03 abril 2016

Luís Gaspar lê «A Amada» de Ibn Ammar

Ela é uma frágil gazela:
Olhares de narciso
Acenos de açucena
Sorriso de margarida.
E os seus brincos se agitam
Quedam-se os braceletes na escuta
Da música do requebro da cintura.
Bom é que não esqueçais
Que o que dá ao amor rara qualidade
É a sua timidez envergonhada.
Entregai-vos ao travo doce das delícias
Que filhas são dos seus tormentos.
Porém, não busqueis poder no amor…
Que só quem da sua lei se sente escravo
Pode considerar-se realmente livre.

Ibn Ammar
(1031-1086) foi um poeta nascido em Silves. Contudo ele era pobre e pouco conhecido, a sua habilidade na poesia e sobretudo a sua beleza masculina, atraiu o jovem Abbad III al-Mu’Tamid, que o nomeou primeiro-ministro algum tempo após a morte do seu pai Abbad II. Ibn Ammar era conhecido por ser invencível a jogar xadrez; de acordo com Abbelwaid al-Marrakushi, a sua vitória num jogo convenceu Afonso VI de Castela a abandonar Sevilha. Planeou a anexação de Múrcia ao reino de Sevilha, convencendo Al-Mu'Tamid a nomeá-lo seu governador. Rapidamente proclamou-se a si próprio como rei e cortou relações com Al-Mu'Tamid. Caiu do poder rapidamente, sendo capturado numa emboscada e aprisionado em Sevilha. Al-Mu'Tamid tendeu inicialmente para o seu perdão, mas ficou mais tarde indignado por algo que leu numa carta intercetada enviada por Ibn Ammar da sua cela. Foi o próprio rei a matar o poeta.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«conversa 2156» - bagaço amarelo




(na minha casa)

Ela - Gostas muito de animais...
Eu - Eu?! Porque é que dizes isso?
Ela - Tens tantos em casa...
Eu - Eu não tenho animais...
Ela - Moscas na cozinha, já lhes perdi a conta.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI das «cowgirls»


Maitena - Condição feminina 21




02 abril 2016

Puro Êxtase - «Episódio 5 - Nalini Narayan e a Suruba Para Colorir»

Dois brasileiros convidaram algumas mulheres e homens para realizarem tarefas quotidianas, mas enquanto recebem sexo oral.

"Mestre da zarabatana" é um título poético

Uma queca entre a estouvada da crica que acabou de sair e aqui o mestre da zarabatana foi como juntar a fome à vontade de foder.

Patife
@FF_Patife no Twitter

«Galanteio» - por Rui Felício

O carteiro tocou à porta daquela casa da Rua Nuno Tristão do bairro.
A porta entreabriu-se. Assomou uma mulher belíssima, de corpo escultural a moldar-lhe o vestido de seda leve, escorregadia, que, por momentos, deixou o rapaz boquiaberto, sem fala.
Ela sorriu, arqueou levemente as sobrancelhas em ar interrogativo. O que a tornava ainda mais bonita.
O carteiro venceu a custo o espanto e conseguiu tartamudear:
- É a Senhora Isabel Gomes?
Ela respondeu afirmativamente e então ele entregou-lhe a encomenda postal, um pequeno embrulho atado por um cordel, onde figurava o nome dela e a morada. O remetente, Luís Santos.
O carteiro pediu-lhe para assinar o recibo que lhe estendeu.
Ela hesitou…
Ainda lhe disse que não esperava nenhuma encomenda. E que todos os dias via o Luís Santos que podia perfeitamente ter-lha entregado pessoalmente.
O rapaz encolheu os ombros, disse-lhe que tinha que cumprir a sua incumbência.
Intrigada, mas também curiosa, acabou por assinar o papel , agradeceu ao carteiro e desapareceu por trás da porta que fechou atrás de si.
«Bustos da República»
Bloco de selos dos correios de 2010
Colecção de arte erótica «a funda São»
Sofregamente, começou a desatar o embrulho, rasgou o papel pardo que o envolvia e, espantada, ficou com o objecto entre as mãos.
Arredondado, com uma estreita fenda aberta num dos lados.
Era um mealheiro. Um porco de barro. Mas porquê?!
A explicação estava num bilhete manuscrito metido na fenda do porco:

"Isabel,
A minha timidez impediu-me de me dirigir a ti pessoalmente.
Tu és a mulher mais bonita e mais sensual que conheci em toda a minha vida.
Não encontro outra palavra que melhor te descreva senão a de que és uma Pérola.
Para mim o provérbio de "atirar pérolas a porcos", perante a tua beleza, está mal formulado.
Por isso reformulo-o. Atiro um porco à Pérola!
A ti…
Luís Santos"


Rui Felício
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«Tu queres é leitinho» - Cató ILUDE

Este desenho, de Cató ILUDE, foi o vencedor do concurso de ilustração «Sardas das Caldas 2016», organizado pelo grupo Sardas das Caldas (da Rainha). A exposição das Sardas das Caldas pode ser visitada até 3 de Abril nos Silos - Contentor Criativo.
Malta fixe, esta das Caldas da Rainha! Que bem estaria nessa cidade a minha colecção de arte erótica... mas nem a Confraria do Príapo me valeu...

01 abril 2016

Moebius - «Apreciando»



Via mon ami Bernard Perroud

«coisas que fascinam (188)» - bagaço amarelo

Pois é!

Quando o Amor nos corre mal, o mundo passa a ser uma tortura constante. O motivo é óbvio: quando o Amor nos corre bem o mundo é uma partilha e, todo ele, vale o dobro por isso mesmo. Ao não partilharmos o mundo, ele não vale nada a não ser dor.
Apaixonados, tiramos todo o prazer em partilhar cada pormenor, seja ele o manequim na montra dum pronto-a-vestir, uma música que passa na rádio ou uma sobremesa barata num restaurante ainda mais barato.
De repente, tudo aquilo que experimentamos, mesmo o que é bom, passa a sofrer do efeito bumerangue. O que nos dá prazer é lançado ao ar e ninguém agarra. No meu caso, volta para mim e atinge-me no estômago com força.
Até chego a pensar que o Amor não serve para muito mais do que para partilhar o mundo, mais até do que para uma boa queca ou poder entrar numa discoteca foleira de fim de semana. Serve para olharmos para uma coisa feia qualquer e dizermos "olha que feio!" e o outro responder "pois é". Assim, até o que é feio se partilha e sabe bem.
Pois é.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«O primeiro e o útlimo primeiro beijo» - Ruim

Dois caminhos que se cruzaram um dia e percorrem agora o mesmo rumo juntos. Também nesse dia escrevi o que se passou para memória futura e, na foto, o resultado em modo de confissão num livro de honra de um primeiro jantar a dois. Dias antes, tinha-se dado o primeiro beijo...

PRIMEIRO BEIJO

Há quanto não dás um primeiro beijo em alguém? Não estou a falar dos engates, one night stands ou early morning regrets. Um primeiro beijo em alguém que gostes mesmo, alguém que por um momento te ponha a pensar se não vai recuar e deixar-te com ar de papa-formigas ou te espetar um lambadão de te virar a cara do avesso.
Isso é um primeiro beijo!!
Felizmente que a idade nos dá experiência, e a forma como lidamos com a situação é bastante diferente do que nos tempos de adolescente estúpido. O primeiro primeiro beijo que dei, foi no pavilhão B no intervalo de EVT e toda a coisa se assemelhou como um crocodilo a tentar dar uma linguaruça num rato almiscarado, porque eu quase engoli a cabeça da moça e juro que lhe senti o esófago.
Já não dava um primeiro beijo há muito tempo e é giro como apesar da idade nos dar todo um conjunto de competências sociais mais avançadas, o nervoso miudinho é o mesmo. Os ondes e os quandos. O timing. Se lhe vou dar uma cabeçada. Se o meu nariz de batata vai bater no dela e fazer puré. Se tenho uma nhaca qualquer na chicla da frente. E pior quando é uma pessoa com meio metro, porque se assemelha a beijar uma criança e tenho de me curvar todo, sujeito a deslocar alguma cena.
Toda a mulher é lambona por chocolates e, sabendo eu disso, armei-me com um dentro do bolso. Mas este era especial porque veio directamente do país vizinho e percorreu milhares de kilómetros especialmente para aquele momento. Não me critiquem. É jogo baixo eu sei, mas ela também é e por isso é apenas jogo. Estando já em pleno cinema e o filme a dar, começo a pôr em prática o meu diabético plano:
- “Olha o que é que eu tenho aqui para ti…” - e abano o chocolatinho na cara da menina.
Estão a ver aquele Facebook sticker do Minion com os olhos em coração? Igual!
“QUERO!” - disseram os olhos lagoa.
O ratinho de Hamelin já estava fisgado com a minha flauta de cacau (atenção ás piadas) e agora vem a pior parte: como é que eu vou conjugar isto tudo? Porque eu não tinha pensado nessa parte dado que na minha cabeça, eu ia dar-lhe um chocolate e ela ia me dar um beijo apenas porque sim. Eu não sou muito de pensar bem nestas merdas, mas isto foi um novo máximo de como pensar apenas em metade das coisas.
Abro com o plástico pela metade, dou-lhe o chocolate a provar e vejo que ela fica lá presa com os dentes. É agora, pensei eu. Tiro-lhe o chocolate da boca, a lambice dela actua fazendo-a perseguir o chocolate, meto os meus lábios no caminho e já está:
(música da Whitney Houston na minha cabeça)
“AAAAAAAAAAAAAND IIIIIIIIIIIIIIII I AIIIIIIIIIIIIIII WIIIIIIIIIL ALWAAAAAAAAAAAAYS LOVE YOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOU IUUUUUUUUUUUU”
E assim foi como se processou um último primeiro beijo. Foi assim que consegui não ver um filme e foi assim que ela acabou com um chocolate meio comido que guardou dentro da mala como recordação.
Não sei que filme fui ver.
Mas o que é que isso interessa?
Até hoje, esse chocolate ainda está guardado.
E este foi o meu último primeiro beijo.

Ruim
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