Conseguira eu dizer da carne
Do impulso primeiro
Puro, físico, carnal.
Conseguira eu dizer num poema
Corpo vibrante, latejante
Segurá-lo, tomá-lo, dá-lo
Poema e corpo nas tuas mãos.
Conseguira eu que lendo fosses poema
O sentisses, retivesses, aprendesses
E vibrante, latejante o tornasses
Poema e corpo teu.
Conseguira eu despertar o impulso
Puro, primário e primeiro
E sentisses carne lendo palavra
E sentisses corpo, poema, mulher.
Foto: Ewa Brzozowska
E logo vem o Orca com saudades:
"Há que tempos não «esgrimia» com a Encandescente...
eu direi da carne
e sentirei o corpo
eu direi o poema
e sentirei o pulso da palavra dita
e terei do corpo a vontade aflita
de um grito que vibra
e já não retenho o impulso primeiro
primário
proveito que provo de carne
de te querer mulher
conseguira eu dizer-te da carne
o quanto quisera
para te saber
um corpo que sinto
um poema-grito
e afinal mulher."
Mas o Onanistélico não se fica atrás e pimba:
"Pudera eu conseguir-te,
carnal vontade que o instinto animal repousa no teu corpo. Do teu corpo-poema retiro o gostar de ler-nos, escrevo-me-te, em ti, com o primitivo ser, sentido-te.
Pudera ter um livro de ti."
O Charlie também se vem:
"Agradecimento à Encandescente
Encandescente, mulher poema
Mulher carne da cor do sonho.
Leio-te a alma leio-te o ser.
Leio-te como se fosse eu mulher.
E sabendo-me assim por dentro.
Mulher por mera suposição
Sou mais homem mais poema,
Mais encontro a Mulher quando amo."
O Ferralho remata:
"Gostava de te ler na flor da pele
A poesia dos sentidos exaltados
Escrita na tua carne incandescente
Por mim, poema teu,
Corpo almejado
Emudecendo dizer-te cada palavra
Declamando no teu corpo incendiado
As estrofes inscritas a desejo
Nesse poema, mulher
E corpo teu"