27 setembro 2016

«Le Rendez-Vous» (o encontro)

Grande placa metálica dourada (27x35cm), assinada por Beaudoin Pinyit (1771), com a imagem em relevo de uma mulher madura a abraçar e a apalpar um seio de uma mulher mais jovem.
Uma peça deliciosa, a juntar-se a tantas outras da minha colecção.




















A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

... procura parceiro [M/F]

Quem quiser investir neste projecto, pode contactar-me.

Visita a página da colecção no Facebook (e, já agora, também a minha página pessoal)

26 setembro 2016

Está lá quase...



Postalinho de Budapeste (2 de 4)

"Quem vai do castelo de Buda para o templo de Matias, pela Rua Tárnok, passa por um pequeno largo com uma fonte..."


"... com uma senhora a segurar numa bandeja de onde cai água, por cima da sua cabeça..."


"... mas, com tanta gente a passar por ali, não há ninguém que lhe recoloque o pano à cintura ou, pelo menos, alerte a coitada da senhora?!"
Paulo M.


«E assim se fez» - João

"A noite começara a cair. Já havia caído muitas vezes antes, e sabia-se que cairia muitas mais vezes depois. Mas a brisa era agradável, ondulando cabelos, a excitação era grande, arrepiando a pele aqui e ali, e com a queda da noite, cairam também as roupas, e depois sobre elas, num atabalhoamento cego, os corpos. Havia laços nas tuas meias, foram lidos pelas minhas mãos, como se elas fossem scanners que marcavam na memória todo e qualquer pedacinho do teu corpo. A noite estava toda espalhada pelo chão, pelo ar, o céu negro, e a pergunta de outrora pairava fresca, como tantas vezes antes, como tantas vezes depois. Como vamos fazer isto, perguntava. Como vamos fazer isto, perguntaste, malandra, quase ao meu ouvido, para me lembrar, para me dizer como era. Vamos fazer isto assim, pensarias tu talvez. E assim se fez.

Não sabia explicá-lo. Era sinistro e apaixonante, e a pergunta perdia valor a cada momento, deixava de ser importante saber-se como se ia fazer, conquanto se fizesse, e fazia-se, como nunca, como sempre, como nunca mais se encontraria."

João
Geografia das Curvas

Haja decoro!...

Crica para veres toda a história
Maçãs do rosto


2 páginas
(cricar em "next page")

25 setembro 2016

Luís Gaspar lê «Beijemo-nos, apenas» de António Botto

Não. Beijemo-nos, apenas,
Nesta agonia da tarde.

Guarda
Para um momento melhor
Teu viril corpo trigueiro.

O meu desejo não arde;
E a convivência contigo
Modificou-me – sou outro…

A névoa da noite cai.

Já mal distingo a cor fulva
Dosa teus cabelos – És lindo!

A morte,
devia ser
Uma vaga fantasia!

Dá-me o teu braço: – não ponhas
Esse desmaio na voz.

Sim, beijemo-nos apenas,
Que mais precisamos nós?

António Botto
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«coisas que fascinam (212)» - bagaço amarelo

agasalho

A temperatura média baixou. De vez em quando chove, ainda que raramente, e o vento passeia devagar pelas ruas da cidade. Não tem nome, porque não cabe em nenhuma outra, mas é esta a minha estação preferida. Uma mistura de Outono e de Primavera. É a minha preferida porque, apesar do Sol, as pessoas precisam de agasalho.
Um abraço também é isso: um agasalho. Se não o for, não chega a ser um abraço. E passeei-me com o vento que me parecia tão só. Fui para onde ele ia sem sequer lhe perguntar porquê. Desde o dia anterior que uma frase não me saía da cabeça. "Devias ter cuidado. Estás a ficar demasiado búlgaro!". Foi uma mulher que ma disse, já eu me tinha despedido. Tomámos café e eu informei-a que precisava ficar sozinho o resto do dia. Antes de me afastar, ela atirou-a como se fosse uma lança qualquer. Uma frase pode ser uma lança? Pode.
O recreio duma escola que eu me habituara a ver deserto estava agora cheio de vida. Algumas crianças corriam e gritavam numa brincadeira que me pareceu sem sentido, outras jogavam futebol com uma bola barata e duas raparigas analisavam as raízes duma árvore que deve estar ali há mais de cinquenta anos. Curvaram-se e depois gritaram. Era um bicho qualquer que as assustou. Vi-as abraçarem-se enquanto o grito se apagava lentamente. Agasalharam-se uma à outra, concluí.
Não sei quanto tempo fiquei ali, a olhar para o pátio da escola através das grades, prisioneiro das minhas memórias de há quarenta anos atrás noutra escola, mas com os mesmos gritos sem sentido e as mesmas bolas baratas. Sei que o vento ficou comigo e percebeu-me. Somos todos tão o mesmo.
Dentro de um carro vermelho escuro, um puto qualquer fitava-me curioso não sei há quanto tempo. Fechei a mão em punho e estiquei apenas o dedo polegar. Fixe! Ele respondeu-me com um gesto igual, riu-se e escondeu-se no banco de trás.
O Chucky's Coffee House é o melhor sítio da cidade para tomar café ou, no mínimo, aquele que é mais parecido com um café português. Descobri-o num abraço há uns meses atrás durante uma visita que tive. Foi lá que o vento me levou sem eu pedir. Costuma ser assim. Quando não tenho destino, agasalho-me na memória dum abraço.
A frase foi-se.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI 100% algodão

Maitena - Condição feminina 46



24 setembro 2016

«Se não posso dizer não, não posso dizer sim»

Projecto KnowNo



Postalinho DP


«Conceito de beleza» - por Rui Felício

Nas últimas décadas, tem vindo a ser recuperado o conceito de beleza helénica, de linhas equilibradas, simétricas, suaves, expurgadas de imperfeições.
«Mulher, cupido e pombas»
Óleo sobre tela de autor anónimo
Colecção de arte erótica «a funda São»
As mulheres eram apresentadas de seios pequenos, erectos, nariz atilado, lábios cheios, cabelo tratado.
Os homens, de cabelo encaracolado, olhos profundos, peitorais firmes, musculados, ventre liso e pénis pequeno.
Pelo meio dos séculos, o conceito de beleza passou por variados padrões. Todos se lembram das matronas anafadas da Renascença ou das macilentas mulheres da época romântica.
Ou dos homens rudes, guerreiros, mal lavados dos tempos da Reconquista Cristã.
Ou mesmo dos efeminados cavalheiros do séc XVIII, de cabelos empoeirados e finas pernas envoltas em apertadas meias de seda.
O belo e o feio são conceitos, são modas.
Mas, transversal a todas as épocas é o conceito imutável de que a beleza resulta mais daquilo que se é, do que daquilo que se aparenta ser.

Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

Sim, sim... oh... sim...



Eu sei que sexo não é a resposta. Aliás, sexo é a pergunta. “Sim” é que é a resposta.

Patife
@FF_Patife no Twitter