02 novembro 2016

Postalinho do Vietnam

"Ao entrar no meu quarto do hotel, deparo-me com estas duas desavergonhadas, no meio de um excitante 69. Fiquei maluco, não resisti e embrulhei-me logo com elas!...
Abraço"
Alfredo


«respostas a perguntas inexistentes (351)» - bagaço amarelo

Estou deitado, embrulhado nos teus lençóis como um louco num colete de forças, enquanto tu vagueias pelo quarto. Quando saíres, daqui a alguns minutos, vou-me arrepender de não me ter levantado. O Amor termina sempre que te afastas sem me dizer nada. Ainda assim, não é a preguiça física ou mental que me faz prolongar o tempo nos teus lençóis usados. É tu estares nua. Tu nua no quarto e eu deitado devia ser o fim do tempo.
A nudez nunca enganou ninguém no Amor. As palavras sim. As palavras mastigam um Amor da mesma forma que a nudez mastiga os lençóis onde dormimos os dois. É por isso que te admiro. Sais, fechas a porta do quarto, e os teus passos caminham decididos até à porta, levando com eles o teu corpo e o teu silêncio sincero.
Depois de te ires fica tudo por fazer. A cama e o Amor. Pela janela, vejo os postes de iluminação da rua que segredam entre eles o teu percurso. Sabem para onde foste mas não me dizem nada, os sacanas. Às vezes até se riem de mim. Sabem da minha fraqueza e da minha solidão contigo.
Se eu me fosse embora agora e te deixasse uma carta escrita, em princípio na tua almofada, dir-te-ia que quase tudo o que procuro num Amor é a mentira constante das palavras, mesmo aquelas que trocamos quando tomamos café ou comemos o prato do dia no café da esquina. Quando mentimos é porque temos um desejo. É esse o sustento do Amor.
Não acredito na verdade.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

O que é uma puta?

O que é uma puta?
Todos os dias me chamam puta.
Todos. Via anónima, via sarcasmo, via blogs. Porque um dia recebi dinheiro para fazer o que elas fazem sem receber nenhum e apenas a fama de mães de família ditas honradas que nada valem.
Pergunto-me: é inveja? é falta de vergonha? de o que fazer?
Afinal o que é uma puta? Uma pessoa troca uma queca por dinheiro? É que eu nunca fiz só e apenas isso. Eu ouvia cada pessoa, tratava cada pessoa como se fosse a primeira e única. Melhor, eu tratava de ter prazer e não me deixava ficar, trabalhei, deixei de o fazer, casei e continuo a ser apontada com dedos de gajas de 50 anos que andam com meninos de 18. Sem saberem o último nome deles, gajos casados sem quererem saber se destroem uma família.
Então, o que é ser puta?

Mundo Pink Poison

Dói-dói...


01 novembro 2016

Pussy Riot - «Straight Outta Vagina»

Evolução das espécies


Dantes eram as mulheres quem detestava mulherengos, agora são os homens. Ambos os géneros estão mais espertos.

Sharkinho
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«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 62

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.






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Pénis e vagina moçambicanos

Casal de abre-latas em madeira, esculpida de forma artesanal.
Peças compradas no stand de Moçambique da 40ª Festa do Avante.
O erotismo de África, na minha colecção.








A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

31 outubro 2016

«Meu for Men by Cristina Ferreira»

«Não ser e não estar» - João

"Habituara-se a sentir-lhe o cheiro. A princípio era estranho, mas depois tornou-se tão natural quanto o oxigénio que lhe preenchia os pulmões. E mais que natural, tornara-se delícia, um gostinho especial, do cheiro o sabor, como que lambendo os dedos de guloso perante grande espanto, porque afinal, afinal, ele era um gajo estranho. Estranho na diferença, era certo, das coisas que mais ninguém fazia, e isso era seguramente de notar. Habituara-se a sentir-lhe a pele. Conhecia bem a pele. Os pontos exactos onde exercer pressão, onde fazer cócegas ou, tão melhor que isso, onde excitar, preparando para a maratona. Mesmo que fosse um segundo, ou um minuto, era maratona. Mas depois deixou de sentir o cheiro e deixou de lamber os dedos como rebuçado aprazível. Depois a pele desapareceu e só existiam sinais de fuga e ocultação, de quem respirava o mesmo oxigénio mas não queria partilhar. Até que um dia houve morte, mesmo, literal, daquela que leva os corpos ao chão, debaixo da terra, para não respirar mais. E quem aqui ficou teve de viver com o cheiro que não havia, os dedos sem graça, a pele que em lado algum se encontrava para tocar. E ficou pesado o encolher de ombros de resignação, de se conformar com o resultado de ter desaparecido antes de tempo, a inevitabilidade de um não poder mais, em oposição a um não poder porque não. E sempre pairava no ar a ideia de que esse não ser e não estar teria sido apenas e só um imenso disparate."
João
Geografia das Curvas

Postalinho de Colombo, Sri Lanka

"O quarto de banho da suite real, onde ficaram o Príncipe Carlos e Camilla. Em nossa casa..."
Daisy Moreirinhas



Sono

30 outubro 2016

Luís Gaspar lê «Se duvidas…» de António Botto

Se duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo –
E sentir
O mesmo amplexo carnal,
– desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o que for,
Porque o silêncio das almas
Dá mais liberdade
às coisas do amor.

Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha –
Se tanto for necessário
Para ser compreendido.

António Botto
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa