12 maio 2024

«O silêncio do olhar» - António F. de Pina

Era manhã ainda e já as aves se anunciavam
Num chilrear eufórico níveo e intocável
Riscavam no azul esquissos ígneos que só eu entendia
Enquanto esperava calado e recostado na minha própria solidão.
Os meus olhos procuraram no vasto horizonte o teu sorriso
Aquela claridade difusa que me faz elevar o pensamento.
Daí o silêncio.
Expectante reparei que trazias os braços abertos
E deparei-me com a ampla luminosidade dos teus olhos
Que estavam humedecidos e envoltos em brandos silêncios
Mas tão penetrantes que me senti paralisado.
E só depois de tantos silêncios enternecidos
Dei os passos esquecidos e abri os braços.

«Na tarde liquefeita dos teus olhos», 2023
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