30 abril 2012

Como vender bombons no Japão

«conversa 1887» - bagaço amarelo

Ela - Apesar de tudo ainda me sinto apaixonada pelo meu marido.
Eu - Apesar de tudo?! Tudo o quê?
Ela - Dos vinte anos de casamento, essencialmente.
Eu - Ah!
Ela - Ele tem coisas que eu adoro.
Eu - Quais?
Ela - Por exemplo: não me interrompe quando estou a ler, não entra na casa de banho quando eu estou lá, não se mete nos copos, não deixa o saco do lixo transbordar...
Eu - Parece-me que gostas mais dele por causa do que ele não faz do que pelo que ele faz.
Ela - Outra coisa boa que ele tem, ao contrário de ti, é que nunca me contradiz.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Up !



Precisa, quer e tem

São coisas completamente diferentes.




Meu deus, peitos no Capinaremos, que falta de profissionalismo.

Capinaremos.com

29 abril 2012

Like baboons...


"Como os babuínos... os nossos líderes eleitos são literalmente viciados no poder"

Porta-Curtas - «Sensações Contrárias»

Género: Experimental
Diretor: Amadeu Alban, Jorge Alencar, Matheus Rocha
Elenco: Fernando Passos, Leda Muhana
Duração: 6 min Ano: 2007
País: Brasil
Sinopse: Sensações Contrárias é ambientado no Recôncavo Baiano, região de passado coronelista. Dentro de um ambiente provinciano-decadente, desenvolve-se a noção de borrão, em que os eventos coreográficos e imagéticos se dão por aparentes acidentes, falhas e descontinuidades, num limite entre realismo cotidiano e surrealismo.

Folhear



Galguei a Feira naquela tarde com a cabeça feita cata-vento para abarcar de uma assentada os livros que me podiam servir nas mãos. Era junto desses que parava a folhear-lhes a macieza do papel , a lamber com os olhos a volúpia das palavras, a inalar-lhes as imagens. Dei de caras com uma biografia de Vitorino Nemésio, com encadernação de capa dupla e tudo e aquelas imagens a preto e branco como eu me lembrava da infância fixaram-me ali, encantada, a desfolhar frame a frame. Um dos rapazes do stand, o de olhos cor de mel, deixou-os escorrer para a voz para me perguntar se podia ajudar nalguma coisa e como responder-lhe faz de mim uma máquina-bilheteira do Metropolitano de Lisboa era equivalente a tornar-me croquete numa travessa de aperitivos, optei pelo tradicional levo este, com o indicador colado ao livro.

Feitos os avios, virei costas para continuar a peregrinação quando me passa pelos ouvidos a frase vai lá que ela não tinha aliança nem nada e como uma traça perante uma lâmpada catapulta-se à minha frente o moçoilo dos olhos melados a convidar-me para o acompanhar à roulotte dos churros e farturas, fitando-me muito fixamente não fossem as vistas fugir para locais menos apropriados como o meu decote que do topo das calças ele já tinha feito a métrica. Aceitei o churro com molho de chocolate que nos fazia trejeitos nos lábios ao escorrer pelos cantos da boca enquanto ele discorria sobre o investimento dos CTT nos livros de prestígio com lombadas bonitas, trocávamos os nomes dos livros favoritos e eu imaginava se havia de começar a apreciar a qualidade daquela encadernação no coreto perto do Pavilhão Carlos Lopes ou manusear-lhe as fibras musculares na Estufa Fria ou simplesmente, rebolarmos como página ímpar e par relva abaixo.

Só que aquela alminha, Senhor Doutor, a páginas tantas resolveu mostrar-se fã do Paulo Coelho e no mesmo instante a minha inspiração começou a amarrotar-se e só parou no cesto dos papéis.

Sexo seguro para pessoas idosas

"Nos últimos 5 anos, a taxa de doenças sexualmente transmissíveis entre as pessoas idosas aumentou mais de 70%. Este anúncio de serviço público promove a importância do uso do preservativo, ilustrada por adultos maduros em várias poses do Kama Sutra."
SaferSex4Seniors.org

Band-aid conceptual



Ricardo - Vida e obra de mim mesmo
(crica na imagem para abrir aumentada numa nova janela)

28 abril 2012

Homens, aprendam a fazer «sex on the beach» (o cocktail, que o resto, se não sabem, não é aqui que aprendem)

«conversa 1886» - bagaço amarelo

Ela - Estou a precisar de mudar seriamente alguma coisa na minha vida.
Eu - Tipo o quê?
Ela - Nem sei bem. Sinto-me cansada da vida, do meu marido e até dos meus filhos. Não sei bem explicar...
Eu - Às vezes acontece. Tira um fim de semana só para ti, por exemplo. Não estás a pensar em divorciar-te, pois não?
Ela - Para já, para já, estava mais a pensar em ir às compras.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

«Zé Fogaça» - por Rui Felício


O Mário do Vale da Azenha, enviuvara já há uns anos.
Vivia só com a Mariana, sua filha, que era a rapariga mais bonita da aldeia. Fez tudo para que ela não casasse com o Zé Fogaça. Mesmo no dia da boda, já ela estava vestida de noiva, foi ao seu quarto e fez a derradeira tentativa para evitar o casamento. O Zé Fogaça era um mulherengo, já tinha tido um ror de namoros. Andava com elas uns tempos e depois abandonava-as.
Mas o amor dela era muito forte e casou com ele. Já lá iam dois anos e ele sempre a encheu de carinhos. A fama do Zé Fogaça não era mais do que fruto da maledicência da aldeia…
Mas, naquele sábado, ansiosa, lembrou-se das palavras do pai no dia do casamento. Lembrou-se dos mexericos que passavam de boca em boca.
Deu pelo toque das avé-marias na torre da igreja e o Zé Fogaça ainda não aparecera em casa.
Ainda de madrugada, ele saíra de casa. Tinha ido à caça como era costume aos sábados mas, ao contrário do habitual, não regressara pela hora do almoço.
Só quando aquele sol de verão a prumo já não dardejava sobre a aldeia, só quando os seus tons alaranjados prenunciavam a noite é que ela ouviu o velho cão Mondego latir a correr e esgadanhar na porta. Atrás lá vinha o marido com três láparos e uma perdiz à cintura.
Suspirou de alívio, e foi a correr pôr a mesa.
Durante os dois meses seguintes, a chegada tardia a casa do marido, tornou-se um hábito. Calada, a Mariana sofria, chorava, o coração apertado...
O marido regressava sempre só ao fim do dia e as pessoas da aldeia já comentavam que a caça dele era outra! Constava que andava metido com a Carmen, cigana das Carvalhosas de quem se dizia que já tinha estragado alguns casamentos.
Certo sábado, logo que o marido saiu, entrou-lhe pela porta do quarto dentro o Mário do Vale da Azenha, esbaforido, de caçadeira debaixo do braço.
- O teu homem?
- Foi à caça, meu pai. Você sabe que ele sempre vai aos sábados.
- Pois hoje também eu vou à caça!- disse-lhe o pai.
- E que caça!, acrescentou por entre dentes.
- Não me quiseste dar ouvidos quando te casaste com ele. Agora tenho que ir defender a tua honra e a minha que na aldeia o falatório já é insuportável. Até o Senhor Prior na missa já aludiu ao assunto!
Logo que o pai saiu porta fora, a Mariana caiu de bruços na cama e chorou convulsivamente. Não sabia o que mais a afligia. Se o que o pai ia fazer ou se confirmar que o marido a andava a enganar.
Ao crespúsculo, lavada em lágrimas, por trás da cortina da sala, viu finalmente o Mondego a abanar o rabo e a ladrar em louca correria pela quelha acima que vinha do rio.
Logo atrás, o pai e o marido, lado a lado.
Pareciam vir em amena cavaqueira, rindo muito. Afinal, os seus receios eram infundados!
Veio à porta esperá-los, abraçou-os e encheu o marido de beijos.
O Zé Fogaça disse-lhe:
- Vai te preparando! Vais ter uma madrasta! O teu pai vai-se casar com a Carmen! Há meses que ela anda apaixonada por ele e me pede para eu o convencer a casar-se com ela.
E virando-se para o sogro:
- É ou não é verdade, Sr. Mário?
- Sim, é verdade. E além de minha mulher, não te esqueças que ela vai ser tua sogra! E que, pelas leis da Santa Madre Igreja, será como se fosse tua mãe!

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações

Um sábado qualquer... - «Rancores»




Um sábado qualquer...