depois de ter sido escrito na pele,
demorando-se sobre os cílios
e as curvas lentas dos braços
o poema nasce
de uma aurora de sal
(talvez
saibas, então, da ausência)
e das vidas esgotadas
das flores azuis
que enchem prados anónimos.
o poema poderá nascer das raízes
onde, ocultas, se entranham
as inverdades que, no íntimo,
repetimos aos olhos
e, depois, decalcamos
nos poros sedentos,
onde queremos ver escritas
as palavras
húmidas (talvez
as mais raras), da boca
onde, então, calamos
toda a angústia.
Susana Duarte
Blog Terra de Encanto