18 maio 2022

Luís Gaspar lê «A forca» de Cesário Verde


Já que adorar-me dizes que não podes,
Imperatriz serena, alva e discreta,
Ai, como no teu colo há muita seta
E o teu peito é peito dum Herodes,

Eu antes que encaneçam meus bigodes
Ao meu mister de ama-te hei-de pôr meta,
O coração mo diz – feroz profeta,
Que anões faz dos colossos lá de Rodes.

E a vida depurada no cadinho
Das eróticas dores do alvoroço,
Acabará na forca, num azinho,

Mas o que há-de apertar o meu pescoço 
Em lugar de ser corda de bom linho 
Será do teu cabelo um menos grosso.

Cesário Verde
José Joaquim Cesário Verde (Lisboa, 25 de Fevereiro de 1855 — Lumiar, 19 de Julho de 1886) foi um poeta português, sendo considerado um dos precursores da poesia que seria feita em Portugal no século XX.

Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

Erotheque

Compilação, LP, Portugal, 1977.
Mais um disco em vinil para a minha coleção.






15 maio 2022

Vulva cruz dos homens

Desenho original de um homem crucificado nos grandes lábios de uma vulva.
Paul Valerry, 2021
Da Alemanha para a minha colecção.

Erotismo cantado

Single, Etiqueta Erótica, Portugal, anos 70.
Avisos na capa: "Não aconselhável aos que ouvem mal"; "Não vendemos aos menores de 18 anos nem autorizamos que ouçam"; "Aos adultos não obrigamos a ouvirem o que não gostam, mas aconselhamos a comprar tudo o que gostam de ouvir"; "Cada um é como é! Quem não gosta... é só aquilo que quiser ser"; "Ideias comercializadas"; "Só ouvindo, contado não tem graça"; "Não se arrisque a reproduzir... pode ser pior". Avisos na contracapa: "Erotismo interpretado p´los mesmos e outros"; "Não damos nem vendemos a quem não gosta"; ""Nós somos os tais... nunca diga que somos o que você não parece nem pareça o que é para não sermos parecidos". Lado A: Datr uma volta ao mundo; Lado B: Zé Pilhana; A vingança fez ela.
Mais um disco em vinil para a minha coleção.




14 maio 2022

O fruto proibido - uma história cultural da vulva

Liv Strömquist, Bertrand Editora, Lisboa, 1ª edição, 2021.
"Desde os tempos de Adão e Eva que a vulva, a vagina, o clítoris, a menstruação e o orgasmo feminino têm vindo a ser punidos, exaltados, patologizados, politizados, controlados, delimitados. Liv Strömquist mostra-nos como diferentes culturas, ao longo da História, moldaram a saúde das mulheres, os seus direitos e as suas liberdades.
Na tradição de cartunistas como Art Spiegelman (Maus), Marjane Satrapi (Persépolis), Alison Bechdel (Dykes to Watch Out For) e Kate Beaton (Hark! A Vagrant), Strömquist usa a novela gráfica como meio artístico para expor verdades desconfortáveis e revelar o quão pouco o mundo muda. Liv Strömquist é licenciada em ciência política, ativista, podcaster e uma das mais respeitadas cartunistas da Suécia."
Um livro em banda desenhada de defesa de uma causa, na minha coleção.