Ai Manela, as saudades que tenho do Euro! Recordo-me do jogo contra a Holanda em que estive no Alvalade XXI a ver a selecção nacional mostrar tomates e garra, toda eu equipada com uma camisolinha vermelha, de generosíssimo decote e uma saiazinha verde, toda ela preguinhas.
Na euforia do final, do mar de gente e de buzinas acabei por desembocar nas Docas no meio de um grupo de tichartes laranjas que davam para lavar muito bem as vistas e Manela, reparei nuns olhinhos meigos, com jeito de gatinho a pedir festinhas, tipo cereja no topo de um corpo proporcionalmente musculado e realçado por umas nádegas rijas enformadas nuns calções brancos.
Oh Manela, a hospitalidade nacional começou a alastrar toda por mim e desviei o holandês para o Parque da Belavista, a pretexto de lhe mostrar o local onde decorrera o Rock in Rio. O calor dos nossos corpos derretia a ventania e transformava a relva num colchão fresco e macio. Apalpei-o palmo a palmo enquanto ele me vampirizava o pescoço e as orelhas. Mediu-me as laranjas e desceu para sugá-las enquanto eu lhe remexia os cabelos crespos e louros. O holandês foi escorregando cada vez mais e deslizou a sua língua, em linha recta, até ao umbigo e continuou por ali abaixo como uma bola por um relvado. Retribuí descendo do seu pescoço para os seus mamilos, acelerando até ao umbigo para ainda mais veloz lhe absorver a espessura do apito que as minhas mãos seguravam.
Era perfeitamente audível a voz da Nelly Furtado a encher o ar com o «camone mai force, camone mai force». Ele puxou-me para ele e eu saltei-lhe para o colo, para ele finalmente meter golos sucessivos, em grandes penalidades estrategicamente estudadas. Sempre encaixados, agachámo-nos e eu acabei por o atirar para trás, para descansar o dourado dos cabelos na relva verde bandeira, enquanto eu galopava, de cabelos ao vento, à desfilada. As buzinas não paravam nas ruas circundantes e quase juraria que vi fogo de artifício na noite de Lisboa.
E Manela, sabes que me lembrei foi do Astérix entre os Helvécios, já que aquele holandês bom como o milho poderia perfeitamente exclamar «Estes portugueses são doidos! Primeiro, batem-nos; depois, tratam-nos das feridas!».