Naquilo em que eu estou para aqui a pensar é na necessidade (ou não) de manifestar a minha orientação sexual para me candidatar ao que quer que seja...
Vejamos, se eu fosse - muito hipoteticamente, como é bom de ver - entrevistado enquanto candidato a presidente da Sociedade Recreativa e Pantomineira de Freixo-de-Espada-ao-Ombro, em que é que enriqueceria a minha reputação divulgar previamente: «Atenção que eu sou muito hetero e nunca o revelei antes para não ofender uma prima que me tem noutro conceito...»?
Consideram que isto faria algum sentido?
Eu julgo que cada um deverá ter a orientação sexual que muito bem lhe aprouver e tentar ser feliz com isso - estou, até, capaz de considerar que é nessa demanda que cá andamos todos.
Parece-me, no entanto, desajustado, pelo menos para espíritos livres, alardear-se o ponto cardeal para que cada um aponta, no que ao sexo respeita.
Imagine-se, por absurdo, que a cada candidato lhe dava para anunciar coisas assim, do foro pessoal, como «tenho joanetes, levem isso em conta quando chegarem à urna de voto», ou «tenho uma mancha congénita na nádega esquerda, que isso não influencie o vosso voto», ou, até, «a minha avó, antes de morrer, informou-me que o meu pai, afinal, era o senhor Alfredo, o padeiro da rua onde vivi com a minha família, mas isso nunca abalou o meu espírito democrático»...
Haja paciência!
Jorge Castro