23 maio 2005

O gosto de ti

(ou da arte de saber estar à mesa)

sabes-me ao mosto
que eu gosto
tens o gosto macerado
do vinho novo
que eu provo dos teus lábios
que mordisco
e o teu olhar é um isco
onde quero ser engodo

e percorro o corpo todo
tão oferecido
ou arisco
que me prendo nesse visco
que percorro e que mordisco
ao de leve e saboreio
mesmo ao meio
nesse enleio
desse teu corpo que eu gosto

onde me afundo
tão fundo
que me dás sabor ao mundo
quanto mais fundo o percorro

e gosto tanto do gosto
que me dás do corpo todo
que nele me afundo por gosto
e por gosto o saboreio.

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