Pôs-lhe a língua no ânus e rodou-a, introduziu e tirou; ele de cara na almofada, não sabia se havia de sorrir porque estava a gostar, se gritar, por estar a gostar; gritava um abafado pára, que só a almofada ouvia, e estremecia involuntariamente de prazer. Prazer vicioso, arrependido, culpado. A sua masculinidade estava em jogo, pensava, mas não conseguia deixar de gostar, deixar de querer. A língua dela rodava, acariciava, lambia. Lambia-o e ele enfiava a cara na almofada, pensando que foi assim que a Alemanha perdeu a guerra, que os paneleiros gostam, mas que aquele era o seu corpo e não devia nada a ninguém. Ele era ele e, se gostava, só consigo se tinha de haver. Só consigo tinha de lutar, se fosse esse o caso, o que ainda não decidira. Sentiu-a afastar-se e voltar ao normal e repetitivo broche, aos movimentos ritmados, à mão nos colhões, apertando-os, movendo-os, acariciando-os, e sentiu-se novamente em terreno seguro, em posição de macho, em respeito pela boa tradição.