28 julho 2014

«pensamentos catatónicos (304)» - bagaço amarelo

Há poucas coisas mais elucidativas do que uma boa conversa de treta. As conversas de treta, sejam elas sobre o estado do tempo, o campeão nacional de futebol ou a quantidade de açúcar dos bolos portugueses, são sempre conversas que só existem se todos os interlocutores as desejarem. Para que duas ou mais pessoas tenham conversas de treta têm, por isso, que se desejarem também entre si, pelo menos nesse momento em que conversam sobre coisa nenhuma.

Nunca me apaixonei nas Finanças, no Registo Civil ou no Notário. A razão é simples, são locais onde não há conversas de treta. A última vez que tirei o cartão de cidadão tive a felicidade de ser atendido por uma mulher bonita e a infelicidade de estar num local onde não há espaço para conversas de treta. Tudo o que ela me perguntou foi útil, tudo o que eu lhe respondi também. No Amor não há muito espaço para a utilidade.

Sobre o estado do tempo, por exemplo, eu sou incapaz de trocar uma só palavra com alguém de quem não gosto. Já com quem Amo posso estar a noite inteira a falar do Sol, da chuva, das nuvens e da precipitação. Com a vantagem de que também consigo estar em silêncio sem que o silêncio me incomode. A companhia de quem Amo é sempre uma contemplação e não há treta melhor do que saber isso.

Sei que uma mulher não gosta de mim o suficiente quando a convido para sair ou jantar e ela me pergunta para quê. Quando há um "quê" num convite para estar com alguém a coisa simplifica-se, mas tudo o resto desaparece. Se eu telefonar ao canalizador há sempre um "quê" muito simples. Uma sanita entupida, por exemplo. Se eu convido alguém para jantar é porque quero ter uma noite de treta.
O Amor é uma treta. Quando não é uma treta também já não é Amor. É uma utilidade.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Toda mulher curte um beijo spiderman


… malditos pombos cagadores

Capinaremos.com

27 julho 2014

Olhos negros


OJOS NEGROS teaser from Alessandra Video on Vimeo.

Postalinho dos anjos mamudos

"Afinal os anjos têm sexo!
Pelo menos estes, num painel em madeira de uma casa em Monsaraz (Alentejo)."
PM


Teóricas e práticas



Ele era inexcedível quando se atracava a mim e subia uma mão por dentro da camisola até fazer saltar um seio do soutien para os dedos titilarem o mamilo enquanto a outra se metia desvairadamente pelo cós das calças ou da saia, na ansiedade de um bando de pássaros migradores a bicarem cada milímetro das zonas húmidas.

A gaita, Senhor Doutor, era quando naquele período do aquecimento se empenhava em fazer do meio das minhas pernas o seu prato de leite que era uma pressa de schlep, schlep, tal e qual os gatos fazem com a língua. Eu bem sei que os filmes pornográficos são um fraco material de apoio para esta questão já que a maior parte das vezes são gajas com gajas e nenhum mânfio as vai copiar, não vá perder virilidade por isso e, quando são gajos na função, aquilo é mais estética para o plano que outra coisa qualquer.

O facto é que a falta de comunicação emitida em gemidos da minha parte o fez repensar a questão e a solução que encontrou foi pegar no popular passar o corredor a pano e, literalmente, fazer de mim chão de esfregona. Oh Senhor Doutor, eu nem queria acreditar, dada a sua idade cronológica que o sexo oral fosse para ele matéria virgem mas em boa verdade, ainda me irritava mais a sua contínua falta de espírito de investigação.

E assim, fartinha do trivial que era o que a minha avozinha chamava às refeições dos dias de semana, resolvi fazer-lhe um desenho e pespeguei uma imagem de um pénis e de um clítoris nas minhas nádegas que era o expositor que tinha ali mais à mão e paulatinamente, pedi-lhe que observasse bem as semelhanças que permitiam que as técnicas de sucção aplicadas num pudessem ser igualmente aplicadas no outro, tal como o contorno da língua no topo da elevação e que, de igual modo, as mãos colocadas na base permitiam a aceleração do estado de erupção.

Só não lhe disse mesmo que me parecia que o pénis era uma evolução natural da espécie clitoriana para não lhe criar uma crise de identidade e consequente demissão de quaisquer funções.

Conheça a saga crepúsculo



Renan Lima
Dentro da Caveira

26 julho 2014

«A dama do lotação» (filme completo)

"Desde que sua mãe morreu, meu filho, eu me satisfaço sozinho. Mas juro, meu filho: é pela tua mãe!"

A Dama do Lotação é um drama erótico brasileiro de 1978.

Sinopse - Solange e Carlos conhecem-se desde a infância e casam-se. Na noite de núpcias, Solange resiste ao seu marido, que, impaciente, acaba por a violar. Solange fica traumatizada e, apesar de desejar Carlos, não quer mais nada com ele. Para se satisfazer, ela começa a fazer sexo com homens que não conhece, que encontra ao andar de lotação (espécie de micro-autocarro que faz transporte público).

«Sempre consigo»

Preservativo de uma campanha contra o VIH/SIDA.
Oferta do Engº RC para a minha colecção.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)




Namorada



Via Testosterona

25 julho 2014

23 julho 2014

Placebo «Loud Like Love»


Placebo // Loud Like Love (feat. Bret Easton Ellis) from Saman Kesh on Vimeo.

«pensamentos catatónicos (303)» - bagaço amarelo

Um abraço

Há duas palavras que eu detesto: "empreendedorismo" e "sucesso", porque actualmente as duas estão tão próximas uma da outra quanto distantes. Por isso, mas também porque detesto fingimentos e lonjuras. Ser empreendedor ou ser um self made man é ser a antítese do Amor. A merda deste país acabou nestas duas palavras. Fala-se do sucesso dum amigo porque ele tem emprego ou abriu uma lojeca qualquer numa esquina da cidade, nunca porque ele está apaixonado apesar dos seus quarenta anos. Não me fodam, a felicidade não passa por aí.
O Amor também não é felicidade, é verdade. O Amor é estar vivo, é estar sempre nos píncaros da felicidade ou da tristeza profunda. Nada mais. Mas é isso que é estar aqui, tão vivinho quanto a sardinha que salta no cais depois de apanhada. Este país cansa-me porque já nem sequer sabe estar triste. Não sabe sofrer. Só sabe falar em palavras vãs como empreendedorismo e sucesso. Fala-se nisso, depois morre-se.
Tenho uma má notícia para todos os que consideram que o seu sucesso passa por ter um pequeno negócio ou por uma pequena empresa que lhes permite sobreviver: isso não vale uma merda. O que vale é, tendo uma loja, sorrir para os clientes, apaixonarmo-nos todos os dias, dar a mão a um Amor todas as manhãs. O resto é folclore. Até eu estou a abrir um negócio. Não para viver, mas sim para sobreviver.
Este país cansa-me porque já nem sequer é um país. É um pequeno grupo de gente que busca uma conta bancária confortável, apesar de nunca o conseguir, e acha que isso é normal. É um país que não fala de Amor, é uma coisa sem vida que nem triste consegue ser. Eu não quero ser parte disto, até porque ainda me apaixono todos os dias.
Agradeço à mulher que hoje, no Parque Infante Dom Pedro, me pediu um abraço. Um abraço nunca se pede, porque quando se dá também se recebe. É isso, um abraço troca-se. É por isso que é tão bom abraçar. Só por isso. Tenho pena de quem ainda não chegou lá. Ela chegou lá hoje. Eu também.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

A Nu




«As mãos» - João

"Aqueles eram os tempos dos corações em uníssono, ou da cabeça sobre o peito, para ouvir a vida bater. Eram os tempos dos muretes brancos e gente sentada com vista aberta para as cidades e o mar, de dizer que “quero ficar contigo” e perguntar “deixas?”. Eram os tempos dos dedos passeados entre cabelos, e ainda assim misturava-se nele um sentimento de insuficiência, como se ele não tivesse valor, como se não chegasse. Veria ela isso? Aquele nada? Era tudo quanto havia para lhe dar. Vulnerabilidade despojada. Será que via aquelas mãos? O que via naquelas mãos afinal. Podia dar-lhe muito, podia dar-lhe coisas imateriais, um sentimento de realeza, sentir-se no topo que não cessa, aquecê-la como ninguém antes, podia até partihar com ela as fodas mais fodidas, mais detonadoras, mas as mãos estavam vazias. E ele sentia-se insuficiente, sentia-se pouco, como se nada tivesse para lhe dar. Vias aquelas mãos? Ele teria chegado ao pé dela com as mãos a abanar, uma à frente e outra atrás. Disse-lho: é assim que chego até ti. Frisou que não tinha nada para lhe dar, nenhum conforto, nenhum desafogo, não podia preencher o espaço com coisas nem percorrer o globo, era mesmo uma à frente e outra atrás, as mãos. Só ele, e pouco mais. E ela interrompeu-o, cortou-lhe o pio, atirou-o ao chão com a resposta que articulou. Ele sentia-se incapaz, insuficiente, pouca coisa. Mas ela só queria que as mãos não estivessem à frente e atrás. Queria-as de lado. Foi assim que lho disse. Que podia chegar perto dela com as mãos uma de cada lado, para a abraçar."
João
Geografia das Curvas