08 julho 2016

Alice Caetano - «Diálogos de Maria e Miguel - 5»




Maria – O sabor da tua língua é de lantejoulas, ardendo quentes.
Miguel – As lantejoulas, conforme o tecido do céu -da -boca se move, vão ondulando.
Maria – O limiar da angústia.
Miguel - Ouvem-se as paredes, até aos alicerces, até ao sol.
Maria – O teu chão, o meu sol, fundem-se em magma quente, em chamas, jorrando infinitamente como uma plataforma de anjos, criando um rio.
Miguel – Rio azul.
Maria – Sinto os pés voando… Queres-me?
Miguel – Toda!


Alice Caetano
in «Maçã de Zinco» - Editora Esfera do Caos

«Blue» - Rubros Versos


Tiago Silva

«Comam-nas!» - Ruim

Peço-vos. Rogo-vos. Por favor. Mas por favor... comam as vossas mulheres em casa!
Nós é que as aturamos no local de trabalho, não são vocês. Nós é que levamos com as trombas, com as birras e com os amuos das vossas esposas e namoradas quando vocês não vão lá.
Fod#-se, por favor... comam-nas! Elas agradecem. Nós também. E não queiram que ela recorra ao outsourcing, isso gera outro tipo de problemas para todos. Comam-nas! Comam-nas no sofá, na cama, no estendal da roupa, onde quiserem... mas comam-nas!
Um dia, entram aqui a embirrar com o som da minha respiração, no dia a seguir a flutuar. Até brilham. Cantam Taylor Swift. Riem. O cabelo até está mais sedoso. Dizem olá a todos. Parecem saladas com pernas.
Penso... "hey, alguém fez o seu trabalho ontem à noite. Boa camarada!"
Por favor, comam-nas!

‪#‎movimentocomamnas‬

Ruim
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«Tudo sob controlo» - Shut up, Cláudia!





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07 julho 2016

«Gioconda» - Rosa María Roffiel

Mi vulva es una flor,
es una concha,
un higo,
un terciopelo;
está llena de aromas, sabores, rincones,
es de color rosa,
suave, íntima, carnosa;
a mis doce años le brotó pelusa,
una nube de algodón entre mis muslos;
siente, vibra, sangra, se enoja, se moja, palpita,
me habla.
Guarda celosa entre sus pliegues
el centro exacto de mi cosmos,
luna diminuta que se inflama,
ola que conduce a otro universo.
Cada veinticinco días se torna roja,
estalla, grita;
entonces la aprieto con mis manos,
le digo palabras de amor en voz muy baja.
Es mi segunda boca,
mis cuatro labios;
es traviesa,
retoza, chorrea,
me empapa.
Le gustan las lenguas que se creen mariposas,
los penes solidarios,
la pulpa de ciruela femenina
o, simplemente,
las caricias venidas de mí misma.
Es pantera, gacela, conejo,
se ofrece coqueta si la miman;
se cierra violenta si la ofenden;
es mi cómplice,
es mi amiga,
una eterna sonrisa de mujer complacida.

Rosa María Roffiel. México, 1945


Alvaro Pemper - «El candando» (da série «Contorsionistas»), 2005

«Bicolândia»

T-shirt oferecida pela Gotinha: "Sabes que existe um lugar com este nome? Fica nas Filipinas".
As coisas que eu aprendo com a malta da fundiSão... e a colecção fica cada vez mais internacional.






A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

«Amamentação e alcoolismo» - Adão Iturrusgarai


06 julho 2016

O melhor cover de sempre dos Foo Fighters... mesmo sem som!

«creme Nívea» - bagaço amarelo

O taxista estava descalço, sentado no banco do condutor com as pernas fora do carro. Cada uma das suas meias esverdeadas a espreitar dos sapatos como se fossem cobras indianas encantadas com o som duma flauta mágica. Com os dedos das mãos limpava os dedos dos pés, tão concentrado que demorou a perceber a minha presença. Tossi, sem ter tosse para o fazer, e ele olhou para cima semicerrando os olhos como se eu fosse o Sol. Mandou-me entrar e calçou-se apressadamente.
O cheiro do creme Nivea que acabara de passar pela cara, para combater a secura da pele, lembrou-me uma praia portuguesa, uma mão dada à minha namorada e um abraço com a pele tostada. Lembrei-me dos seus cabelos negros misturados com areia e dela a pedir-me que levasse o guarda-sol amarelo e o abrisse no sítio do costume. Que ingenuidade, sempre pensei que aquele aroma era da praia e afinal é apenas de um creme.
O pára-brisas do táxi amarelo enquadrava uma paisagem de edifícios envergonhados que contrasta com essa memória. Estão degradados e só se mantêm de pé porque é essa a dignidade que lhes resta, manterem-se de pé como velhos equilibrados na ponta de uma bengala, num esforço titânico de quem já passou pela vida toda. Ouvi qualquer coisa em búlgaro que não percebi, mas que supus ser a pergunta normal sobre para onde queria eu ir. Sorri, tirei o meu telemóvel do bolso e mostrei-lhe uma mensagem que recebera antes com a morada dela, em cirílico, e um convite em inglês para aparecer. Preparava-me para me deitar, apesar de serem oito da manhã, pois tinha feito direta a trabalhar.
Tenho que descansar, disse-lhe. Podes descansar comigo, respondeu. E eu tornei-me a vestir e saí de casa à procura de um táxi.
O carro arrancou devagar. No rádio fanhoso ouvia uma música qualquer de chalga que conheço mas da qual não sei o nome. Os edifícios observavam-me em silêncio, como se se perguntassem para onde é que eu ia àquela hora matinal de um Domingo. Tentei recordar-me do cheiro verdadeiro da praia, mas não consegui fugir da memória daquele abraço e do aroma intenso do creme Nivea. Parámos num semáforo, olhei pela janela e decidi falar com eles. Com os edifícios, digo.
É que o Amor não me passa nem quando me falta, disse-lhes.
Atiraram com as bengalas ao chão e disseram-me adeus. Todos eles, até àquele em que eu parei para mandar mais uma mensagem pelo telemóvel. Estou aqui à porta, escrevi. Ela desceu e abraçámo-nos. E de dois que éramos passámos a ser só um, mais um aroma qualquer a uma cidade que cada vez é mais minha.
Talvez daqui a uns anos me lembre deste abraço noutro táxi, noutra cidade, noutro Amor. Que o Amor nunca me passe nem quando me faltar, pensei. E subi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Molho-me

imagem minha sem permissão para partilhas em qq rede social
 Chove.
Que se dane.
Visto o meu kimono e vou para a chuva e imagino Tiesto, O dj.
Imagino um varão, danço, não sei se vêm ou não, não quero saber.
Sinto as minhas curvas, vejo o meu cabelo a pingar...
o kimono pesa, fico em camisa de noite... Sinto-me sexy, estou encharcada, pela chuva, que me está a lavar a alma que me está a ajudar a tomar decisões...
Abro os braços e fico em bicos de pés e ouço tiesto, sinto-me no mundo da transcendência...
Onde estás tu, sejas tu quem fores, para partilhares este momento mágico comigo?


Partilho comigo, não é sonho, é apenas o que tenho e tenho-me a mim...

Do meu mundo

Os cogumelos



Para quem não viu, veja aqui.

HenriCartoon

Incha... mas depois passa