16 março 2016

«Ode to the clitoris» (Ode ao clítoris) - Refinery29 & Dorian Electra

«respostas a perguntas inexistentes (330)» - bagaço amarelo

o décimo sexo

Amanheço com o dia. O que me distingue dele é que ainda não dormi.
Na montra duma loja chinesa, dois manequins femininos olham para mim com ar desconfiado. Estão vestidos de cores garridas e com quilos a mais de bijutaria barata. Perguntam-se porque é que, a esta hora da manhã, percorro sozinho as ruas da cidade com uma cerveja numa mão e um pão com um rissol de camarão na outra. Porque sim.
"Porque sim" é a resposta a quase tudo na minha vida neste momento, a não ser quando tenho que responder "porque não". Tenho quarenta e quatro anos e, tecnicamente, a vida nunca me correu tão mal. No entanto, acho que nunca estive tão bem. Percebo o que se passa comigo, o que me está a acontecer e o que devo fazer. Preciso de tempo e de alguma força. Os manequins chineses não merecem resposta. Avanço.
Acho que foram manequins assim que tentei engatar uma ou duas vezes, numa noite qualquer em que bebi mas não comi rissóis. É a busca do primeiro sexo, o sexo que se tem como se se jogasse computador, em busca de pontos até chegar o "game over" e ficar a olhar para um tecto branco sem palavras no corpo que queiram sair pela boca húmida da saliva alheia.
Talvez eu prefira o décimo sexo, aquele que não existe sem o décimo primeiro e por aí adiante. Aquele que deixou de ser uma reunião de tupperwares e passou a ser um vício, porque um corpo e uma presença alheia podem ser um vício quando se Ama. Quando se chega ao décimo sexo talvez se chegue ao infinito. Nunca se sabe, a não ser que não se chegue. É como a utopia.
Nas reuniões de tupperwares demonstramos que o produto é bom, funciona e merece ser comprado. No décimo sexo não demonstramos nada. Injectamo-nos de Amor nas veias e temos uma trip em que o tecto deixa de ser branco. É por isso que é o melhor, o décimo e a partir daí. Pelo menos até deixar de o ser.
O meu rissol não tem camarão mas tem muito creme. A minha cerveja não tem engate mas tem espuma. Consumo esta manhã como se consome qualquer outra coisa numa sociedade que já se chamou de consumo imediato, mas que agora se consumiu a ela mesma e parece perto de um fim qualquer. Já me apaixonei tantas vezes, talvez me apaixone mais uma um dia destes. Ou isso, ou terei o primeiro sexo dez vezes e por aí adiante.
Porque sim. Ou porque não.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Alma e coração

imagem minha sem permissão para partilhas
Abre-se a porta imaginária do coração. O que seria do ser humano sem o coração? Que nos permite viver, sentir, amar...
Um coração sem alma de nada nos serve, que sejamos então pessoas de alma: ensinaram-me que a cor da da alma é o laranja. Começa- se por sentir um som de fundo, como se de um túnel viesse, até que te encontro. Não adianta sermos a luz de alguém sem alguém ser a nossa luz. De que adianta arrepiar sem arrepiarmos?
E foi num desses túneis que a minha retina dilatou, que o meu coração buscou a sua alma e ali estavas. Amar com orgulho.
Com dedicação.
Sem limites, sem restrições, sem impedimentos como uma melodia que insiste em encher-me os ouvidos e que eu não consigo parar.
O amor é uma segurança secreta, onde nos refugiamos e brincamos com os outros por não terem noção da nossa felicidade.
Se isto é certo? Quero que sim. Se não, devia ser. Pode ser errado, pode ser contra as marés, contra o sentido único, contra o sentido em que se escava um buraco...
Nunca durar.
Durar para sempre.
Um beijo.
Carne contra carne.

Camisas não, camisolas!


15 março 2016

Postalinho imobiliário

"Estava eu a ler o jornal «as Beiras» quando passei pela secção de anúncios de imobiliário...


... e pareceu-me ver, num dos anúncios, uma tipologia inovadora e original de tectos, que seria mais natural encontrar nas Caldas da Rainha do que na Figueira da Foz...


... e eram mesmo tectos totalmente fora do comum!"
Paulo M.

Piropos de proximidade


Sou um viciado em piropos, assumo. Mas tenho tomates para criar proximidade com as destinatárias em vez de os cuspir à distância.

Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 31








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Dois casalinhos enroscados

Par de botões de punho metálicos com encaixe tipo parafuso... dos Estados Unidos da América para a minha colecção.




















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14 março 2016

Project consent - «Se não é sim, é não»





«Fode-me» - João

"As escovas varrem o vidro apressadas a tirar a água que cai do céu com força como se fosse eu a vir-me em ti, e eu tenho as mãos no volante, e eu tenho as mãos em ti, e deslizo na estrada como se deslizasse na tua cona, como se o teu corpo fosse manteiga ao qual não me conseguisse segurar sem as unhas espetadas na minha carne, como anzol, como aperto de tesão, e o telefone vibra, o meu corpo vibra, como tu vibras, como tu tremes, e eu não olho, não posso, mas quero, mas olho, e vejo, vejo que queres fazer tudo comigo, e eu de mãos no volante, e eu de mãos nas tuas mamas onde escreves fode-me com todas as letras e murmúrios, e queres fazer tudo, queres engolir-me o caralho entre os lábios húmidos, queres que me venha a chamar pelo teu nome como sedento por água num deserto qualquer, e de mãos no volante, e eu de mãos nas tuas coxas, e eu de mãos nas tuas nádegas a puxá-las para mim, a entrar mais fundo, a enterrar-me no teu corpo como se ele fosse terra a engolir-me, a chuva a cair no vidro com violência, eu a deslizar, os corpos a ir um contra o outro, eu a puxar-te o cabelo num movimento de aqui e agora, de o teu corpo ser tão meu quanto o meu teu, os corpos a tremer, um frio a tomar conta do calor, de uma cona que pinga, de um caralho que correu como um rio, e eu não posso, não quero, não devo, mas olho, e vejo, fode-me, dizes, fode-me."
João
Geografia das Curvas