Aceitar-te em mim.
Dedicar-me a ti um fim de semana.
Parar o tempo.
Abstrair-me de tudo.
Parar de pensar.
Olhar-te e reter a tua imagem.
Perder-me no castanho do teu olhar.
Deixar-me envolver no teu abraço.
Corporizar a nossa música numa dança.
Sentir o que foi ouvido indefinidamente.
Afagar teus caracóis rebeldes.
Aninhar-me no teu pescoço.
Absorver a quentura da tua pele.
Embriagar-me com os murmúrios da tua voz grave.
Ter sede da tua boca.
Ceder à tentação e beber-te.
Deixar-me despir lentamente.
Tirar-te a roupa.
Fazer o mapeamento de ti.
Submeter-me à exploração da tua boca.
Tactear-te o peito.
Percorrer as tuas pernas.
Deslizar os dedos pela tua cicatriz.
Roçar-me em ti.
Incendiar-me com a carícia das tuas mãos experientes.
Sentir a dureza doce do teu enlevo.
Combinar pulsações.
Demarcar o teu desejo que se sobrepõe ao meu.
Embriagar-te de prazer.
Libertar ondas de arrebatamento.
Abarcar todo o teu ser.
Apaziguar.
Traçar na minha mente a inefabilidade dos teus contornos.
Memorizar o mapeamento de ti.
Libertar o tempo.
Libertar-te.
Acordar dum sonho, imaginado ou talvez não.
Esperar…
(Abril 2005)