17 janeiro 2012

Eva portuguesa - «Doente»

"Aconteceu o que eu tanto temia! Fiquei doente!
Sofri uma lesão nas costas que me vai obrigar a 15 dias de repouso. Ou seja, 15 dias sem trabalhar...ou seja, 15 dias sem fazer nem ganhar dinheiro...
E agora, pergunto eu? Que faço para pagar as contas? Como faço?....
Fisicamente, estou de facto temporariamente incapacitada.
Psicologicamente, estou mortificada...
Não bastavam já as dores físicas, ainda tenho que me preocupar com a questão monetária...
Dói-me tudo: o corpo e a alma!
Tenho o carro para mandar arranjar, para ser reinspeccionado, senão não pode circular...
Dia 1 tenho o colégio do pequenito para pagar...
E dia 8 a renda das duas casas...
Fora o resto...
E agora... alguém me diz o que fazer?....
Não tenho família...
Os amigos... bom, não creio que haja alguém disposto a emprestar tamanha quantia...
E assim, são 5h da manhã e eu não consigo dormir...
Porque dou voltas a tentar encontrar uma solução que teima em não aparecer... e cada volta magoa-me a alma e faz-me doer o corpo...
E, de cada vez que o meu filhote me vê deitar uma lágrima que não consigo conter e me pergunta «Dói-te muito, mamã?» eu penso na inocência e preocupação daquela pequena maravilha que atribui as lágrimas à dor física e respondo, abraçando-o com cuidado: «Não, querido, com um beijinho teu vou ficar boa num instante!» e aí acredito que de alguma forma a solução há-de aparecer..."
Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Pelos olhos adentro

Agora que se preparam para transformar o velho Odeon noutra coisa qualquer, em que sala portuguesa poderemos assistir ao primeiro porno em 3D?

Frases do Ricardo Esteves - a propósito...



O Ricardo Esteves está no Facebook, no YouTube, no blog Quotidiano Hoje e no Tumblr

Copo de Michel Canetti (2010) para a Ritzenhoff


Copo de cerveja da colecção de 2010 da Ritzenhoff.
Uma bonita dama de copas, espadas, ouros e paus.


Um brinde, para que me dê sorte para encontrar uma parceria para a minha colecção!

O novo pacote laboral



HenriCartoon

16 janeiro 2012

«o bosão de Higgs» - bagaço amarelo

Hoje um homem passou por uma mulher. Quer dizer, passou por muitas pessoas na rua, num centro comercial, à porta da escola onde esperou o filho para almoçar e no gigantesco edifício onde vai fazendo intervalos na vida para trabalhar. Passou por muitas pessoas, mas agora que se afastou do mundo para poder jantar a sós com a luz da lua, e enquanto vai bebericando vinho dum copo embaciado, só se lembra duma mulher. Uma que não o olhou de frente mas talvez tenha olhado de lado, tão sorrateiramente como ele queria ter feito e não fez.
Pensando bem, talvez até tenha sido melhor assim. Ele também nunca olha nos olhos das mulheres que lhe interessam, pelo menos à primeira. Não tem coragem. Contou a história ao melhor amigo, pelo telefone, enquanto a água para o arroz branco ia fervendo, e ele não percebeu como é que uma mulher que apenas passou por ele lhe pode interessar tanto. Mas interessa, por isso é que se lembra dela e não das outras mais de mil pessoas que passaram por ele.
O Amor também tem um Bosão de Higss, uma partícula elementar à sua existência. Pode ser o olhar, por exemplo. Tudo começa à escala mais pequena possível deste mundo, até um grande Amor. E se um dia destes passar por ela de novo, talvez os seus olhos se evitem como o voo de duas moscas tontas para depois chocarem finalmente um no outro. Foi assim que se apaixonou a última vez e depois surgiram mais choques em cadeia: o dos lábios, o das mãos e o do corpo. Do corpo todo.
Hoje um homem passou por uma mulher e agora não consegue sentir o sabor do sal da comida. Nem sequer tem muita fome. Dá mais um gole no copo de vinho. Talvez um dia destes...

bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

E ainda há quem se admire que eu seja lésbica!

Fruta 61 - Camisinha húmida

Photobucket



(Reynaldo Gianecchini)

O dilema da princesa

15 janeiro 2012

O banho do Homem e da Mulher

Pilómetro?

«Presídio» - por Rui Felício


Latagão, sentia-se agrilhoado dentro do casaco acabado de estrear, que o alfaiate Sr. Melo lhe tinha feito, depois de ter virado um fato com anos de uso no corpo franzino do seu pai. Ia conhecer Lisboa finalmente! O Arnaldo embarcou, ansioso, na Estação Velha, no Flecha de Prata que o levaria à capital, pela linha do Oeste.
Depois de uma viagem de mais de sete horas, os solavancos do comboio prateado, o chiar dos rodados nas mudanças de agulha, a súbita escuridão exterior, o acender das ténues luzes das lanternas amareladas que alumiavam a carruagem , assinalavam a entrada no túnel percorrido em marcha lenta até desembocar na claridade da gare do Rossio.
Sentiu as costuras do casaco darem de si, quando se esticou para recolher a mala de cartão acomodada na rede junto ao tecto da carruagem e saiu. Na plataforma, esperava-o o seu tio que morava em Algés em casa de quem iria passar uns dias.
A praça do Rossio, as ruas da baixa, a estátua de D. José no Terreiro do Paço pouco o impressionaram. Também em Coimbra já tinha visto coisas semelhantes, e até mais bonitas, na Portagem, na Praça Velha, na Praça 8 de Maio, na Rua da Sofia...
Donde ele não conseguia desprender os olhos era do mar à boca do Tejo. Já o tinha visto uma vez em Mira, quando foi para lá acampar nas férias. Aquela vastidão a perder de vista deixava-lhe sempre um nó na garganta, uma sensação de incompreensão pela lonjura que nele se escondia.
Foi num desses longos momentos de contemplação no areal da Cruz Quebrada, que se sobressaltou com um inesperado toque no ombro.
Voltou-se e deu de caras com o doce sorriso de uma rapariga de belos olhos negros que não se despegavam dos seus.
- Nunca o tinha visto por aqui, disse-lhe ela numa voz suave e triste.
- Não sou de Lisboa, estou aqui apenas alguns dias de férias, respondeu-lhe o Arnaldo.
- Veio ver o seu pai?, perguntou-lhe a rapariga. Eu venho aqui todos os dias ver o meu.
Ao ar intrigado do Arnaldo, que ali não via ninguém além deles os dois, ela explicou, apontando com o queixo para o Presídio da Trafaria, do outro lado do rio:
- O meu pai está ali. É sargento, preso político.
O Arnaldo abraçou-a com ternura.
Só conheceu o pai dela, muitos anos mais tarde, depois da Revolução, a quem foram mostrar, quando o libertaram, o neto já com nove anos e que nunca tinha visto o avô.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações