09 abril 2017

«respostas a perguntas inexistentes (361)» - bagaço amarelo

Deus

E eu a pensar que o Amor era uma necessidade. Uma necessidade que encontramos na solidão dos dias e que nos faz procurar alguém.
Quando ela se aproximou de mim e me perguntou se se podia sentar ao meu lado, eu ia na segunda cerveja. Tinha o livro que ando a ler fechado numa das cadeiras vazias e procurava as minhas próprias palavras para explicar o momento. É isso que a literatura nos faz, explicar-nos cada um dos momentos da nossa vida. O pensamento também.

- É um desenho?
- Mais ou menos...

Cada vez que eu pousava o copo de cerveja, a sua transpiração desenhava um círculo na madeira escura da mesa. Aquele segundo copo já me tinha permitido fazer o símbolo dos Jogos Olímpicos. Cinco círculos entrelaçados a que ela chamou desenho...
Deu-me um jornal para a mão e eu percebi ao que vinha. Era duma religião tão desinteressante para um ateu como eu como um pente para um careca. Ainda assim, queria saber o que é que ela tinha visto em mim para pensar que eu podia querer fazer parte duma seita chamada Igreja Universal do Reino de Deus.

- Também andei assim sozinha, muito tempo, pelos cafés...
- Eu adoro andar sozinho pelos cafés. Se puder fazer isto o resto da minha vida, faço.

Dei mais um gole na cerveja, com a sensação que ela acompanhou com o olhar todo o trajecto do copo, da mesa aos meus lábios e dos meus lábios à mesa. Pousei-o inadvertidamente no meio do símbolo dos Jogos Olímpicos e rodei-o de forma a destruí-lo.

- Eu também pensava isso mas depois, mesmo sem acreditar, encontrei Deus.
- E onde é que estava Deus quando o encontrou?
- Ele está em todo o lado, mas nós às vezes não o sentimos.
- Se ele está aqui, queira convidá-lo a sentar-se à nossa mesa, por favor. Eu pago-lhe um copo.

Pensei que ela ia desistir, mas não. Pôs-me a mão no ombro e explicou-me o que é uma corrente, ou seja, uma assembleia em que várias pessoas se juntam para poderem sentir Deus. E eu a pensar que o Amor era uma necessidade. Uma necessidade que encontramos na solidão dos dias e que nos faz procurar alguém. Foi o que pensei, pelo menos. Várias pessoas reúnem-se numa sala qualquer e não se vêem umas às outras. Preferem ver uma coisa que não existe quando, na verdade, o que elas precisam está mesmo ali ao lado: mais pessoas.
Apesar de tudo, era o que me estava a acontecer. Tinha uma pessoa ao meu lado para falar durante algum tempo, mesmo não acreditando minimamente no que ela me estava a vender. Depois de a informar de que não havia a mínima hipótese de me convencer, pedimos duas cervejas e gastámos o resto da tarde a conversar. Com palavras, claro. Não as do livro que ainda estava pousado, não as do meu pensamento solitário, mas as nossas...


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Postalinho de Natal antecipado (ou atrasado, conforme a perspectiva)


Postalinho da Simetria


E tens carta?...

São iguaizinhas às estradas, as mulheres. Quanto mais curvas, mais perigosas. Mas caramba, como eu gosto de as conduzir na cama.

Patife
@FF_Patife no Twitter

08 abril 2017

«Punheta» - Porta dos Fundos

Pobres mas felizes



HenriCartoon

Mulher nua

Pega de bengala em latão.
Junta-se, já com o cabo colocado, por encomenda, às outras bengalas da minha colecção.














A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

Um sábado qualquer... - «Cães e Gatos – Suzet»



Um sábado qualquer...

07 abril 2017

Massagem bombástica («speed spanking»)

Postalinho de Monsanto 2

"Tu não vês nada?
Beijinhos"
Daisy


Para quem não consegue ver um caralho à sua frente...


Luís Gaspar lê «Quando me queres…» de António Botto

Quanto, quanto me queres? – perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida…

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…

Não perguntes, não sei – não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

António Botto
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

#ballscratching - Ruim

Para quem não os tem, coçar os tomates pode ser estranho. Não no sentido figurativo da coisa, mas sim uma boa coçadela à antiga nos ditos cujos. São dois ou três movimentos apenas. Quando te fazem uma pergunta e ficas a pensar na resposta. Quando estás a ler uma notícia interessante no jornal. A escolher roupa. A olhar para o frigorífico a ver o que há para comer. Quase como se lhes tivessemos a pedir opinião naquele momento, como se os tomates fizessem parte na tomada de decisão. Não tem nada a ver em coçar a senaita, ok? Gaja que coce a senaita, é porque tem comichão na mesma. Nunca vi uma gaja indecisa entre dois tops na Mango e vai de coçar a sisse para ganhar clareza.
Não é a mesma coisa. E para lá de coçar os tomates a ler isto, ó javardolas.

Ruim
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