31 outubro 2016

«Meu for Men by Cristina Ferreira»

«Não ser e não estar» - João

"Habituara-se a sentir-lhe o cheiro. A princípio era estranho, mas depois tornou-se tão natural quanto o oxigénio que lhe preenchia os pulmões. E mais que natural, tornara-se delícia, um gostinho especial, do cheiro o sabor, como que lambendo os dedos de guloso perante grande espanto, porque afinal, afinal, ele era um gajo estranho. Estranho na diferença, era certo, das coisas que mais ninguém fazia, e isso era seguramente de notar. Habituara-se a sentir-lhe a pele. Conhecia bem a pele. Os pontos exactos onde exercer pressão, onde fazer cócegas ou, tão melhor que isso, onde excitar, preparando para a maratona. Mesmo que fosse um segundo, ou um minuto, era maratona. Mas depois deixou de sentir o cheiro e deixou de lamber os dedos como rebuçado aprazível. Depois a pele desapareceu e só existiam sinais de fuga e ocultação, de quem respirava o mesmo oxigénio mas não queria partilhar. Até que um dia houve morte, mesmo, literal, daquela que leva os corpos ao chão, debaixo da terra, para não respirar mais. E quem aqui ficou teve de viver com o cheiro que não havia, os dedos sem graça, a pele que em lado algum se encontrava para tocar. E ficou pesado o encolher de ombros de resignação, de se conformar com o resultado de ter desaparecido antes de tempo, a inevitabilidade de um não poder mais, em oposição a um não poder porque não. E sempre pairava no ar a ideia de que esse não ser e não estar teria sido apenas e só um imenso disparate."
João
Geografia das Curvas

Postalinho de Colombo, Sri Lanka

"O quarto de banho da suite real, onde ficaram o Príncipe Carlos e Camilla. Em nossa casa..."
Daisy Moreirinhas



Sono

30 outubro 2016

Luís Gaspar lê «Se duvidas…» de António Botto

Se duvidas que teu corpo
Possa estremecer comigo –
E sentir
O mesmo amplexo carnal,
– desnuda-o inteiramente,
Deixa-o cair nos meus braços,
E não me fales,
Não digas seja o que for,
Porque o silêncio das almas
Dá mais liberdade
às coisas do amor.

Se o que vês no meu olhar
Ainda é pouco
Para te dar a certeza
Deste desejo sentido,
Pede-me a vida,
Leva-me tudo que eu tenha –
Se tanto for necessário
Para ser compreendido.

António Botto
António Tomás Botto (Concavada, Abrantes, 17 de Agosto de 1897 — Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959) foi um poeta português. A sua obra mais conhecida, e também a mais polémica, é o livro de poesia "Canções" que, pelo seu carácter abertamente homossexual, causou grande agitação nos meios religiosamente conservadores da época.
Ouçam este texto na voz d'ouro de Luís Gaspar, no Estúdio Raposa

«respostas a perguntas inexistentes (352)» - bagaço amarelo

o melhor de dois mundos

O vinho e o Amor são os melhores amigos do Homem. Ambos prometem aquilo que não podem dar: uma vida inteira de paixão e de bebedeira. Não faz mal, porque ambos são capazes de nos fazer acreditar que sim. Com o Amor nos embebedamos e com o vinho nos apaixonamos, acreditando sempre na eternidade dum Amor bêbado, pelo menos até ele acabar.
O fim de um Amor é a sobriedade da vida e estar sóbrio é uma merda. É tornar a acreditar que a felicidade é um luxo a que só nos podemos dar de vez em quando, sempre depois de muita tristeza. Estar sóbrio é aceitar que a injustiça é a normalidade da vida. Assim como trabalhamos muito para ganhar um salário baixo, sofremos muito para ganhar uma felicidade precária.
Os melhores Amantes seriam aqueles que bebem, se não se perdessem na bebida. Os melhores bêbados seriam aqueles que Amam, se não se perdessem no Amor. É por isso que eu peço: Embebedem-se com paixão e apaixonem-se com vinho. É o melhor de dois mundos.


bagaço amarelo
Blog «Não compreendo as mulheres»

PI da companhia das ilhas


Maitena - Condição feminina 51



29 outubro 2016

Eva portuguesa - «Há dias»

Há dias em que precisamos de algo mais do que nada. Algo que nos permita acreditar que aquilo que tanto aguardamos, algum dia chegará. Algo que nos surpreenda. Nem que seja uma luz ténue lá no fundo. Um "aguenta-te que eu já vou". Um "eu estou aqui" despercebido. Um "eu gosto de ti" dissimulado...

Eva
blog Eva portuguesa - porque o prazer não é pecado

«O sortilégio dos pés» - por Rui Felício

Jamais esqueceremos o primeiro amor que perdurou para sempre.
Nem a carícia da espuma do mar nos nossos pés, naquele primeiro beijo.



Rui Felício
Blog Encontro de Gerações
Blog Escrito e Lido

«Ne crains rien! Sa tronçonneuse Stihl l'intéresse plus que nous!…»

«Não tenhas receio. A sua moto-serra Stihl interessa-lhe mais do que nós!»
Cinzeiro triangular francês dos anos 70, de publicidade às moto-serras Stihl.
Já vos disse que adoro publicidade? E publicidade erótica, então... tenho tanta na minha colecção...




A colecção de arte erótica «a funda São» tem:
> 1.900 livros das temáticas do erotismo e da sexualidade, desde o ano de 1664 até aos nossos dias;
> 4.000 objectos diversos (quadros a óleo e acrílico, desenhos originais, gravuras, jogos, mecanismos e segredos, brinquedos, publicidade, artesanato, peças de design, selos, moedas, postais, calendários, antiguidades, estatuetas em diversos materiais e de diversas proveniências, etc.);
> muitas ideias para actividades complementares, loja e merchandising...

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Amor com amor...

Detesto levantar-me e ouvir logo: “Já que estás de pé...”. A próxima vez que alguém bocejar vai levar com um “Já que estás de boca aberta…”

Patife
@FF_Patife no Twitter