também vai para Nice.
Inês, a bonita companheira de viagem, reparou igualmente nesse facto.
Naturalmente, embora registando a coincidência, nenhum fez qualquer observação.
Em lugares afastados no avião, fizeram a viagem de duas horas e meia, absortos nos seus pensamentos.
Após a aterragem, dirigiram-se ao tapete rolante onde circulavam as bagagens dos passageiros. O Pedro foi o primeiro a recolher a sua mala, fez um breve sinal de despedida à Inês e encaminhou-se para a saida em busca de um táxi.
Chegado ao Hotel Victor Hugo, muito próximo da Promenade des Anglais, registou a entrada na recepção, subiu ao quarto,.atirou com a mala para cima da cama, abriu-a e aprestou-se para arrumar no roupeiro, as camisas, calças e pijama.
Primeiro confuso, depois espantado, verificou que na mala o que havia eram duas blusas, uma saia, várias peças de lingerie feminina, uma caixa com dois batons, cremes, verniz para unhas, acetona...
O telemóvel tocou, atendeu e ouviu uma voz feminina:
- Desculpe incomodar. Na mala que recolhi no aeroporto e que parecia a minha, encontrei numa agenda o seu numero de telemóvel e por isso lhe estou a ligar para lhe devolver a sua mala que trouxe por engano.
- Olhe, e, pelo que acabei de ver, eu devo ter a sua!, respondeu o Pedro.
- Podemos marcar um local para nos encontrarmos e fazer a troca, propôs a Inês. Eu estou hospedada no Hotel Victor Hugo, conhece?
- Incrível! Eu também estou nesse Hotel! No quarto 221.
- Eu estou no 113. Mas deixe-se estar. Eu vou já ter consigo, ok?
Minutos depois, o Pedro foi abrir a porta, sorriu à Inês e convidou-a a entrar.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
Passo a passo, lentamente, foram avançando, empurrando as malas com o pé, à medida que a fila ia progredindo, ziguezagueante, por entre as baias que a balizavam.
Enquanto esperavam, trocaram sorrisos e frases de circunstância.
O segurança fez sinal quando chegou a vez dele e logo de seguida a dela, para os dois balcões contíguos do voo Lisboa-Nice.
Colocaram cada um a sua mala no tapete, entregaram os bilhetes e identificações e receberam os respectivos cartões de embarque.
Curioso, pensou o Pedro, ela também vai para Nice.
Inês, a bonita companheira de viagem, reparou igualmente nesse facto.
Naturalmente, embora registando a coincidência, nenhum fez qualquer observação.
Em lugares afastados no avião, fizeram a viagem de duas horas e meia, absortos nos seus pensamentos.
Após a aterragem, dirigiram-se ao tapete rolante onde circulavam as bagagens dos passageiros. O Pedro foi o primeiro a recolher a sua mala, fez um breve sinal de despedida à Inês e encaminhou-se para a saida em busca de um táxi.
«Mulher», 2010 Suporte para telemóvel em resina Colecção de arte erótica «a funda São» |
Primeiro confuso, depois espantado, verificou que na mala o que havia eram duas blusas, uma saia, várias peças de lingerie feminina, uma caixa com dois batons, cremes, verniz para unhas, acetona...
O telemóvel tocou, atendeu e ouviu uma voz feminina:
- Desculpe incomodar. Na mala que recolhi no aeroporto e que parecia a minha, encontrei numa agenda o seu numero de telemóvel e por isso lhe estou a ligar para lhe devolver a sua mala que trouxe por engano.
- Olhe, e, pelo que acabei de ver, eu devo ter a sua!, respondeu o Pedro.
- Podemos marcar um local para nos encontrarmos e fazer a troca, propôs a Inês. Eu estou hospedada no Hotel Victor Hugo, conhece?
- Incrível! Eu também estou nesse Hotel! No quarto 221.
- Eu estou no 113. Mas deixe-se estar. Eu vou já ter consigo, ok?
Minutos depois, o Pedro foi abrir a porta, sorriu à Inês e convidou-a a entrar.
Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido
12 fevereiro 2016
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