Episódios destes, tão tristes, são raros, o que tem forçosamente de acentuar a minha desolação
- Então, o que é que a gaja queria?
- Quem ela? A tua amiga que não te topa nem com molho de tomate?
- Sim, claro. O que é que ela te queria? Tantos segredinhos...
- Queres que eu te conte?
- Quero. Quero. Quero.
- Olha, a tua amiga chegou-se a mim e disse: "Apetecia-me tanto encher a banheira, despir-me e ficar deitada lá dentro. Quando sair é o que vou fazer." E sorriu, semi-cerrando os olhos e mordendo os lábio inferior.
- Semi-cerrou os olhos?
- Foi o que eu disse!
- E mordeu o lábio inferior?!
-Não ouviste?
- E tu?!
- Eu fiquei sem palavras... Sem saber se havia de dizer alguma coisa ou não...
- E disseste?!
- Acabei por dizer, "havia de ser bom, muito bom."
- Foi fraco! E ela?
- Ela também achou, fez um bocadinho cara de enjoada mas logo voltou a sorrir, esperou um pouco, aproximou-se de mim...
- Tu 'tavas sentado?
- Estava e ela estava em pé. Aproximou-se de mim, debruçou-se na minha secretária...
- Com aquele decote generoso e sugestivo?
- Com quê?
- O decote generoso e sugestivo?!
- O que é que tu andas a ler?
- Foda-se! Vias-lhe as mamas ou não?
- Posso dizer que as vislumbrava, voluptuosas e sensuais, de forma sugestivamente lúbrica...
- O quê?
- Via qualquer coisa.
- E depois?
- Depois? Depois, nada.
- Nada?! Como é possível? Sempre me saíste um "ganda" totó!... NADA?!
- Nada...
- Mas porquê?! Foda-se, uma cena destas e tu nada. Foda-se, és parvo ou és uma ratazana camuflada?! Foda-se! Nada, porquê?!
- Olha, meu cabrão, porque tu apareceste, não ligaste aos sinais que eu te fiz e que ela também te fez (que eu vi) e ficaste aqui, a dizer parvoíces, piadolas de merda e conversas da treta.
- Foi?
- Vai-te foder! Bardamerda mais a tua parvoíce!
- Quer dizer que já não me pagas o lanche?
- Read my lips: B-A-R-D-A-M-E-R-D-A!
Garfanho