Foram as mãos esdrúxulas e graves
Que inventaram palavras agudas
As únicas que sobreviveram
Ao silêncio.
Tinham arestas vivas e gumes no silabar
Que nem a candura do teu olhar
Amaciou.
Na Na estrutura delas só pétreas e frias colunas
De textura rugosa e maciça
Permaneceram.
No pulsar dinâmico e febril dentro do peito
Apenas a morte navegava num périplo
Repetitivo e infinito.
As palavras tinham tronco e membros e alicerces
E raízes intravenosas de sofrimento e de amor
A deslizar entre os dedos.
Se eram mãos pendulares ou não
Não sei.
Mas sei que se ergueram num repentino desabrochar
De cravos rubros e cardos estelares
Numa luminosidade alva e nua
Como um grito um som um sentimento.
«O silêncio e o gume da palavra», 2022
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