18 julho 2006
ÚLTIMO DIA - O FIM DA FESTA!
Para o encerramento, deixaram-se ficar os que não tinham a certeza se queriam ir, os mais tímidos até que a oportunidade se esvaísse, os que não tinham mais nada que fazer e, claro, os que planearam mesmo que iam no domingo...
Foi um público algo diferente - sábado foi o grande dia.
Ainda assim, encheu, mas não tanto como na véspera.
Talvez por isso, os espectáculos também foram mais curtos e espaçados.
A luta na lama fez hoje apenas dois shows. Devo dizer que fiquei desiludido... o espaço terá sido difícil de montar, razão porque desistiram em 2005, concordo, mas aquilo não era lama nem nada, era pouco mais que água suja cheia de bocadinhos de espuma de borracha para dar consistência (...)
...e a luta era tudo menos aquilo que se vê nos filmes. Mesmo assim, conseguiram uns voluntários para participar na coisa.
Fracasso assumido foram os "touros mecânicos", no caso uma figura de mulher preparada para a "canzana", e um rapagão com um falo que nem a Sonia Baby...
Estiveram os quatro dias quase a tempo inteiro sem clientes - lá apareceu um gajinho ou um gajinha que se aventuraram, mas foram raros. Uma hora antes do encerramento já estavam desmontados.
O rapaz das massagens, que não tinha podido vir nos primeiros dois dias e emprestou o stand à equipa da pintura corporal, ocupou o espaço durante o fim de semana, de modo que não houve mais pinturas a passear-se pela feira... pena, que tinha sido bonito e bem aceite...
Mas o stand não esteve às moscas, houve clientes para a massagem.
Também houve clientes para os "privados" e o porta-voz da Megasex/HotGold disse-me que fizeram alguns para senhoras (eles tinham um tal de Gaúcho que elas até passavam a língua pelos bêços quando olhavam para ele)!
Finalmente, apareceram travestis... em 2005 houve muitos mais, todos os dias...
Este foi também o dia dos "estilos alternativos" - para além do pessoal que assistiu ao lançamento da "Dominium" na 6ª feira, não houve nenhuma enchente no stand do Clube Bizarre, mas hoje sim, visitantes com o seu trajar identificativo andaram por lá, interessados e conversadores.
(conversadora não estava a anfitriã do espaço, que se baldou à entrevista, mas estava lá um rapaz espanhol que me contou tudo)
Também fiquei a saber que a banda desenhada, erótica e não só, está de muito boa saúde em Portugal.
Podem ter sido menos pessoas, mas julgo que hoje as compras dispararam... para os expositores, foi um bom negócio.
Ao todo, visitaram o Salão cerca de 40.000 pessoas, algo como 15% de aumento sobre os números do ano passado.
Acredita-se que o grande boom vá ser 2007, com muita coisa nova, tanto em termos de ousadia como das artes ligadas ao erotismo, este ano timidamente a espreitar mas ainda sem grande peso no certame.
A vossa Funda São lá estará! Prometido!
Já se fala em encontrar uma portuguesinha que encerre a sessão de poesia erótica de 6ª feira introduzindo na vagina 23 poemas de autores portugueses - e, se tiver êxito, no dia seguinte, que será sábado, tentará bater o record subindo para os 30, com a adição de poetas consagrados da lusa cultura, que já não podem assistir ao evento...
Os autores portugueses presentes receberão depois, cada um, a folhinha com o seu poema que, então, será ainda mais um poema carregado de erotismo.
Para 2007, prevê-se uma programação em que o público seja mais participativo, de uma forma que dispense convite e os próprios visitantes se sintam compelidos em fazer também o colorido da festa... surpresas!
Nas artes, o lançamento do livro de Ana Lopes "Trabalhadores do Sexo, Uni-vos" deverá ser um dos pontos altos, dada a actualidade e interesse do tema - os direitos dos trabalhadores do sexo - a polémica que já se gera à volta das teses da autora e o facto de ser lançado simultaneamente em vários países e em várias línguas.
De um modo geral, para tentar resumir a impressão global que nos fica da passagem por Lisboa deste evento, direi que foi uma interessante alternativa ao que por cá já se vê, entre concertos e congressos, espectáculos e exposições.
Foi diferente da rotina, importante pelo que de humano interesse mostrou despertar, nada polémico, completamente pacífico e muito bem enquadrado num povo e numa sociedade que se mostra moderna e civilizada, neste jardim à beira-mar plantado.
Como evento social, ficou-me uma recordação viva de uma coisa que reparei, em cada um dos quatro dias do Salão: as portugusesas são bonitas, sabem que são, e arranjaram-se para que isso se visse!
Não de uma forma espalhafatosa, pelo contrário até bem discreta, mas claramente sensual, nada como o que usam para ir ao cinema ou até mesmo à discoteca!
Vi centenas de mulheres bonitas, interessantes, sem nenhum recurso ao silicone ou à tinta cosmética, mas que sabiam mostrar a beleza mais adivinhada que exposta de corpos ávidos de vida, com serenos olhares carregados daquela sensualidade que só as portuguesas sabem vestir, meio escondida, velada mesmo, mas quente e exuberante, anímica, interior, pronta a explodir...
...e porque nem toda a pornografia é pornográfica, nem todo o erotismo é explicitamente sexual, não quero deixar de partilhar convosco um pequeno conto que hoje positivamente me "inundou" e ilustra bem a riqueza de pode encontrar-se onde menos se espera, da forma que menos se espera... se souber estar-se atento e receptivo...
Trata-se de "A Bela Livreira - breve crónica de um dia na Feira do Sexo,", por Valmont, que me chegou das mãos de uma das maravilhosas personagens da aFundaSão, a LolaViola. (obrigado, Lola).
Muita coisa ficou por dizer, como seria inevitável, mas outros temas e muitos pormenores irão aparecendo na secção de "Artigos", para quem quiser entrar em detalhes e cuscar mais coisas deste Salão a que carinhosamente chamamos
...e foi mesmo, uma ExpoFoda, para muita gente, que deve andar fodida por não ter tido razão nos seus agouros moralistas... que foda, não houve escândalos, que foda, ninguém se portou mal, que foda, ninguém se queixou, mas que foda, ninguém, afinal, disse mal daquilo! Que foda, vamos ter que levar com a puta da feira outra vez pró ano...!
Pois é, é uma foda quando alguém quer discutir o direito dos outros aos seus gostos e preferências!
Não esqueçam: a liberdade de cada um acaba onde começa a do próximo!
Venha 2007... que nós prometemos vir-nos também!...
Pedro Laranjeira
17 julho 2006
A Bela Livreira
by Valmont
Latex, vinil, silicone e polipropileno preenchiam o proclamadíssimo Salão Internacional Erótico de Lisboa reverberando nos empreendedores, chulos, voyeurs, repórteres digitais, cabrochas brasileiras e putanas espanholas um brilho fanqueiro de desejo prometido, de incomparável volúpia, de narcisismos dominadores, enfim de um pretenso glamour eroticocêntrico.
Enfastiado por tanto produto chinês, banha da cobra espanhola e pontapé no português, refugiei-me em local seguro, rodeado dos amigos de sempre, na minúscula ilha-stand da Editora Europa-América, que naquele locus infectus prometia algum descanso, bom senso e bom gosto consultando a fantástica colecção de Clássicos Eróticos.
Do lado de lá do improvisado balcão, uma donzela de ar reservado acolhia com candura no prudente gesto os visitantes, bastas vezes bestas alarves e ululantes.
Um obeso tatuado bramia a meu lado “Estes livros são só palavras, nem uma foto têm”, arremessando um exemplar do “Turco devasso” de novo para o escaparate. Ela sorriu e baixou-se para apanhar o livro, deixando antever uma curva do generoso seio. Devagar, recolocou o livro vilipendiado na prateleira, distante uns metros.
Então reparei que estava descalça, as sandálias altas e finas dormiam junto à banca. Aqueles passos gráceis e breves supunham uma gentileza e sensibilidade anacrónicas naquele antro.
Adentrei-me irresistivelmente naquele espaço, indagando isto e aquilo desta e da outra obra, e a formosa fêmea a tudo respondeu com diligência, doçura e simpatia, enquanto mirava de soslaio o strip no stand vizinho.
Acabei por escolher dois volumes, que mereceram a aprovação da semi diva, que murmurou com um sorriso cúmplice, ao dar-me o saco: “Terá mais gozo nestes dois livros, seus e em sua casa, do que com 10 daqueles videoclips ali do lado”, apontando com o queixo para as stripers do Cat’s.
Sorri, e disse: Pode crer, bela Leonor, pode crer….E abalei, animado com a única erecção da noite, dedicada à sensualíssima livreira, a única que não estava à venda, e que, provavelmente, mais teria para dar de si a quem escolhesse entregar-se.
O SMS duma insónia...
Toda a vida lhe passava frente aos olhos.
As etapas vencidas, as dificuldades ultrapassadas. O descanso do guerreiro e finalmente a desilusão da vida perdida num projecto de vida esgotado.
Desde há quase um ano que descobrira sem esperar o sentido do seu existir.
Implicava um recomeçar, uma escolha.
O assumir daquela relação que começara desde o primeiro instante como uma revelação. Desejada e sonhada.
Chegara-lhe assim sem esperar, madura, pronta a colher.
Uma dádiva divina.
Era o melhor que lhe poderia ter acontecido,
e ele entregou toda sua alma aquela mulher
simplesmente extraordinária.
Olhou para ela deitada, suavemente iluminada pela luz fraca da lua que entrava pelas persianas. Um livro há muito lido e relido, interpretado vezes sem fim, sem mensagem, sem futuro, sem nada, só lágrimas e vazio.
Vestiu-se.
Teria de ir ter com o amor da sua vida nesse mesmo instante
Pegou no telemóvel, e marcou o número...Mandou-lhe um beijo.
Em seguida escreveu: - Vou ter contigo agora e para sempre...-
Ela acordou: - Onde vais?-
Olhou-a. Essa que lhe fizera as noites e os dias agora esvaziados e esgotados....cobardemente apagou a mensagem final.
Respondeu...Ainda não é desta......
E afogou o resto da noite na miséria das almas que receiam seguir o coração.
CISTERNA da Gotinha
Pastelaria erótica: enviado pela Lamatadora.
Sexo oral: divulguem por quem tenha vontade de aprender! É só pedagogia...
Rumbergart: enviado pela Mad
Galeria de fotografia de Gabriele Rigon: sugestão do MN
A escola do Pedro Laranjeira está a dar frutos (e não São laranjas)
Primeiro, selecciona o que queres que lhe tape o pirilau (sim, sim , se fosse o Pedro Laranjeira aquilo tudo abanava, tudo arejava...)
Para jogares, com as setas orienta-lo e com as teclas 1 a 9 põe-no a executar acrobacias.
Trampolinista nudista
16 julho 2006
Dedos malandrecos
Mas não resisti a convencer o José Nunes, do blog Foram-se os Anéis a pôr também aqui, no blog porcalhoto, as suas dedadas.
Mais Fodarte dedicada à ExpoFoda
3º DIA - FIM DE SEMANA, A ENCHENTE
Ah, muito interessante, as pessoas sorriem-se mutuamente, sem se conhecerem! Não, não é nenhum sorriso de cumplicidade, é mesmo aquele sorriso de simpatia, cândido e fácil!
Parecem donos de jeep que se encontram no mato ou nudistas na praia, uma espécie de família... havia algo que unia esta gente: era como se estivessem todos a fazer uma coisa rara, invulgar, com a naturalidade de quem a faz todos os dias!
Mas já se disse e repetiu isso... tamos conversados!
O mesmo em relação à divisão por espécies... casais na vanguarda, o resto tudo equilibrado!
Portanto, falemos do que havia por lá.
Muita novidade, hoje - um dia interessante, variado, divertido também!
Foi o caso do "casting" para actores pornográficos, que começou com sete concorrentes e acabou com um candidato a estrela da Private, Fábio Vicente (no meio, na foto em baixo).
No entanto, quem deu show foi o último concorrente a subir ao palco, de quem Dunia Montenegro disse sempre que era o pau mais duro... e lá foi batendo uma dentro do calçanito, até que chegou mesmo a dizer
No palco da Melany Moore, Mr. Rich levou uma espectadora para o tablado, que se portou muito bem, dançou, mexeu e colaborou. Pouco depois, o namorado teve que deixar de tirar fotos, porque o outro achou que aquilo não estava rich que chegasse e foi buscá-lo também... lá estiveram a fingir que davam uma a três... com o namorado por baixo...
O momento da noite foi o novo record da Sonia Baby... 23 metros, desta vez!
Sim, é isso, tudo dentro da cona, argolinha a argolinha (olha se fossem argolonas... rimava melhor mas não cabia).
Gostava de fazer um comentário qualquer sobre o evento, mas fiquei com as ideias um bocado baralhadas, de modo que fui entrevistar a moça e perguntei-lhe "porquê" (eu estava curioso)... ela disse que gostava de se ultrapassar a si própria e disse mais um monte de coisas interessantes: se eu tiver vergonha, um destes dias, ponho aqui a entrevista, que gravei tudo.
No fim, agarrou-se ao je para uma FOTO: se eu não tiver vergonha, um destes dias, ponho aqui... mas não acredito!...
Deve ter sido para ser charmosa com o meu cabelo já quase todo branquito, mas disse que se podia fazer filmes pornográficos até qualquer idade... "- 50 anos!" afirmou cheia de convicção, como se fosse uma grande coisa!!!...
Estas pitas!...
O Roberto Chivas, então, disse-me que um gajo pode fazer filmes muitos anos, mas as gajas raramente duram mais de cinco... Não se pode ser gaja, porra!
Houve shows de tudo, continuamente, em todo o lado, sempre com a participação do público, que lá nisso é verdade que os portugas não são nada acanhados... e sempre aproveitaram para ir apalpando umas febras com pedigree - eles e elas, ora pois! À fartazana!
Até para sado-masoquismo não foi difícil achar quem quisesse ir lá levar porrada... com meiguice, claro, que a maior parte daquilo é mais a fingir que ao sério (refiro-me à vida real, também) - mas também há "os outros", há sim senhor, e têm todo o direito, pois claro!... Agora, até têm a "Dominium", lançada ontem!
As vendas estiveram em alta e havia stands, como foi o caso da Erosfarma, que até parecia deitar fumo...
Quis entrevistar a Alice Sousa, que é a pioneira a ter aberto o primeiro Sex-Shop na história deste país outrora envergonhado, e não foi possível, teve que ficar para amanhã...
O rapaz das tatuagens esteve ocupado o dia todo - todinho! Tatuáveis (ora tatuados) homens e mulheres, tudo gente jovem.
Não faltaram clientes para a massagem, mas achei melhor não ir lá espreitar para vos poder contar mais... e também, francamente, não têm nada com isso!
Nota mais no evento: o Gabinete de Imprensa. Qualquer coisa que se precise, é um arregaçar de mangas que até nos perguntamos que país é este - depois lembramos-nos que não, não é a feira de Barcelona, é a de Lisboa, e fica-se a pensar que apesar dos governos que temos tido, talvez se salve qualquer coisa...
Nota menos, inevitável mas muito incómodo: o ruído! O nível de barulho às tantas chega aos ossos - podia atenuar-se com um tratamento acústico às paredes, mas já sei, não passaria pela cabeça de ninguém!... Paciência, há sítios piores.
Agora, nota mais, ainda mais que a do Gabinete de Imprensa, é o POVO - os portugueses e as portuguesas!
Não há hooligans, gatunos, atrevidos, abusadores... andam por lá polícias, mas quase não se vêm e parece que estão de férias - por ali se passeiam tranquilamente a conversar, sem nada que fazer... e se querem que vos diga, não há nada mais bonito num polícia que vê-lo sem nada que fazer!
Pois é, os tugas acorreram em massa e portam-se bem!
Quem é que disse que isto era uma coisa polémica?!
Tretas!
Fodam mais, ou batam mais à punheta, ou lá o que é que cada gosta mais de fazer, e deixem-se de moralismos!
Isto ainda é o país do Vasco da Gama!
Há montes de taveirices, que nós não somos de modas, mas continuamos a ter na genética o mesmo que Camões tinha... e esse então, que gostava pouco de foder...