Aprecia as imagens da ExpoFoda
Ao Pedro Laranjeira, decidi por unanimidade (esta é muito boa) atribuir a Funda Medalha de Mérito (que tem as mesmas forma, aplicação e funcionalidade dos saudosos - quem ainda se lembra? - botões de cu).
Para o encerramento, deixaram-se ficar os que não tinham a certeza se queriam ir, os mais tímidos até que a oportunidade se esvaísse, os que não tinham mais nada que fazer e, claro, os que planearam mesmo que iam no domingo...
Foi um público algo diferente - sábado foi o grande dia.
Ainda assim, encheu, mas não tanto como na véspera.
Talvez por isso, os espectáculos também foram mais curtos e espaçados.
A luta na lama fez hoje apenas dois shows. Devo dizer que fiquei desiludido... o espaço terá sido difícil de montar, razão porque desistiram em 2005, concordo, mas aquilo não era lama nem nada, era pouco mais que água suja cheia de bocadinhos de espuma de borracha para dar consistência (...)
...e a luta era tudo menos aquilo que se vê nos filmes. Mesmo assim, conseguiram uns voluntários para participar na coisa.
Fracasso assumido foram os "touros mecânicos", no caso uma figura de mulher preparada para a "canzana", e um rapagão com um falo que nem a Sonia Baby...
Estiveram os quatro dias quase a tempo inteiro sem clientes - lá apareceu um gajinho ou um gajinha que se aventuraram, mas foram raros. Uma hora antes do encerramento já estavam desmontados.
O rapaz das massagens, que não tinha podido vir nos primeiros dois dias e emprestou o stand à equipa da pintura corporal, ocupou o espaço durante o fim de semana, de modo que não houve mais pinturas a passear-se pela feira... pena, que tinha sido bonito e bem aceite...
Mas o stand não esteve às moscas, houve clientes para a massagem.
Também houve clientes para os "privados" e o porta-voz da Megasex/HotGold disse-me que fizeram alguns para senhoras (eles tinham um tal de Gaúcho que elas até passavam a língua pelos bêços quando olhavam para ele)!
Finalmente, apareceram travestis... em 2005 houve muitos mais, todos os dias...
Este foi também o dia dos "estilos alternativos" - para além do pessoal que assistiu ao lançamento da "Dominium" na 6ª feira, não houve nenhuma enchente no stand do Clube Bizarre, mas hoje sim, visitantes com o seu trajar identificativo andaram por lá, interessados e conversadores.
(conversadora não estava a anfitriã do espaço, que se baldou à entrevista, mas estava lá um rapaz espanhol que me contou tudo)
Também fiquei a saber que a banda desenhada, erótica e não só, está de muito boa saúde em Portugal.
Podem ter sido menos pessoas, mas julgo que hoje as compras dispararam... para os expositores, foi um bom negócio.
Ao todo, visitaram o Salão cerca de 40.000 pessoas, algo como 15% de aumento sobre os números do ano passado.
Acredita-se que o grande boom vá ser 2007, com muita coisa nova, tanto em termos de ousadia como das artes ligadas ao erotismo, este ano timidamente a espreitar mas ainda sem grande peso no certame.
A vossa Funda São lá estará! Prometido!
Já se fala em encontrar uma portuguesinha que encerre a sessão de poesia erótica de 6ª feira introduzindo na vagina 23 poemas de autores portugueses - e, se tiver êxito, no dia seguinte, que será sábado, tentará bater o record subindo para os 30, com a adição de poetas consagrados da lusa cultura, que já não podem assistir ao evento...
Os autores portugueses presentes receberão depois, cada um, a folhinha com o seu poema que, então, será ainda mais um poema carregado de erotismo.
Para 2007, prevê-se uma programação em que o público seja mais participativo, de uma forma que dispense convite e os próprios visitantes se sintam compelidos em fazer também o colorido da festa... surpresas!
Nas artes, o lançamento do livro de Ana Lopes "Trabalhadores do Sexo, Uni-vos" deverá ser um dos pontos altos, dada a actualidade e interesse do tema - os direitos dos trabalhadores do sexo - a polémica que já se gera à volta das teses da autora e o facto de ser lançado simultaneamente em vários países e em várias línguas.
De um modo geral, para tentar resumir a impressão global que nos fica da passagem por Lisboa deste evento, direi que foi uma interessante alternativa ao que por cá já se vê, entre concertos e congressos, espectáculos e exposições.
Foi diferente da rotina, importante pelo que de humano interesse mostrou despertar, nada polémico, completamente pacífico e muito bem enquadrado num povo e numa sociedade que se mostra moderna e civilizada, neste jardim à beira-mar plantado.
Como evento social, ficou-me uma recordação viva de uma coisa que reparei, em cada um dos quatro dias do Salão: as portugusesas são bonitas, sabem que são, e arranjaram-se para que isso se visse!
Não de uma forma espalhafatosa, pelo contrário até bem discreta, mas claramente sensual, nada como o que usam para ir ao cinema ou até mesmo à discoteca!
Vi centenas de mulheres bonitas, interessantes, sem nenhum recurso ao silicone ou à tinta cosmética, mas que sabiam mostrar a beleza mais adivinhada que exposta de corpos ávidos de vida, com serenos olhares carregados daquela sensualidade que só as portuguesas sabem vestir, meio escondida, velada mesmo, mas quente e exuberante, anímica, interior, pronta a explodir...
...e porque nem toda a pornografia é pornográfica, nem todo o erotismo é explicitamente sexual, não quero deixar de partilhar convosco um pequeno conto que hoje positivamente me "inundou" e ilustra bem a riqueza de pode encontrar-se onde menos se espera, da forma que menos se espera... se souber estar-se atento e receptivo...
Trata-se de "A Bela Livreira - breve crónica de um dia na Feira do Sexo,", por Valmont, que me chegou das mãos de uma das maravilhosas personagens da aFundaSão, a LolaViola. (obrigado, Lola).
Muita coisa ficou por dizer, como seria inevitável, mas outros temas e muitos pormenores irão aparecendo na secção de "Artigos", para quem quiser entrar em detalhes e cuscar mais coisas deste Salão a que carinhosamente chamamos
...e foi mesmo, uma ExpoFoda, para muita gente, que deve andar fodida por não ter tido razão nos seus agouros moralistas... que foda, não houve escândalos, que foda, ninguém se portou mal, que foda, ninguém se queixou, mas que foda, ninguém, afinal, disse mal daquilo! Que foda, vamos ter que levar com a puta da feira outra vez pró ano...!
Pois é, é uma foda quando alguém quer discutir o direito dos outros aos seus gostos e preferências!
Não esqueçam: a liberdade de cada um acaba onde começa a do próximo!
Venha 2007... que nós prometemos vir-nos também!...
Pedro Laranjeira