- Não sei mais palavras para te descrever.
- Inventarás novas palavras, disse ele.
- Para saber mais palavras tenho de fazer novos gestos.
Criá-los. Inventá-los em ti.
Ver como o teu corpo reage e a tua pele responde.
Colher a tua resposta. Sentir-lhe o sabor. Absorvê-la. Descobrir todos os significados que tem.
Só depois poderá ser nome, verbo, palavra.
Só depois poderei escrevê-la.
Antes não.
- Reescreve-me, disse-lhe ele ao ouvido.
Como sempre, à falta de tempo para produção própria e adequada, o OrCa vai-se 'desgarrando' com a Encandescente, enquanto não lhe ferrarem alguma canelada merecida (é ele que o diz):
E os dedos percorreram-no
Traçando termos frementes
Recriados no seu corpo
Face
Tronco
Membros
Sexo
Tons de suave murmúrio
Gritos sem som e trementes
Dentes de aflorar pele
Brandos
Firmes
Perturbantes
Ao desenhar a palavra
Na redenção dos sentidos
Em cada poro desperta.