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«Dançarina de cabaret»
Copo de vidro com gravura de duas faces
Colecção de arte erótica «a funda São» |
Um grupo do bairro, naquele sábado à noite, foi até às Lajes do outro lado do Mondego, onde se situa a tão cantada Lapa dos Esteios.
Era dia de aniversário do Sporting Clube das Lajes, cujo ponto alto do programa era um grandioso baile, abrilhantado pelo afamado conjunto Pais e Filhos.
Como acontecia em quase todos os clubes recreativos da cidade e arredores, os dirigentes procuravam cativar receitas que alimentassem os magros orçamentos, usando diversos expedientes como a Dança da Flor, Damas ao Bufete, Leilão do Espumante ou a Rainha do Baile.
Neste último caso, os homens ia dançando com a mulher que achassem mais merecedora do prémio, obrigando-se, para isso, a entregar-lhe uma senha pré-comprada.
Ao fim de um certo tempo parava a música e as moças contavam as senhas que tivessem recebido, sendo eleita como Rainha do Baile aquela que as tivesse em maior número.
Foi assim que, a certa altura, um dos directores subiu ao palco e deu ordem aos músicos para que parassem de tocar, com a costumada interjeição francesa:
- Resté!
Aproximou-se do microfone e enunciou as regras básicas da eleição:
- Só dança o cavalheiro que tiver senha.
- As senhas, devidamente carimbadas, estão à venda no bar ao preço de dez tostões cada uma.
- A rainha do baile terá a honra de dançar com o distinto Presidente da nossa colectividade, ao som da valsa da meia-noite.
- Aproveito para lembrar aos distintos cavalheiros que podem saborear e oferecer às damas, no bar, o nosso delicioso caldo verde com duas rodelas de chouriço acabado de chegar da Beira Baixa.
- E agora siga o baile com a conhecida canção da Oração ao Senhor da Pedra!
O que ninguém adivinhava é que o nosso grupo comprou uma enorme quantidade de senhas que combinámos entregar à moça mais feia que lá estava.
Mas... regras são regras. Foi ela que foi eleita a Rainha do Baile, feliz e encantada.
Rui Felício
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