06 julho 2016

«creme Nívea» - bagaço amarelo

O taxista estava descalço, sentado no banco do condutor com as pernas fora do carro. Cada uma das suas meias esverdeadas a espreitar dos sapatos como se fossem cobras indianas encantadas com o som duma flauta mágica. Com os dedos das mãos limpava os dedos dos pés, tão concentrado que demorou a perceber a minha presença. Tossi, sem ter tosse para o fazer, e ele olhou para cima semicerrando os olhos como se eu fosse o Sol. Mandou-me entrar e calçou-se apressadamente.
O cheiro do creme Nivea que acabara de passar pela cara, para combater a secura da pele, lembrou-me uma praia portuguesa, uma mão dada à minha namorada e um abraço com a pele tostada. Lembrei-me dos seus cabelos negros misturados com areia e dela a pedir-me que levasse o guarda-sol amarelo e o abrisse no sítio do costume. Que ingenuidade, sempre pensei que aquele aroma era da praia e afinal é apenas de um creme.
O pára-brisas do táxi amarelo enquadrava uma paisagem de edifícios envergonhados que contrasta com essa memória. Estão degradados e só se mantêm de pé porque é essa a dignidade que lhes resta, manterem-se de pé como velhos equilibrados na ponta de uma bengala, num esforço titânico de quem já passou pela vida toda. Ouvi qualquer coisa em búlgaro que não percebi, mas que supus ser a pergunta normal sobre para onde queria eu ir. Sorri, tirei o meu telemóvel do bolso e mostrei-lhe uma mensagem que recebera antes com a morada dela, em cirílico, e um convite em inglês para aparecer. Preparava-me para me deitar, apesar de serem oito da manhã, pois tinha feito direta a trabalhar.
Tenho que descansar, disse-lhe. Podes descansar comigo, respondeu. E eu tornei-me a vestir e saí de casa à procura de um táxi.
O carro arrancou devagar. No rádio fanhoso ouvia uma música qualquer de chalga que conheço mas da qual não sei o nome. Os edifícios observavam-me em silêncio, como se se perguntassem para onde é que eu ia àquela hora matinal de um Domingo. Tentei recordar-me do cheiro verdadeiro da praia, mas não consegui fugir da memória daquele abraço e do aroma intenso do creme Nivea. Parámos num semáforo, olhei pela janela e decidi falar com eles. Com os edifícios, digo.
É que o Amor não me passa nem quando me falta, disse-lhes.
Atiraram com as bengalas ao chão e disseram-me adeus. Todos eles, até àquele em que eu parei para mandar mais uma mensagem pelo telemóvel. Estou aqui à porta, escrevi. Ela desceu e abraçámo-nos. E de dois que éramos passámos a ser só um, mais um aroma qualquer a uma cidade que cada vez é mais minha.
Talvez daqui a uns anos me lembre deste abraço noutro táxi, noutra cidade, noutro Amor. Que o Amor nunca me passe nem quando me faltar, pensei. E subi.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

Molho-me

imagem minha sem permissão para partilhas em qq rede social
 Chove.
Que se dane.
Visto o meu kimono e vou para a chuva e imagino Tiesto, O dj.
Imagino um varão, danço, não sei se vêm ou não, não quero saber.
Sinto as minhas curvas, vejo o meu cabelo a pingar...
o kimono pesa, fico em camisa de noite... Sinto-me sexy, estou encharcada, pela chuva, que me está a lavar a alma que me está a ajudar a tomar decisões...
Abro os braços e fico em bicos de pés e ouço tiesto, sinto-me no mundo da transcendência...
Onde estás tu, sejas tu quem fores, para partilhares este momento mágico comigo?


Partilho comigo, não é sonho, é apenas o que tenho e tenho-me a mim...

Do meu mundo

Os cogumelos



Para quem não viu, veja aqui.

HenriCartoon

Incha... mas depois passa



05 julho 2016

A funda São procura parceiro [M/F/outros]

Um prato e uma pequena taça tridimensional da colecção de arte erótica «a funda São». Dois dos mais de 3.500 objectos e 1.800 livros que procuram um espaço de exposição permanente.


Postalinho da salada... quê?!

"Num café da Mealhada, anuncia-se que o prazer é todo seu. E percebe-se isso...


... quando se vê o que é a primeira sugestão da ementa."
Paulo M.


Até um dromedário serve!


O meu reino por um camelo!



Sharkinho
@sharkinho no Twitter

«Projeto Mulheres» - Carol Rossetti - 46

O livro «Mulheres - retratos de respeito, amor-próprio, direitos e dignidade», de Carol Rossetti, está em venda em Portugal, editado pela Saída de Emergência.







Página pessoal
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Mulher auto-satisfaz-se, observada pelo olho de Rá

Tabuleiro em madeira pintado por Ana Sofia S.
A Pink Poison explica a surpresa que teve com este tabuleiro-quadro: "Fiz uma troca porque gostei do olho de Rá. Só dois anos mais tarde percebo que a senhora está num acto de auto-satisfação".
E ela é tão fixe que ofereceu este tabuleiro para a colecção de arte erótica a funda São.
Bem hajas, Pinkita!










A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

04 julho 2016

Spykar - «Festival do filme azul» - Índia

Spykar, uma das principais marcas de ganga da Índia, quis excitar os jovens digitalmente viciados do país com a sua campanha «2015 Colecção Outono-Inverno», aproveitando o facto da maioria dos jovens indianos procurar conteúdo adulto online. Aliás, na Índia, os filmes pornográficos são chamados filmes azuis. Isto inspirou uma brincadeira em todo o país - o primeiro festival de cinema sempre azul da Índia: 10 filmes digitais com modelos internacionais vestidas com a colecção azul de Spykar, em imagens pixelizadas.

«Concurso de beleza» - por Rui Felício

Peter Paul Rubens
«O julgamento de Paris»
ca. 1632-1635, óleo sobre madeira, 144 x 149 cm
(National Gallery, Londres)

Há um episódio da mitologia grega, o julgamento de Páris, que pode ser considerado consequência do primeiro concurso de beleza de que se tem notícia.
Conta-se que o filho do rei de Tróia teria recebido a inesperada visita das deusas Hera, Atena e Afrodite.
Elas disputavam a maçã de ouro (o famoso pomo da discórdia ) que seria concedida à mais bela.
Páris foi nomeado por Hermes para ser o juiz do concurso, em nome da vontade de Zeus, o deus supremo.
As três imortais defenderam cada qual a sua candidatura, prometendo ao árbitro dons e bens particulares.
Hera ofereceu-lhe poder e o império da Ásia.
Atena, a sabedoria e a vitória em todos os combates.
Afrodite garantiu-lhe o amor da mulher mais bonita do mundo que era Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta.
O príncipe declarou Afrodite a deusa mais bela e esta cumpriu a promessa, fazendo com que Helena se apaixonasse por Páris.
Páris raptou então Helena estando aí a origem da famosa Guerra de Tróia.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Eva portuguesa - «Pessoas felizes»

Veja como pessoas felizes não perdem tempo nem energia fazendo mal para os outros.
Maldade é coisa de gente infeliz, frustrada, medíocre e invejosa. Por isso, 'bora ser felizes?...
Estou cá para vos ajudar nisso...


Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

Postalinho de Beja

"Esqueletinhos numa foto do Museu de Arqueologia."
Vânia Beliz