12 julho 2016

As paredes também estão a precisar...


Jovem recém-casada num momento de angústia por se saber sem verba para mandar pintar o tecto do seu T2 no Cacém.



Sharkinho
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«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 47

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.







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A confissão da prostituta Maria Vai com Deus

Confessionário em cerâmica pintada, com um cortinado a tapar um padre muito interessado... na confissão…
Peça original e única da Milena Miguel (do Atelier S. Miguel, das Caldas da Rainha), a juntar-se a muitas outras que já estão na minha colecção.




















A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

10 julho 2016

Luís Gaspar lê «Que esses meus olhos…» de João Garcia de Guilhade

Português moderno

Que esses meus olhos, minha senhora,
nunca viram tamanho desgosto que vivo,
E te digo minha bela senhora:
estes meus olhos apaixonados e com grande desgosto
choram e cegam quando te vêem.

Sorte tens de nunca perder
meus olhos apaixonados e meu coração
E esta paixão, minha senhora, são minhas.
Mas os meus olhos por ver alguém
choram e cegam quando estes não os vêem
e depois cegam por alguém que vêem.

E nunca poderei ficar bem,
pois nem o amor e nem Deus me quer.
Mas os meus olhos cativos
morrerão e cegarão, quando não forem vistos
e cegarão por serem vistos também

Português antigo

Estes meus olhos nunca perderán,
senhor, gran coita, mentr’eu vivo for.
E direi-vos, fremosa mia senhor,
destes meus olhos a coita que han:
choran e cegan quand’alguén non veen,
e ora cegan per alguén que veen.

Guisado tẽen de nunca perder
meus olhos coita e meu coraçón.
E estas coitas, senhor, minhas son;
mais-los meus olhos, per alguén veer,
choran e cegan quand’alguén non veen,
e ora cegan per alguén que veen.

E nunca ja poderei haver ben,
pois que Amor ja non quer, nen quer Deus.
Mais os cativos destes olhos meus
morrerán sempre por veer alguén:
choran e cegan quand’alguén non veen,
e ora cegan per alguén que veen.

João Garcia de Guilhade
João Garcia de Guilhade foi um trovador português, nascido em Milhazes, concelho de Barcelos. Desenvolveu a sua arte poética em meados do século XIII. Apesar de ser reconhecida a sua capacidade e mestria poética, muita da sua produção tem um caráter brejeiro. É autor de poemas mordazes e célebres, como «Ai Dona fea, fostes-vos queixar», que vamos ouvir e coube-lhe introduzir o tema dos «olhos verdes» na poesia portuguesa, com «Amigos, non poss'eu negar».
Este poema faz parte do iBook “Coletânea da Poesia Portuguesa – I Vol. Poesia Medieval”
disponível no iTunes.
Transcrição do Português antigo para o moderno de Deana Barroqueiro.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«coisas que fascinam (192)» - bagaço amarelo

Há mulheres que todos os dias me salvam a vida, apesar de nem sequer o saberem. Nunca lhes agradeço porque nem sequer as conheço pessoalmente. Falta-me a confiança para tal. Ainda assim, o que me resta é imaginar que lhes faço também esse pequeno favor. Salvar-lhes a vida todos os dias.
Assim que encostei os cotovelos ao balcão e lavei em seco a cara com as palmas das mãos, ela aproximou-se e retirou dois ou três copos de cerveja já bebidos por clientes que não cheguei a ver. Depois disse-me que estava à minha espera.

- À minha espera?!
- Sim. Tive aqui um cliente tão chato que precisava de alguém mais simpático.

É assim que ela me salva a vida todos os dias, a mentir-me sobre mim mesmo. Depois tirou-me um café que, ela já sabe, bebo sem açúcar. Sorri-lhe timidamente e perguntei-lhe se precisava de alguma coisa, sabendo eu que a resposta ia ser que não.
Perguntar a uma pessoa se precisa de nós mesmo sabendo que ela não precisa, às vezes, é o mais legítimo do mundo. Estamos apenas a afirmar que se pudéssemos fazer alguma coisa por ela, fazíamos mesmo.
É como se todos precisássemos de alguma coisa que não sabemos bem o que é, mas sabemos que é em alguém que se encontra e, até encontrarmos alguém que nos salve todos os dias com a vida, vamos visitando quem nos salva a vida todos os dias.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI da comunhão de bens


Maitena - Condição feminina 35





09 julho 2016